sexta-feira, 17 de outubro de 2025

XINTOISMO. Parte VII. CONCLUSÃO

Xintoísmo. Bushidor. Br. XINTOÍSMO. Parte VII. Conclusão. O Japão não foi cristianizado como os povos do Ocidente, não conheceu os saberes da civilização greco-romana, nem o Renascimento. Não se aproveitou do desenvolvimento trazido pela tecnologia das revoluções industriais dos séculos XVIII e XIX até a abertura da Era Meiji. Não participou das expedições de conquista ultramarinas empreendidas pelos países europeus a partir do século XV. Desconhecia até pouco mais de um século e meio, o que na Idade Média era conhecida como universitas – centro de pesquisa e conhecimento, embrião das universidades de hoje. Não viveu as grandes agitações da civilização, como a queda do Império Romano e as grandes invasões, as cruzadas e guerras religiosas, nem a Reforma e a Contrarreforma. Desconheceu também as conquistas da Revolução Burguesa e até a menos de um século e meio, ainda vivia no feudalismo, quando o Ocidente o expurgara da sua cartilha política havia quase cem anos. O isolamento de mais de dois séculos a que se submeteu sob o regime dos xoguns - facilitado pelo isolamento geográfico - contribuiu para assentar e reforçar o caráter e pensamento do povo japonês. Ao nativo xintoísmo, da excelência do homem e plena liberdade de crença, vieram juntar-se ideários forâneos que o enriqueceu. Dando-lhe agora as regras morais da convivência social pelo confucionismo e o conforto da vida pós-morte ensinado pelo budismo. O japonês que tinha o passado glorificado pela mitologia, tem no presente os mandamentos éticos do confucionismo e no futuro, a garantia da salvação pelos caminhos do budismo. Passado, presente e futuro complementam-se então na psique do povo, sem que os ensinamentos divirjam; antes, harmonizam-se e influenciam-se mutuamente, emprestando às vezes ensinamentos um ao outro. O príncipe Shotoku no século VI, de lendária sabedoria, ao incentivar a difusão do budismo em terras japonesas, deve ter percebido a harmonia e a complementaridade dos ensinamentos. Para o cumprimento dessa tarefa, o Japão trouxe também a escrita da China, ensinada por ordem do príncipe regente, para suporte do ensino do budismo. Foi então um tríplice acréscimo cultural: o budismo, o confucionismo e a escrita. Além da ampla cultura, que veio anexada inevitavelmente no bojo desse processo, o Japão moldou sua arte, literatura, sistema político e a organização social sob essa forte influência. O Japão não foi berço de nenhum patriarca religioso nem terra de revelações divinas - característica das modernas religiões - e a despeito de possuir uma religião panteísta, pagã, tida por alguns como antiquada, primitiva, selvagem, ainda no estágio pré-antropomórfico e pré-monoteísta, anterior à fase do desenvolvimento das religiões, ao japonês, essa "estagnação na fase primitiva" e falta de "desenvolvimento e modernização", parecem não fazer diferença na prática de sua fé. Ao xintoísmo de caráter absolutamente livre, juntou-se o budismo, religião ateia, não catequizadora, cuja salvação se dá pelo conhecimento e não pela intermediação de entidade espiritual, reforçando no caráter desse povo, a ideia da não-dependência, de liberdade com responsabilidade na busca da salvação, que é sempre individual, ou seja, não há intermediação de pessoa viva ou morta. Ao mesmo tempo o confucionismo lhe ensinava a prevalência do coletivo em detrimento do indivíduo, acentuando a responsabilidade para com o próximo tal qual lhe ensinava o xintoísmo. As estatísticas mostram a liberdade de afirmação religiosa. Em 1994 para uma população de 125 milhões de pessoas, pouco menos da de hoje (127 milhões), havia 115 milhões de xintoístas, 9 milhões de budistas, 1,5 milhão de cristãos e 11 milhões de outras religiões. Cuja soma supera em 90 milhões o número de habitantes, o que revela inclusividade, aceitação de permissiva multiplicidade da prática da fé em várias religiões (Matsumoto Shigeru in TAMARU et alii, op. cit., p. 14). Xintoísmo e budismo se aproximaram, se distanciaram e disputaram poder político, mas nunca digladiaram sobre questões doutrinárias. Pelo contrário, tentou-se até uma unificação, que se chamou genericamente às suas várias seitas de Ryobu-shintô (HERBERT, 1967a, p. 133). O território exíguo de 370 km², espalhado em mais de 4 mil ilhas, 70% ocupado por florestas montanhescas, de subsolo pobre, geologicamente instável, sujeito a terremotos, vulcões ativos, furacões, chuvas torrenciais e tsunamis, sempre foi extremamente rude à vida e parco em recursos aos habitantes. Embora dotada de rara beleza natural que os nativos tratam com muito apreço, não oferece nenhuma facilidade nem qualquer riqueza ao seu povo, a não ser aquelas que ele constrói por si. Mas o xintoísmo ensina ao japonês que aquela terra foi criada por deuses e ali nasceram seus deuses e sua gente, chamando-a então, "Terra dos deuses" (Atsutane Hirata apud in LITTLETON, op. cit., p. 34). E no fundo de sua alma, o japonês segue acreditando ter sido beneficiado por uma dádiva - poder morar numa terra divina, no paraíso digno de ser berço de deuses -, chamando-a ainda "o País dos Santos Espíritos", "a Terra da Grande Paz" (GRIFFIS, op. cit., p. 72). Não há possivelmente no mundo, nenhum outro povo e sua terra que sejam tão próximos e tão familiares um do outro, como constata Griffis, cuja simplicidade no temperamento é o mesmo de dez séculos atrás (ibidem p. 69). Muitas vezes estranha e mesmo antípoda às crenças das modernas religiões,  a doutrinária, anômica, a força da mitologia xintô espalha-se por todo o Japão, modelando desde o nascimento, como uma cicatriz congênita, a personalidade desse povo. A singularidade de formar, sem ensinar; de ensinar, sem falar; de falar, sem dizer; e de sentir, sem compreender, possivelmente é o que nutre o mito e a longevidade e faz estudiosos - muitos, estrangeiros -, se debruçarem sobre os livros que tratam deste e de outros assuntos da cultura japonesa, fortemente enformada pelo Xintô. Por vezes, se simpatizar, como Lévi-Strauss, antropólogo e professor da Usp nos seus primórdios (BARROS, op. cit., p. 129). Simples, mais apreendido na convivência do que entendido, os princípios morais do Xintô bimilenário deram ao nipônico profunda fé, respeito e crença na excelência do homem como produto de origem e da vontade divinas. Fé, entendida como Fromm a descreve, não apenas como "crença em algo, mas a qualidade 40 .de certeza e firmeza que nossas convicções possuem; ... [como] traço de caráter que embebe toda a personalidade" (FROMM, 1990, p. 144). A nação pós-Era Meiji sofreu grande influência da cultura e dos conhecimentos do Ocidente, mas não ofuscou os princípios éticos e consuetudinários de seu nativo xintoísmo: sua teogonia é fonte que alimenta a alma do povo, dotado de "extraordinária vitalidade", como diz R. A. B. Ponson-by Fane (apud in HERBERT, 1964, p. 25). É o que fez o xintoísmo nos últimos dois milênios:  fez o nipônico amar sua terra e sua gente, traçou um ideal ético amplo, não especificado, não legislado, não imposto, mas consensualmente tido como a matriz ética do convívio social e do amor à Natureza. Está presente em todos os aspectos do quotidiano, possibilitando ao nativo a realização de suas potencialidades de socialização, o fortalecimento de sua integridade pessoal e sua capacidade de amar. Uma sociedade que trilha o Caminho, resume o ideal do Xintô. "Mens sana in corpore sano" (mente sã em corpo são), diziam os romanos traçando seu homem ideal. "Homo sanus in communitate sana" (homem são em comunidade sã), é o que parece sugerir, sem dizer, o Xintô. GLOSSÁRIO Ainu: nativos do Japão, também chamados Ebisu (bárbaros). De acordo com o último censo, são cerca de 18 mil concentrando-se na Ilha de Ezo. Bugaku: É a dança nativa do gagaku desempenhada por uma corte em ocasiões festivas acompanhada de músicas muito antigas.  Daimyô : (lit grande nome) - Nobre, senhor feudal, possuidor de grandes domínios de terras chamados myôden. Dohyô : Arena circular sobre terra batida destinada à luta de sumô. Gagaku: música e dança clássica nativa apreciada na corte imperial, cujo repertório foi trazido da China, Coreia e do sudeste asiático. Gohei: Pequenas tiras sagradas de papel branco utilizadas pelo monge xintoísta nas orações e ritos de purificação. É também utilizado para invocar deuses e repelir desgraças em ritos de exorcismo. Kagura: Dança e música do Xintô. Considerados sagrados, de origem antiga, ainda hoje são apresentados nos santuários xintô em festivais por jovens donzelas que pedem por boas colheitas. Segundo a mitologia, sua origem deve-se à deusa Ameno-Uzume-no41 .mikoto que dançou alegremente para atrair a deusa Amaterasu para fora da caverna onde havia se recolhido. Kanpaku: Principal conselheiro do Imperador encarregado de representá-lo e transmitir sua palavra em encontros importantes. Era o intermediário entre o Imperador e membros do governo. Na prática era o regente geral, o que exercia de fato o poder. Mikoshi: Andor, santuário portátil. Considera-se que a divindade repousa no seu interior durante as festividades, quando é carregada pelas ruas. Seu divino poder purificador protege dos maus espíritos e abençoa o ambiente por onde passa. Shogun: (lit enviado para combate aos bárbaros) - Termo abreviado do original Sei-itaishogun (comandante em chefe de combate aos bárbaros), aportuguesado para xogum. O título concedido pelo Imperador Gotoba era hereditário aos descendentes de Yoritomo Minamoto, considerado de fato o primeiro xogun, embora o título tivesse sido concedido no ano 720 a Tajihi no Agatamori pelo imperador Gotoba. Oda Nobunaga (1534-1582) era descendente dos Taira e Toyotomi Hideyoshi era plebeu, razão por que não obtiveram o título de xogum. 


Referência bibliográfica PAPINOT, E. Historical and geographical dictionary of Japan. Tokyo: Charles E. Tuttle Company, 1984. YAMAGUCHI, Momoo et alii. A cultural dictionary of Japan. Tokyo: Kenkyusha Printing Co, 1986. BIBLIOGRAFIA ASTON, W. G. Nihongi. Tokyo: Charles E. Tuttle Company, 1990. BARROS, Benedicto F. Japão Harmonia dos contrários. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988 BRILLANT, Maurice; AIGRAIN, René. Histoire des religions II. Paris: Boud&Gay, 1954. DURANT, Will. História da Civilização. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1942. ENSHO, Shigetsu - o dedo que aponta a lua. Porto Alegre: Bodigaya, 2011. FROMM, Erich. A arte de amar. Belo Horizonte: Itatiaia, 1990. FROMM, Erich et alii. Zen-budismo e Psicanálise. São Paulo: Cultrix, 1970. FUJISAWA, Dr. Chikao. Zen and Shinto. New York: Philosophical library, 1959. 42 .GRIFFIS, William Elliot. The Kojiki and its teachings. Kessinger publishing, 1895. HEARN, Lafcadio. Japan: an interpretation. Tokyo: Charles E Tuttle company.  1984. HERBERT, Jean. Dieux et Sectes Populaires du Japon. Paris: Albin Michel, 1967a   __________, Jean. Shintô The Fountainhead of Japan. New York: Stein and Day, 1967b. _________. Jean. Aux sources du Japon le Shintô. Paris: Albin-Michel, 1964. _________ . Les dieux nationaux du Japon. Paris: Albin-Michel, 1965. __________. La comogonie japonaise. Paris: Dervy-Livres,1977. HITCHCOCK, Romyn. Shinto or the Mythology of the Japanese. United Kingdom:Lightning Source UK Ltd, 1893. JUNG, Carl Gustav. Psicologia e Religião. Rio de Janeiro:Zahar, 1965. KAWAI, Hayao. Nippon shinwa to kokoro no kouzo. Tokyo: Iwanami shoten, 2009 LITTLETON, C. Scott. Understanding Shinto. London: Duncan Baird Publishers, 2002. ________ . C. Scott. The sacred east. London: Duncan Baird Publishers, 2003. MOORE, Charles. The japanese mind. Hawaii: University Press, 1975 MORAES, Wenceslau de. Relance da alma japoneza. Lisboa: Bertrand, circa 1926. MORTON, William Scott. Japan its history and culture. New York: McGraw-Hill, 1984. ONO, Dr Sokyo. Shinto – the kami way. Tokyo: Charles E. Tuttle Company,1990. OSHIMA, Hitoshi. O pensamento japonês. São Paulo: Escuta, 1992. PORTO EDITORA. Dicionário latim-português português-latim. Porto: Porto, 2008 ROCHEDIEU, Edmond. Xintoísmo. Lisboa: Verbo,1982. SIEFFERT, René. Les religions du Japon. Paris: Presses Universitaires de France, 1968 SAINT-EXUPÉRY, Antoine. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 2009 TAMARU, Noriyoshi; REID, David. Religion in japanese culture. Tokyo: Kodansha, 1996 YAMASHIRO, José. Japão passado e presente. São Paulo: Ibrasa, 1986. YUSA, Michiko. As religiões do Japão. Lisboa:Laurence King publis.2002.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte XVII

Islamismo. Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo (1961 - ). RELIGIÃO DO ISLAM. Parte XVII. No hadith do Anjo Gabriel, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) declara, explicitamente, que se deve crer no Decreto Divino, “[tanto] em seus aspectos bons, como maus”. Ibn Qaiim destaca que por “mau” é feita uma referência aos seres humanos e não a Allah. A “maldade” é resultado das ações ignorantes, errôneas, opressivas e pecaminosas das pessoas. Não obstante, estas ações são permitidas e estabelecidas por Allah. Certamente, nenhum tipo de maldade pode ser atribuído a Allah, já que em relação a Allah, a ação é boa e cheia de sabedoria e deve ser considerada como um resultado do conhecimento e da sabedoria de Allah. Qualquer ação da natureza, em essência, é boa e não pode ter nenhuma maldade. Isso tem respaldo no hadith onde o Profeta diz: “A maldade não pode ser atribuída a Ti” (Muslim). Isso se deve a que cada ação que se realiza é o resultado de algum tipo de sabedoria e bondade e, portanto, não pode haver maldade. O próprio indivíduo pode pensar o contrário, mas, na realidade, tudo o que acontece na criação de Allah possui bondade e sabedoria. Ibn Uthaimin nos deixa um exemplo para ilustrar esta questão. Allah disse no Qur’an: “A corrupção surgiu na terra e no mar por causa do que as mãos dos humanos lucraram. E (Deus) os fará provar algo de que cometeram. Quiçá assim se abstenham disso.” (30: 41). Neste versículo, Allah expõe o surgimento da maldade (fasaad), suas causas e conseqüências. A maldade e as causas que a provocam são igualmente maléficas (sharr). Não obstante, seu objetivo é bom: que Allah lhes faça experimentar algo do que têm feito, assim regressarão ao caminho correto através do arrependimento. E assim existe uma sabedoria e um objetivo determinado no fasaad. Este objetivo e está sabedoria fazem com que toda ação seja algo bom e não puramente maldade. Por outro lado, a pura maldade consistirá em ações que não provoquem nenhum tipo de benefício ou resultado positivo. A sabedoria e o conhecimento de Allah impossibilitam a existência de ações desta natureza. Os frutos da crença correta no Decreto Divino  Quando uma pessoa se dá conta de que todas as coisas se encontram sob o controle e o decreto de Allah, liberta-se de qualquer tipo de shirk ou de entidades associadas à Allah em sua crença. Existe somente um Verdadeiro e Único Criador e Senhor desta criação. Nada ocorre senão por Sua vontade e Sua permissão. Quando este conceito está firme no coração das pessoas, também se dão conta que nada é digno e merecedor de suas orações, ninguém pode ajudá-los e em ninguém se pode amparar a não ser Ele, o Único Deus. Portanto, essas pessoas dirigirão todos seus atos de adoração ao Único, Aquele que decretou e determinou absolutamente tudo. É assim que o tauhid ar-rububiyah (monoteísmo ao Senhorio) e o tauhid aluluhiyah (monoteísmo da adoração) são corretos e completamente cumpridos mediante uma apropriada crença no qadar.  A pessoa colocará toda sua confiança em Allah. Deve prestar atenção às “causas e efeitos” externos que observa neste mundo. Sem dúvida, também deve levar em consideração que essas “causas e efeitos” não terão um desenlace a menos que Allah assim o queira. Deste modo, um crente nunca deve colocar sua confiança e dependência em suas próprias mãos ou em aspectos mundanos, como colocar a confiança nas mais daqueles que tem algum tipo de controle ou poder. Ao invés disso, deve seguir alguma

causa que possa levá-lo ao fim desejado e logo, depositar sua confiança em Allah, para que este fim seja alcançado.  Ibn Uthaimin propõe que com uma correta crença no qadar, não se permite que a arrogância e a vaidade sejam introduzidas nos nossos corações. Se alguém alcança um objetivo desejado, saberá que tal finalidade só pode ser alcançada com a ajuda de Allah que, em Sua misericórdia, decretou que assim fosse. Se Allah houvesse desejado, haveria colocado muitos obstáculos em seu caminho, evitando assim que cumprisse seu objetivo. Por conseguinte, em vez de se transformarem em pessoas egocêntricas e arrogantes, que buscam apenas alcançar seus objetivos pessoais, se realmente crêem no qadar, convertem-se em pessoas muito agradecidas a Allah por todas as bênçãos que recebem.  A crença correta no qadar causa tranqüilidade e paz mental. As pessoas entendem que tudo o que ocorre depende diretamente do Decreto Divino de Allah. Além disso, todas as ações de Allah estão repletas de sabedoria. Portanto, se uma pessoa perde um ente querido ou qualquer outra coisa deste mundo, não enlouquece, não desespera e nem perde a esperança. Ao invés disso, entende que foi a vontade de Allah e que deve aceitar o acontecido. Também deve entender que tudo ocorre por uma razão. Não é algo que aconteceu fortuitamente, nem acidentalmente sem nenhuma razão aparente. Allah disse: “Não assolará desgraça alguma, quer seja à terra, quer sejam às vossas pessoas, que não esteja registrada no Livro, antes mesmo que a evidenciemos. Sabei que isso é fácil a Deus, para que vos não desespereis, pelos (prazeres) que vos foram omitidos, nem nos exulteis por aquilo com que vos agraciou, porque Deus não aprecia arrogante e jactancioso algum” (57: 22-23)  A crença no qadar dá às pessoas força e coragem. Um muçulmano sabe que Allah já registrou sua vida e proverá o seu sustento. Isso provém somente de Allah e já está decretado,
Portanto, não se deve sentir temor ao se esforçar pela causa de Allah, já que o momento de sua morte já está registrado. Com respeito ao sustento e provisão, não se deve temer, uma vez que tudo provém de Allah e já está determinado. Ninguém pode privar uma pessoa do alimento diário se Allah já decretou que esta seguirá recebendo provisões e seu sustento de algum tipo de fonte. Conclusões Este capítulo nos apresentou um breve resumo sobre as crenças básicas de todo muçulmano. Cada muçulmano tem que saber no que deve crer e deve conhecer, ao menos, o essencial. Sem dúvida, a medida que seu conhecimento sobre os pilares da fé vai aumentando, sua fé também se tornará mais forte e completa. Para saber mais sobre estes artigos da fé, recomendo a série de oito livros de Umar al-Ashqar, que analisa diversos aspectos da fé, como a crença em Allah, os anjos, etc. Estes livros são publicados pela International islamic Publishing House em Riayad, Arábia Saudita e podem ser adquiridos facilmente pela internet. Os livros de Bilal Philips e de Muhammad Jibaly acerca dos aspectos da crença também são de valiosa leitura para os novos muçulmanos. Os Ritos de Adoração O Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “O Islam está construído sobre cinco [pilares]: o testemunho de que nada é digno de adoração, exceto Allah e que Muhammad é o Mensageiro de Allah; cumprir as orações; pagar o zakat; realizar a peregrinação à Casa e jejuar durante o mês de Ramadan.” (Bukhari e Muslim). Aqui, o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) faz uma comparação do Islam a uma casa. As bases, ou pilares, da casa são cinco. Estas ações são conhecidas como os “cinco pilares do Islam”. O PRIMEIRO pilar, a declaração do testemunho de fé, foi analisado anteriormente. Portanto, este capítulo está destinado a analisar os outros quatro pilares restantes. Antes de analisar cada pilar separadamente, necessitamos fazer algumas considerações e explicações preliminares. Em primeiro lugar, todos estes rituais possuem um aspecto externo ou físico e um interno ou espiritual. Os sábios enfatizam que cada rito de adoração deve reunir duas condições para que seja aceito por Allah: (1) o rito deve ser correto e de acordo com a orientação revelada por Allah. (2) o rito deve ser realizado única e exclusivamente para agradar a Allah. Allah declara, por exemplo: “... quem espera o comparecimento ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto d’Ele.” (18: 110). Acerca deste versículo, o sábio Ibn Qaiim escreveu: “Isto faz referência a um tipo de ação que Allah aceitará. A ação deve estar em concordância com a Sunnah do Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) e deve ser realizada com o intuito de buscar a complacência de Allah. Aquele que a realiza não pode, de forma alguma, cumprir com estas condições se não possui conhecimento. Se não conhece os textos narrados pelo Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) não poderá colocá-los em prática. Se não conhece a quem está adorando, não poderá atuar somente para Ele. Se não
fosse pelo conhecimento, sua ação não seria aceitável. O conhecimento leva à sinceridade e à pureza e este conhecimento indica quem é o verdadeiro seguidor dos passos do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele).” Allah requisita que Seus servos sejam puros de coração. Esta pureza que se reflete nas ações é a chave para que Allah esteja satisfeito com uma ação em particular. Allah criou a vida e a morte para que os seres humanos realizem as melhores ações. Ele não criou a humanidade para realizar infindáveis ações, mas sim para escolher e realizar as melhores. Allah disse em Seu Livro: “Bendito seja Aquele em Cujas mãos está a Soberania, e que é Onipotente; que criou a vida e a morte, para testar quem de vós melhor se comporta – porque é o Poderoso, o Indulgente” (67: 1-2). Referindo-se a este versículo, al-Fudhail Ibn Aiaadh afirmou que “melhor se comporta” se refere às obras, que elas devem ser puras e completas. Disse: “Se uma ação é sincera e pura, mas não é correta, não será aceita. Se é correta, mas não é pura, também não será aceita. Não será aceita a menos que seja pura e correta. É pura apenas se é realizada buscando agradar a Allah e é correta se concorda com a Sunnah.” Em segundo lugar, estes ritos são atos de adoração, sem dúvidas, ao mesmo tempo, exercem uma influência duradoura nos indivíduos. Por exemplo, se um muçulmano não completa a oração, esta não terá nenhum tipo de influência sobre seu comportamento ou suas ações. No hadith mencionado anteriormente, o profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) afirma que o Islam está construído sobre estes pilares ritualísticos. Isso significa que eles formam uma base, base esta que sustenta toda a vida sob o conceito de submissão somente a Allah. Página 150. O estabelecimento da oração. Abraço. Davi

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

TAO TE CHING - POEMA II

Lao Tse. Tao Te Ching. O Livro que Revela Deus. Por Huberto Rohden (1893-1981).


POEMA II

Só temos consciência do belo
Quando conhecemos o feio
Só temos consciência do bom
Quando conhecemos o mau
Porquanto o Ser e o Existir
Se engendram mutuamente
O fácil e o difícil se completam
O grande e o pequeno são complementares
O alto e o baixo formam um todo
O som e o silêncio formam a harmonia
O passado e o futuro geram o tempo
Eis por que o sábio age. Pelo não agir
E ensina sem falar. Aceita tudo que lhe acontece
Produz tudo e não fica com nada
O sábio tudo realiza - e nada considera seu
Tudo faz - e não se apega a sua obra
Não se prende aos frutos da sua atividade
Termina a sua obra. Estando sempre no princípio
Por isso a sua obra prospera

Explicação Filosófica: Neste capítulo Lao Tse proclama a grande lei da bipolaridade do Universo e de todas as coisas. Nada é somente o Uno, e nada é somente o Verso. Tudo é Universo, unidade na diversidade, equilíbrio dinâmico, harmonia cósmica. Não há círculos uni cêntricos no Universo, há tão somente elipses bi cêntricas. Quer no mundo dos átomos, quer no mundo dos astros. E como o anthropos é um microcosmo, feito a imagem e semelhança do grande kosmos. Deve também o homem obedecer a mesma lei da bipolaridade, que rege o macrocosmo. Quem só enxerga o belo no belo no bom é uni cêntrico, monótono, acósmico ou anticósmico, por quê, unipolarizado. Para ser bipolarizado, univérsico, como o cosmos, deve o homem ver o belo e o feio, o bom e o mau, como duas antíteses complementares. Que se integram na grande síntese, sem se diluírem nela. Se o belo e o feio e se o bom e o mau fossem duas antíteses contrárias. Em vez de complementares, nunca poderiam integrar-se numa síntese harmoniosa, feita de unidade na diversidade. Essa bipolaridade unvérsica rege o mundo infinitamente pequeno dos átomos. Onde os elétrons negativos giram elipticamente em torno do seu próton. Rege o mundo infinitamente grande dos astros, onde os planetas traçam a sua órbita elíptica em torno do seu sol. Rege o mundo misterioso da eletricidade e da eletrônica, onde luz, calor, movimento, som e cores são produzidos por dois polos. O ânodo (positivo) e cátodo (negativo). Rege o mundo de todos os seres vivos superiores, que só existem graças aos polos masculinos dativo e feminino receptivo. O Ser Infinito, que se revela nos existires finitos. O Criador-Uno, que se manifesta nas Criaturas-Verso. Brahman, revelado e velado por Maya - são expressão da bipolaridade do Universo. Quando então o homem possui a reta experiencia cósmica do seu Ser, prática ele a reta vivência ética no seu agir. Age dinamicamente, sem ruído nem afobação. Age extensamente em virtude da sua profunda intensidade. Ensina silenciosamente pelo que ele é internamente. Não pelo que diz ou faz externamente no plano do seu agir. Trabalha intensamente, como diz Krishna, mas renuncia a cada passo aos frutos do seu trabalho. Depois de ter feito tudo o que devia fazer. O sábio diz, segundo as palavras de Cristo: agora sou servo inútil, cumpri a minha obrigação, nenhuma recompensa mereço por isso. O sábio desaparece sempre por trás das suas obras. Ele é tão anônimo como Tao, cuja ausência invisível realiza todas as presenças visíveis. É ativo na passividade. O sábio está invisivelmente presente em suas obras e visivelmente ausente de todas elas. Porque ele age pelo seu Ser, muito mais que pelo seu fazer ou dizer. Age sem agir. É cosmo agido e não ego agente. Neste capítulo celebra Lao Tse a apoteose do homem universico. Cuja invisível fonte "Eu" fez fluir as águas vivas pelos canais visíveis do seu "ego". Assim como, no cosmos sideral, o Uno Infinito se revela em todos os Versos Finitos. Toda a sabedoria está em que o Verso (ego) se deixe sempre guiar pelo Uno (Eu). Que este vá sempre na vanguarda e aquele na retaguarda. Profano=Verso sem Uno. Místico=Uno sem Verso. Cósmico=Uno e Verso - Universo. Abraço. Davi


sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A MORTE E POSTERIDADE DE CONFÚCIO

Confucionismo. Biografia de Confúcio. Memória Histórica de Sima Qian. 8. A MORTE (479 a. C.) E POSTERIDADE. No ano seguinte (480 a. C.) Tselu morreu, em Wey. O próprio Confúcio caiu doente, e Tsekung veio visitá-lo. Encontrou o Mestre passeando devagar perto da porta, apoiado a uma bengala, e ouviu-o dizer: - "Ah Sze, por que tão tarde vieste?" E suspirou Confúcio, e cantou:

Ah! O T' aishan (monte) se desmorona!
O pilar está caindo!
O filósofo vai passando!

Então verteu lágrimas e falou a Tsekung: - "Por muito tempo o mundo tem vivido em confusão e nenhum governante foi capaz de seguir-me. O povo da Dinastia Hsia guardava seus caixões mortuários, antes do enterramento, sobre os degraus de leste (do pátio chinês); o povo da Dinastia Chou guarda-va-os sobre os degraus de oeste, e o povo da Dinastia Shang guardava-os entre duas pilastras (na área principal). Esta noite sonhei que estava sentado entre as duas pilastras, fazendo uma libação. Talvez porque eu seja um descendente dos Shangs," Sete dias depois faleceu, aos setenta e três anos de idade.[17] Foi no dia chich'ou de abril, no ano décimo sexto do Duque Ai (479 a. C.) Aos funerais de Confúcio o Duque Ai enviou um orador, que em seu nome assim falou: - "Ai de mim! O Céu não tem pena de mim e não me poupou o Grande Ancião. Deixou-me, coitado, sozinho e ao desamparo ante a nação, e eis que sou agora um homem enfermo. Ai de mim, Pai Ni! (ou Chung Ni, o nome de Confúcio). Grande é a minha dor! Não vos esqueçais de mim!" (literalmente: "não cuideis apenas de vós"). E Tsekung observou: - "Pois Confúcio não morreu no país de Lu?” (Confúcio não estava no poder, apenas por culpa do duque.) O Mestre disse que "quando não se cumprem a rigor as cerimônias, as coisas entram em desordem; e quando as palavras são usadas incorretamente, andam as coisas fora dos lugares. Desordem significa que o homem perdeu seus princípios morais, e fora dos lugares também significa que o homem não tem o que merece" (ou não se acha na posição justa). Enquanto o Mestre vivia o duque não o quis empregar, e esperou que ele morresse para mandar rezar em seus funerais, o que não tem cabimento. Ao referir-se a si próprio como um "coitado" aplica, outrossim, erroneamente a terminologia." Confúcio foi inumado em Lu no Rio Sze, ao norte da cidade. Seus discípulos guardaram, todos, o luto de três anos, ao fim dos quais despediram-se uns dos outros e afastaram-se, chorando outra vez sobre o túmulo do Mestre antes de partirem definitivamente. Alguns ficaram ainda, mas só Tsekung demorou seis anos, numa choupana junto ao túmulo. Umas cem famílias, de discípulos de Confúcio e nativos de Lu vieram morar nas imediações e ali surgiu assim uma aldeia conhecida como K'ungli, ou "Vila K'ung". Durante várias gerações, nas épocas próprias, sacrifícios eram oferecidos no Templo de Confúcio, e os Confucionistas realizavam debates acadêmicos e festivais populares, inclusive torneios de arco, no recinto do túmulo. O mausoléu tinha de área um mow (cerca de um sexto de acre), e bem podia acolher os discípulos em seus salões. Os pertences pessoais de Confúcio, mantos, boinas, instrumentos de música, veículos e livros, foram conservados no Templo Confuciano, por gerações sucessivas. Assim aconteceu durante mais de dois séculos, até a época do primeiro imperador da Dinastia Han (desde 206 a.C.), o qual fazia culto a Confúcio com grandes oferendas (de vacas, ovelhas e suínos - altos sacrifícios). Sempre que chegavam magistrados e príncipes, antes de entrarem no exercício de suas missões lá iam render homenagem a Confúcio em seu Templo. Confúcio gerou a Li, aliás Poyu, que faleceu antes dele, aos cinquenta anos de idade; Poyu gerou a Ch’i, aliás Tsesze, que uma vez foi preso em Sung e que escreveu Harmonia Central, falecendo aos 62 anos; Tsesze gerou a Po, aliás Tseshang, que morreu aos 47; Tseshang gerou a Ch’iu, aliás TseChia, que morreu aos 45; Tsechia gerou a Ch’i, aliás TseChinq, que morreu aos 46; Tseching gerou a Ch'uan, aliás Tsekao, que morreu aos 51; Tsekao gerou a Tseshen, que uma vez foi ministro de Wei, e morreu aos 57; Tseshen gerou a Pu, que morreu em Ch'en aos 57, tendo sido poshih (doutor ou professor de certas Artes Clássicas) durante o reinado de Ch'en Sheh; o irmão mais moço de Pu, Tsehsiang, que morreu aos 57, serviu uma vez como poshih sob a gestão imperial de Hsiaohuei (de Han) e também foi magistrado de Ch'anqsha, media nove pés e seis polegadas de altura; Tsehsiang gerou a Chunq, que morreu aos 57; Chung gerou a Wu; Wu gerou a Yen-nien e Ankuo; Ankuo foi poshih no tempo do último imperador, e uma vez foi magistrado em Linhuai, morrendo jovem; Ankuo gerou a Ang, e Ang gerou a Huan. Escreve o Historiador Mestre[18] *: "O Livro dos Cantares diz que “Alta é a montanha que contemplo e brilhante o exemplo que temos a seguir! Ainda que não possa alcançar o cume, salta para ele o meu coração." Ao ler os livros de Confúcio, eu imaginava como seria ele em aparência. Em visita a Lu, vi as carruagens, as roupas e os vasos sagrados que se exibem no Templo; e observei como os estudiosos de Confúcio adquiriam o conhecimento histórico no próprio local onde ele habitara, e por ali fiquei sem poder afastar-me. Tem havido muitos reis, imperadores e grandes homens na História, os quais desfrutaram em vida honrarias e fama, e ao morrer ficaram sendo nada, enquanto Confúcio, um letrado comum, trajando modesta roupa de algodão, passou a ser reconhecido o Mestre dos mestres, por mais de dez gerações. Toda a gente que na China é versada nas artes, desde os imperadores e reis e príncipes até os de mais baixa categoria, todos veem o Mestre como autoridade máxima." Abraço. Davi

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A RENÚNCIA DA AÇÃO

Hinduísmo. Srmad Bhagavad Gita - O Canto do Senhor. A RENÚNCIA DA AÇÃO. Capítulo V. 1– Disse Arjuna: Ó Krishna, tu elogias a renúncia da ação e também o cumprimento da ação. Por favor, diga-me definitivamente o que é melhor para mim. 2– Disse o Bendito Senhor: A renúncia e a ação abnegada, ambas conduzem à liberação, mas entre elas, o karma yoga ou ação abnegada, é superior à renúncia da ação. 3– Ó tu de poderosos braços, aquele que não sente gosto nem desgosto, deve ser considerado como um homem de constante renúncia, porque estando livre dos pares de opostos, se libera muito facilmente. 4– As pessoas de mentalidade infantil e não o sábio, dizem que o conhecimento é diferente da ação abnegada. Praticando qualquer deles se logra o fruto de ambos. 5– O estado que alcança o gñani é alcançado também pelo karma yogui. Aquele que vê a identidade entre o conhecimento e a ação abnegada, vê corretamente. 6- Ó tu de poderosos braços, é muito difícil lograr a renúncia da ação sem haver cumprido a ação abnegada; o sábio dedicado à ação abnegada alcança logo à Brahman (Deus Impessoal e sem qualidades). 7– Aquele que está dedicado à ação abnegada e de mente pura, que controlou seu corpo e seus sentidos e cujo Ser é o Ser de todos, ainda que atue não se mancha. 8-9– O abnegado, conhecedor da Realidade, pensa: ‘Eu não faço nada’, ainda que veja, ouve, toca, cheira, come, caminha, dorme, respira, fala, evacua, pega os objetos, abre e fecha os olhos, porque sabe que são os diferentes sentidos que funcionam com relação aos seus respectivos objetos. 10– Aquele que dedica sem apego todas suas ações à Brahman, não é umedecido pelo pecado, assemelhando-se à folha de lótus (que sempre está na água, sem molhar-se). 11– O homem abnegado, que renuncia ao apego, atua com o corpo, a mente, o intelecto e os sentidos para purificar sua mente.

12– O homem equilibrado, renunciando ao fruto da ação, logra a suprema paz; em troca, o que carece de equilíbrio e cuja ação é impelida pelo desejo, permanece atado por seu apego ao fruto da ação. 13– Aquele que controlou seus sentidos, quando renuncia a toda ação pelo discernimento se sente feliz na cidade de nove portas (o corpo) e não atua nem faz atuar a ninguém. 14– O Senhor não cria para as pessoas o conceito de a gente nem a união com os frutos das ações. Tudo isto é obra da natureza. 15– O onipresente Senhor não aceita o pecado nem a virtude de ninguém. O conhecimento está envolvido pela ignorância, por isso os seres caem na ilusão. 16- Mas aqueles cuja ignorância foi destruída pelo conhecimento do Atman (Ser), este conhecimento, como o sol, lhes revela o Supremo. 17– Os seres, cujos intelectos estão impregnados Daquele (o Supremo), que se identificaram com Aquele, que tomaram refúgio Naquele e cujas impurezas foram limpas pelo conhecimento, alcançam o estado de não retorno (a liberação). 18– Com a mesma equanimidade o sábio considera a um erudito brahmin, a uma vaca, a um elefante, a um cão e a um selvagem. 19– Os homens equânimes, mesmo nesta vida, conquistam a existência relativa e como Brahman é perfeito e idêntico com todos, eles se estabelecem em Brahman. 20– Aquele que conhece a Brahman e está estabelecido Nele, cuja mente não tem mais ilusões e nem dúvidas, não se regozija ao receber objetos agradáveis nem se aflige quando recebe objetos desagradáveis. 21– Aquele cuja mente não tem mais apego aos objetos externos dos sentidos, alcança a bem-aventurança do Atman e se identifica com Brahman; e estando absorto Nele, goza a bem-aventurança eterna. 22– Os prazeres que nascem dos objetos sensórios e que têm princípio e fim são em realidade a causa do sofrimento. Por isso, ó Kounteya, os sábios não se regozijam neles. 23– Nesta mesma vida, antes de deixar o corpo, aquele que resiste aos impulsos do desejo e da ira, está estabelecido no yoga e é bem-aventurado. 24– Aquele yogui cuja felicidade é interna, cujo regozijo é interno, cuja luz (conhecimento) é interna, se identifica com Brahman e alcança a liberação absoluta. 25– Os rishis (sábios espirituais) cujas imperfeições se esgotaram, cujas dúvidas se desvaneceram, que lograram o controle mental e estão dedicados ao bem-estar de todos, vivem absortos em Brahman. 26– Os yatis (dedicados à vida espiritual) que estão livres da paixão e ira, cuja mente está controlada, que realizaram ao Atman, permanecem absortos em Brahman aqui e no além. 27-28– Afastando a percepção dos objetos externos, fixando o olhar entre as sobrancelhas e restringindo dentro das fossas nasais ao prana e apana (as forças que regem a exalação e inalação), controlando os sentidos, a mente e o intelecto, estando livre do desejo, medo e ira, libera-se pra sempre. 29– Aquele que conhece a Mim, que sou o dispensador dos frutos do yagña e das austeridades, o Grande Senhor dos mundos e o amigo de todos os seres, obtém a Paz. Abraço. Davi.

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A TENTAÇÃO

Budismo. Livro O Evangelho de Buda. Vida e Doutrina de Sidarta Gautama. A TENTAÇÃO. O Senhor Buda encaminhou-se novamente pra a colossal árvore baniana, sob cuja folhagem ia ser revelada a Verdade do seu destino. No momento em que se sentou sob a árvore, caiu a noite. Porém, Mara, o príncipe das trevas, tendo notícia de que ali estava o Buda. Que ele iria libertar os homens sendo chegada a hora de encontrar a Verdade para a salvação do mundo, enviou ordens as potestades do mal. Então, os demônios inimigos da Sabedoria e da Luz saíram dos abismos profundos e se congregaram. Eram Arati, Trishna e Raga, com suas tramas de paixões, horrores, ignorâncias e concupiscências, com todos os engenhosos inventos das trevas e do temor. Aborrecedores de Buda, cujo espírito tentavam conturbar. Entre os fragores da tormenta, legiões de demônios se agitaram no espaço com o ribombar do trovão e relâmpagos ofuscantes, semelhantes a dardos, que se desprendiam do céu purpúreo. Com estratagemas e conjurações, faziam aparecer figuras de belezas feiticeiras entre a tranquila folhagem. As quais ressoavam cânticos voluptuosos e murmúrios de amor. Algumas vezes o tentavam, oferecendo-lhe poder. Outras, apresentavam-lhe dúvidas sobre a Verdade como se ela fosse ilusão. Chegaram os pecados capitais, os anjos do mal. Primeiro Attavada, o pecado do egoísmo, que se compraz em contemplar a sua imagem refletida no universo como num espelho, lhe disse: Se você é Buda, deixe que os demais andem nas trevas. Basta que seja invariavelmente você mesmo. Levante-se e desfrute da felicidade dos deuses, que não sofrem mudança nem derrota nem luta. Porém, Buda lhe replicou: Em você, a justiça e menosprezível e a injustiça uma maldição. Vá enganar aqueles que amam a si mesmo. Aproximou-se depois a pálida dúvida, o pecado irônico, que silvou nos ouvidos do Mestre: Todas as coisas são ilusões e vã é a ciência de sua vaidade. Você só busca a sua própria sombra. Levante-se e abandone estes lugares. Não há maior recurso do que um desdém paciente, e não existe nenhum: remédio para o home, que é incapaz de deter a roda que gira sem parar. E o Senhor Buda respondeu: Você nada tem a ver comigo, dúvida insidiosa, o inimigo mais astuto dos homens. Em terceiro lugar veio a superstição, a feiticeira que se encobre sob o manto da modesta fé. Porém que sempre engana as almas com cerimônias e orações, tendo em suas mãos as chaves que fecham os infernos e abrem o céu. Disse-lhe a superstição: Você é audacioso. Trancafie os nossos livros sagrados, destrua os nossos deuses. Despovoe os templos e estraçalhe a Lei que mantém os sacerdotes e sustenta os reis. No entanto, o Buda respondeu: Você me pede que destrua a forma transitória, mas, a Verdade livre permanece. Volte para as suas trevas. Depois, adiantou-se galhardamente o mais ousado tentador. Era Kama, o rei das paixões, que exerce influência até mesmo sobre os deuses. Era o mestre de amores, o soberano do reino do prazer. Aproximou-se da árvore, sorridente, com seu arco de ouro enfeitado de flores vermelhas, e na aljava as setas do desejo e cujas ponta são cinco línguas de fogo. Pungindo o coração e ferindo mais cruelmente do que dardos envenenados. Acompanhavam-no coortes de esplêndidas formosuras, de lábios e olhos celestes que sensualmente louvavam o amor ao som de instrumentos invisíveis e harmoniosos. Era tal o encanto delas que até a noite parecia suspender o seu curso para ouvi-las. As estrelas e a Lua se detiveram atentas à sua carreira. Enquanto em seu canto as beldades recordavam ao Buda as delícias perdidas. Dizendo-lhe que um mortal não pode encontrar nos três imensos mundos nada comparável aos perfumados seios da formosa amante abandonada. Nem os seus rosados mamilos rubros de amor. Acrescentaram que nada sobrepuja a suave harmonia da forma, que oferece à vista linhas e encantos da pessoa amada. Na indizível harmonia que se encontra de alma para alma, que faz ferver o nosso sangue e que a vontade adora e deseja. Porque sabe que ali está o ótimo, que é o verdadeiro céu onde os são como deuses. Criadores e soberanos, que é o dom dos dons, sempre renovado, podendo por ele suportar mil dores. Porque, quem se lembra de ter sofrido quando era enlaçado por braços ternos e toda a sua vida se fundia num suspiro de felicidade. Num ardente e apaixonado beijo possuía o mundo inteiro? Assim cantavam com gestos lânguidos, com olhos que soltavam amorosas chamas e com lábios de sedutores sorrisos. Em sua dança lasciva deixavam entrever os quadris e coxas como casulos entreabertos que ostentam seus matizes e, no entanto, ocultam seus corações. Jamais houve para olhos humanos encanto maior do que aquelas bailarinas noturnas que se aproximavam da árvore. Cada qual mais sedutora que a precedente, murmurando: Ó excelso Sidarta! Sou sua.  Prove de minha boca e veja se não é deleitosa a minha juventude. Mas ao ver que o espírito de Buda permanecia inquebrantável. Kama brandiu o seu arco mágico, e de repente destacou-se do grupo de dançarinas uma figura muito mais bela. Mais majestosa do que as outras cujo semblante se assemelhava ao da bela Yasodhara - sua esposa. Seus olhos negros, regados de lágrimas, refletiam paixão extremamente veemente. Seus braços, abertos para ele, se retorciam de dor. Gemendo suavemente, a encantadora sombra chamou-o pelo seu nome, dizendo entre suspiros. : Meu príncipe. Estou morrendo porque você me abandonou. Que céu encontrou que seja comparável ao que gozamos nas margens do límpido Rohini. Na mancha do prazer, onde choro por você há já longos e penosos anos? Volte, Sidarta. Oh, volte! Ao menos beije-me outra vez em meus lábios. Que ao menos outros vez eu repouse no seu peito, para que seus sonhos estéreis se desvaneçam. Contemple-me. Não sou aquela que você ama? Buda respondeu-lhe: pelo doce amor daquela que desse modo você lembra, sombra formosa e falsa de vã astúcia. Não a maldigo porque você assumiu uma forma tão querida. Ainda que, como todas as aparições terrenas, seja uma ilusão mil vezes enganosa. Desvaneça-se de novo no vazio. Então, ressoou um grito no bosque, e o tropel sedutor se desvaneceu com as cenas vaporosas. Abraços. Davi

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

A FUNÇÃO DA LEI. Parte II

Cristianismo. Livro O Evangelho de Deus. Por Watchmann Nee (1903-1872). A FUNÇÃO DA LEI. Parte II. Que é transgressão? É o pecado concretizado. Ele estava aqui no mundo, mas o homem não sabia que o pecado estava aqui até que a lei de Deus viesse. Por meio da lei Deus mostrou-nos que havíamos pecado. Na verdade, já existia o pecado em nós. Já estávamos corrompidos, mas não sabíamos disso até que a lei veio, quando o pecado dentro de nós foi manifestado em transgressões.  A lei é como um termômetro. Uma pessoa pode já estar doente com febre. Mas se você diz a ela: “Amigo, sua aparência não parece muito boa; você tem febre”, ela pode não acreditar em você. Tudo o que você teria de fazer então seria pegar um termômetro e colocá-lo na boca da pessoa. Após dois minutos poderia mostrar-lhe definitivamente que ela tem febre. Nós já éramos pecaminosos; já tínhamos “febre”, mas não sabíamos disso. Assim Deus nos deu um padrão. Embora a lei possa não ser um padrão perfeito, é um padrão suficientemente elevado. Deus utiliza a lei para medir-nos. Por meio dela vemos que transgredimos. Uma vez que vejamos que transgredimos a lei, sabemos que pecamos. O pecado já estava dentro do homem; mas sem as transgressões, ele jamais teria confessado que tinha pecado. Foi somente depois de transgredir que ele confessou que realmente tinha pecado.  Quando leio a Bíblia, maravilho-me com as palavras usadas pelo apóstolo. Nesses versículos ele não utilizou a palavra pecado; em vez disso, usou a palavra transgressão por três vezes. O pecado está sempre dentro do homem, todavia enquanto não for executado, o pecado não se torna transgressão. Deve haver algo a ser transgredido antes que haja a possibilidade de transgressão. Deixe-me ilustrar. Suponha que haja uma criança que sempre suja suas roupas. Ela sempre usa as mangas para limpar o nariz e suas roupas ficam sujas rapidamente. Em seu temperamento, hábito, pensamento e consciência, ela nunca considera que sujar suas roupas seja um pecado. Tampouco seu pai considera isso como um pecado. O fato do pecado está ali, muito embora não haja desobediência. As roupas da criança estão muito sujas, mas ela não se importa nem um pouco. Sua consciência está bem, porque seu pai jamais disse que isso está errado. Ele pode estar despreocupado quanto a isso. Mesmo quando suas roupas estão muito sujas, ela ainda pode comer com o pai, sentar-se com o pai e caminhar com o pai. Tudo está bem no que se refere a ela. Em outras palavras, ela não transgrediu. Mas um dia o pai lhe diz que não pode mais sujar a roupa, e que se o fizer novamente, irá apanhar. Se a criança habitualmente faz isso, o falar do pai manifestará seus pecados. Originalmente só havia o pecado, não a desobediência. Mas uma vez que a criança desobedeça, há transgressão. Da mesma forma, somente quando existe a lei haverá a transgressão. Quando a lei diz para fazer isso ou aquilo, a transgressão será manifestada. Antes essa criança podia vir diante do pai prontamente e sem temor. Mas agora, se ela se portar de acordo com seu hábito e fizer isso de novo, ela não terá paz interiormente e sua consciência falará.  Todos os leitores da Bíblia e todos os que entendem a vontade de Deus sabem que Deus não nos deu a lei com o intuito de que a guardássemos. A lei não era para que a guardássemos, mas para que a quebrássemos. Deus nos deu a lei para que a transgredíssemos. Para muitos de vocês essa pode ser a primeira vez que ouvem essa palavra, e podem achá-la estranha. Deus sabia o tempo todo que você tem pecado. Deus sabe disso; mas você mesmo não sabe. Por isso Deus deu-lhe a lei para transgredir, de modo que você conheça a si mesmo. Deus sabe que você não é bom, mas você acha que é. Portanto Deus deu a lei. Após transgredi-la uma, duas, diversas vezes, você dirá que pecou. A salvação não virá a você até então. Somente quando admitir que não tem jeito, que lhe é impossível prosseguir conduzindo-se desse modo, você estará disposto a receber o Senhor Jesus como seu Salvador. Somente então você estará disposto a receber a graça de Deus.  Já vimos que para receber graça é preciso que nos humilhemos. Somos pecadores e cometemos pecados. Que nos leva a humilhar-nos? É a lei. Os seres humanos são orgulhosos. Todos os seres humanos acham-se fortes e consideram-se bons. Todavia, Deus deu-nos a lei, e uma vez que olhemos para a lei, temos de humilhar-nos e confessar que na verdade não somos nada bons. Isso é o que Paulo queria falar quando disse que antes de ler na lei que não deveria cobiçar, ele não sabia o que era cobiçar. Entretanto, uma vez que viu a lei, ele percebeu que havia cobiça dentro de si (Romanos 7:7-8). Isso não significa que antes de Paulo ver a lei não havia cobiça nele. Havia cobiça nele muito antes. Ele sempre cobiçara, mas não percebia que estava cobiçando. Foi somente quando a lei lhe disse isso que ele o percebeu. Portanto, a lei não nos leva a fazer nada que antes não tivéssemos feito; a lei apenas expõe o que já existe em nós. Essa é a razão de eu dizer que Deus deu a lei ao homem não para que este a cumprisse, mas para que a infringisse. Tampouco a lei proporciona ao homem uma oportunidade para transgredir; em vez disso, a lei mostra ao homem que ele transgredirá. A lei permite que o homem veja o que Deus já tinha visto.  Romanos 7 explica essa questão muito claramente. Vejamos este capítulo, começando com os versículos 7 e 8: “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque, sem lei, está morto o pecado”. Sem a lei, não sinto que cobiçar seja pecado, muito embora haja cobiça dentro de mim. Portanto, a cobiça dentro em mim está morta; isto é, não tenho consciência dela. Entretanto, após vir a lei, decido não mais cobiçar. Mas eu ainda cobiço e o pecado se torna vivo. O versículo 9 diz: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri”.  Amigos, lembrem-se de que Deus lhes deu a lei por uma única razão; para mostrar-lhes que vocês mesmos sempre estiveram cheios de pecado. Por não ver seu pecado, vocês agiam orgulhosamente. A lei veio para expô-los. Você pode dizer que não cobiça. Entretanto, se simplesmente tentar não cobiçar, qual será o resultado final? Quanto mais tentar, mais fraco você ficará e mais cobiçoso será. Você se propõe a não cobiçar, mas no momento em que se propuser a isso, você se achará cobiçando tudo. Você cobiça hoje e cobiçará amanhã; cobiça em qualquer lugar que vá. Agora o pecado está vivo, a lei está viva e você está morto. Originalmente o pecado estava morto e você estava bem, mas agora que a lei veio, você não pode deixar de cobiçar. Quanto mais tentar não cobiçar, mais cobiçoso se tornará. O problema é que o ser do homem é carnal, e por ser carnal, sua vontade é fraca, sua conduta é rebelde e seus desejos são imundos.  O versículo 10 diz: “E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. Se o homem puder verdadeiramente guardar a lei, viverá. Mas não consigo guardá-la; por isso eu morro.  O versículo 11 diz: “Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou”. Se a lei não me tivesse dito que não deveria fazer isso ou aquilo, o pecado ficaria tranquilo em mim e não seria tão ativo em mim. Todavia, uma vez que a lei veio e me disse que não deveria cobiçar, o pecado, por meio do mandamento, veio tentar-me e pôs essa questão da cobiça na minha mente. A lei me diz que eu não deveria cobiçar, e proponho-me a não cobiçar; contudo em lugar de não cobiçar, cobiço ainda mais.  Em certa época eu senti que estava mentindo. Não mentia deliberadamente, mas às vezes, sem querer, falava exageradamente sobre alguma coisa ou falava pouco demais sobre outra. Ao perceber isso, resolvi que daquele momento em diante para mim o sim seria sim e o não seria não. Não importando com quem falasse, resolvi falar precisamente. Antes de me decidir por isso, na verdade não mentia tanto, mas após tomar a decisão, tornou sê-me tão fácil mentir. Na verdade, eu estava piorando. No domingo seguinte enviei uma nota dizendo que não daria a mensagem naquele dia. Quando fui questionado do motivo, disse: “Descobri que meu falar é cheio de mentiras. Isso é muito sério. Receio que até mesmo minha mensagem será repleta de mentiras”. Quando eu não dava atenção à mentira, esta parecia estar morta. Obviamente, isso não quer dizer que não mentia. Entretanto, somente quando comecei a prestar atenção à mentira, quando fui iluminado pela lei para tratar com minhas mentiras, foi que senti que todas as minhas palavras eram mentiras. Parece que as mentiras estavam ali próximas de mim. Portanto, descobri que originalmente as mentiras estavam mortas, mas agora elas tornaram-se vivas. Para onde quer que eu me voltasse, as mentiras estavam ali. O pecado matou-me por meio da lei e fiquei desamparado.  O versículo 12 continua: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo e justo, e bom”. Nunca devemos considerar a lei má. A lei é sempre santa, justa e boa. “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum!” (v. 13). Mas o pecado, sim. No princípio, o pecado estava morto e eu não estava ciente disso; mas, quando a lei veio testar-me, eu morri. “Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa causou-me a morte; a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno” (v. 13). Inicialmente, não sentimos que o pecado seja tão pecaminoso. Mas quando a lei veio e tentamos guardá-la, percebemos onde estão nossos pecados e quão pecaminosos e totalmente malignos eles são.  Podemos ver a função da lei de Deus aqui. A lei é como um termômetro. Um termômetro não lhe dará febre, mas se você tiver febre, o termômetro certamente a fará conhecida. A lei não levará você a pecar, mas se você tiver pecados, a lei de Deus imediatamente mostrar-lhe-á que é um pecador. Originalmente, você não sabia que era um pecador, mas agora sabe.  A lei veio julgar o pecado do homem. A lei foi estabelecida porque o homem tem o pecado. Você jamais verá Deus guardando a lei, pois não existe a possibilidade de que Deus transgrida a lei. Por conseguinte, nenhuma lei é imposta a Ele. Deus nunca disse ao Senhor Jesus para amar o Senhor Seu Deus de todo o Seu coração, de toda a Sua alma, de toda Sua força, e de toda Sua vontade, e amar ao Seu próximo como a Si mesmo. O Senhor Jesus simplesmente não precisava disso. Ele espontaneamente ama ao Senhor Seu Deus de todo Seu coração, de toda Sua alma, de toda Sua força, e de toda Sua vontade; Ele espontaneamente ama ao Seu próximo como a Si mesmo, até mesmo mais que a Si mesmo. Portanto, a lei é inútil para Ele. E Deus não disse a Adão para não cobiçar e para não roubar. Por que Adão precisaria cobiçar? Por que Adão precisaria roubar? Deus já lhe havia dado tudo o que estava na terra. Os Dez Mandamentos não foram dados a Adão porque ele não precisava deles. Em vez disso, a lei foi dada especificamente aos israelitas, pois ela mostrava ao homem carnal sua condição interior e seu pecado interior. Se nenhum chinês jamais tivesse roubado, não haveria necessidade de um artigo na lei chinesa acerca do roubo. Porque o homem rouba, existe um artigo na lei que diz que ninguém deve roubar. Portanto, a lei existe por causa do pecado. Quando o homem pecou, a lei veio a existir.  Agora, voltemos a Gálatas 3 e continuemos com o versículo 19: “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões”. Agora temos clareza. Deus propôs antes dos tempos eternos dar graça ao homem. Mais tarde Ele deu a Abraão uma promessa. Na eternidade era apenas o Seu propósito. Com Abraão, algo foi falado: Ele lidaria com o homem na graça. Por que, então, Deus deu a lei ao homem quatrocentos e trinta anos após aquilo? Ela foi adicionada por causa das transgressões. Para que os pecados do homem se tornassem transgressões, a lei foi dada ao homem. Desse modo, o homem percebeu que tinha o pecado e esperou “até que viesse o descendente a quem se fez a promessa” (v. 19). Não foi senão até que todos no mundo vissem que eram pecadores e realmente sem esperança que ficaram desejosos de receber o Senhor Jesus Cristo, a quem Deus havia prometido. Mesmo que Deus tivesse dado mais cedo a Sua salvação ao homem, o homem não a teria recebido. O homem não quer a graça de Deus, mas porque tem transgressões e é sem esperança, ele provavelmente receberá a graça de Deus.  O versículo 19 finaliza assim: “E foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador”. Aqui, promulgada está se referindo à lei mencionada acima. A lei não somente foi adicionada por causa das transgressões, mas também foi promulgada por um mediador. Há esses dois aspectos na lei: ela foi adicionada por causa das transgressões e promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. Por que a lei foi promulgada pela mão de um mediador? O versículo 20 explica: “Ora, o mediador não é de um”. Você já foi um intermediário ou um interventor? Um intermediário age em favor das duas partes. Por que a lei tem um mediador? Porque com a lei há o lado de Deus e o lado do homem. O homem deve fazer certas coisas para Deus antes que Ele faça certas coisas pelo homem. Quando as partes A e B fazem um contrato, o contrato estabelece o que A deve fazer e o que B fará em contrapartida, e vice-versa. Um mediador, então, servirá como uma testemunha entre as duas partes. A lei estabelece qual é a responsabilidade de Deus para com o homem e qual é a responsabilidade do homem para com Deus. Se uma das partes falha, toda a questão fracassa.  Aleluia! O que se segue no versículo 20 é maravilhoso: “Mas Deus é um”. Mas Deus é um! A lei envolve dois lados. Se um dos lados tiver problemas, tudo fracassa. Ao dar a lei, Deus disse que devemos fazer isso e aquilo. Se falharmos em fazê-las, toda a questão fracassa. Mas ao fazer a promessa, “Deus é um”, não importa como sejamos. Na promessa e na graça, não há menção do nosso lado, somente do lado de Deus. Uma vez que não haja problema do lado de Deus, não haverá problema algum. A questão hoje é se Deus pode salvar Abraão e se Ele pode preservá-lo. A questão não é como somos. Na promessa, não há nada que nos envolva, nada que dependa de como sejamos.  O princípio da lei pode ser comparado a comprar livros da nossa livraria. Se eu gastar $ 1,60, posso adquirir uma cópia de The Spiritual Man. Se eu der o dinheiro aos irmãos ali, eles me darão o livro. Se eles tiverem o livro, mas eu não tiver o dinheiro, a transação não será feita. Tampouco a transação será realizada se eu tiver o dinheiro e eles não tiverem o livro. Se um lado tem um problema, o negócio fracassa. Portanto, a lei é de dois lados. Se um lado falha, toda a questão fracassa. Mas que dizer acerca da promessa? A promessa é como nossa revista The Christian; ninguém precisa pagar por ela, pois é gratuita. A lei é: se você fizer algo por mim, eu farei algo por você em retribuição. Se fizer determinadas coisas, você obterá algo de volta; se não puder fazê-las, não obterá nada. Assim, a lei é de dois lados. Ao fazer a promessa, Deus nos concede a graça não importando se fazemos bem ou não. Isso nada tem a ver conosco; como somos não é problema. Agradecemos a Deus porque a promessa vem de um lado apenas. Um lado é suficiente.  O versículo 21 diz: “É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum!”. Os de pouco conhecimento podem dizer que a lei contradiz a graça. É correto dizer que a lei e a promessa são duas coisas completamente diferentes, mas não há nenhuma contradição; a lei é meramente o servo da promessa. É algo usado por Deus e inserido por Deus. Lei e promessa podem parecer contrárias em natureza, mas nas mãos de Deus elas não são nada contraditórias. A lei foi usada por Deus para cumprir Seu propósito. Sem a lei, a promessa de Deus não teria sido cumprida. Por favor, lembrem-se de que Deus usa a lei para cumprir esse objetivo. Portanto, a lei e a promessa em nada se contradizem. Paulo conclui desta maneira: “Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei” (v. 21). Se um homem pudesse obter justiça pela lei, ele poderia ter vida por meio da lei. Entretanto, o homem não pode fazer isso. Portanto, “a Escritura encerrou tudo sob o pecado” (v. 22a). Que foi que Deus usou para encerrar-nos a todos? Ele utilizou a lei. Quem quer que seja encerrado pela lei tem de admitir que é um pecador. Deus encerrou tudo sob o pecado “para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem” (v. 22b). Aleluia! A lei de Deus é algo que Deus usa para salvar-nos. Não é algo que Deus usa para condenar-nos. A lei é totalmente algo usado por Deus. Cada um de nós foi encerrado. Cada um de nós é um pecador. Deus utilizou a lei a fim de mostrar-nos que somos pecadores para que Ele possa salvar-nos!  Abraço. Davi

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

O QUE É UMBANDA

Espiritualidade. www.emporioesoterico.com.br. O QUE É UMBANDA. A Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e seus servidores: Crianças, Caboclos, Preto-velhos e Exus. A Umbanda nasceu da fusão da religião africana trazida pelos negros nos tempos da colonização, a Nação, com a religião praticada pelos nossos colonizadores Europeus, o Catolicismo, e a Pajelança, que era praticada pelos Índios aqui no Brasil. A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as forças da natureza. A esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo religioso", e nasceu no Brasil a religião Umbanda, com muitos preceitos e fundamentos da Nação, mas também com as imagens e menções aos santos católicos. Além do culto as forças da natureza a religião africana, a Nação, também cultuam os antepassados, e desta forma a Umbanda também o fez. Os antepassados dos que praticavam e difundiam a religião naquela época eram reis, rainhas, príncipes, princesas e até gente comum trazidas ou não da África como escravos. Estes espíritos desencarnados, são conhecidos por nós como Preto-velhos, muitos dos quais optaram por traçar a sua evolução espiritual através da prática da caridade, mantendo as características de sua última encarnação e incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Isso se pode dizer sobre os espíritos de colonos, caboclos, índios, boiadeiros, crianças e até de pessoas comuns que tiveram uma passagem difícil pela terra, e que se juntaram a esta religião por afinidade, para evoluir e ajudar outros a evoluírem através da prática da caridade: Incorporando, dando passes, passando mensagens, medicando, orientando, protegendo etc. Estes grupos de espíritos estão na Umbanda "organizados" em linhas: Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Exus. Cada uma delas com funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças da natureza que os regem, os ORIXÁS. Na verdade, a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma religião totalmente brasileira. O nome Umbanda é a denominação dada a uma religião afro-brasileira que mescla ensinamentos do espiritismo kardecista, catolicismo e seitas trazidas pelos escravos africanos. A prática da Umbanda geralmente se vincula ao chamado pai ou mãe de santo, ou chefe de terreiro, uma pessoa que teria dons mediúnicos de incorporar os espíritos de pessoas falecidas (as chamadas entidades), sendo estes espíritos de índios (caboclos), negros escravos ou não (pretos velhos, Pai Joaquim, Pai Arruda, Tia Joana etc), e outros. Estas incorporações costumam ocorrer em reuniões (as sessões) num aposento grande com um altar, que é chamado de Terreiro, onde os membros (filhos de santo ou cambonos) cantam, auxiliam o chefe de terreiro nos trabalhos e no atendimento de pessoas que vão lá para se consultar com a entidade. Se estas reuniões ocorrem na rua, em matas, praias, ou exteriores em geral, são chamadas Obrigações, e nestas geralmente se deixam oferendas às entidades, como comida, flores, velas etc. Aquilo que as pessoas no Brasil designam por "macumba", na verdade é o outro ramo do sincretismo afro-brasileiro, denominado Quimbanda ou Magia Negra, considerada pelos estudiosos no assunto como um desvirtuamento, pois é fundada na prática do mal, de feitiçaria com o objetivo de prejudicar a vida de supostos "inimigos", recorrendo a espíritos como Exús, Pomba giras etc. É importante, por isso, distinguir muito bem a diferença entre Umbanda e Quimbanda. Os seguidores da Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles feitos para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem, e nunca de prejudicar quem quer que seja. Os espíritos da Quimbanda podem, no entanto, ser invocados para a prática do bem, contanto que isso seja feito sem que se tenha que dar presentes ou dinheiro ao médium que os recebe, pois o objetivo do verdadeiro médium é tão somente a prática da caridade. A Umbanda se divide em Linhas, cada uma chefiada por um Orixá (espírito com uma missão) e formada por Legiões, subdivididas em Falanges. Zambi (Deus) é o chefe supremo de todos os espíritos.

As Linhas de Umbanda são as seguintes:
  • Linha de Iemanjá - chefiada por Santa Maria e formada por Caboclas do Mar e dos Rios, Sereias, Marinheiros, etc.
 
  • Linha de Oxóssi - chefiada por São Sebastião, formada por caboclos (índios).
 
  • Linha de Ogum - chefiada por São Jorge e formada por personificações deste santo em vários setores: Ogum Beira-Mar (praias) ; Ogum Rompe-Mato (matas) ; Ogum Iára (rios), entre outros
 
  • Linha de Xangô - chefiada por São Jerônimo, formada por caboclos, Inhaçã e pretos (Quenguelê).
 
  • Linha Africana - chefiada por São Cipriano, formada por pretos de várias regiões da África.
 
  • Linha de Oxalá - chefiada por Jesus e formada por santos católicos: Santo Antônio, São Benedito, São Cosme e São Damião, Santa Rita, São Francisco de Assis, Santa Catarina e São Expedito.
 
  • Linha do Oriente - chefiada por São João Batista, formada por médicos, cientistas, Indus, Japoneses, Chineses, Árabes, entre outros.
 
É um conjunto de leis divinas, que tem sua base nos Orixás africanos, embora tenha em sua doutrina conceitos de outras religiões, como a católica, a indígena, a muçulmana, a egípcia, a védica e outras. A Umbanda é uma religião que nasceu no Brasil, trazendo em primeiro lugar os Orixás, Deuses Africanos trazidos pelos nossos escravos. Mais, para um melhor entendimento é preciso colocar desde o início da colonização do Brasil como ocorreu essa mistura de conceitos e religiosidade da Umbanda. A Igreja Católica, religião dominante na Europa, continente de nossos colonizadores, é representada na Umbanda através dos seus Santos, que na sua maioria são mártires que dedicaram suas vidas a propagação dos ensinamentos do Cristo. Quando os Jesuítas chegaram ao Brasil eles encontraram os nossos índios, verdadeiros Brasileiros com seus Deuses e crenças próprias, e tentaram lhes impor sua religião, foi a partir desta tentativa que começou a miscigenação destas raças, só que, ao contrário do previsto pelos Jesuítas, os índios não esqueceram as suas práticas e sim adaptaram os ensinamentos dos Jesuítas aos seus rituais, criando-se assim a primeira mistura de religiosidade. Os colonizadores com o tempo, começaram a respeitar a religião indígena, principalmente pela atuação dos seus pajés, chefes espirituais de cada tribo, em casos de saúde, pois, como não havia médicos, pediam a intervenção destes pajés em casos de doença. Estes pajés utilizavam ervas medicinais e rezas para afastar o mal espírito que estava se manifestando naquela pessoa através da doença, esta prática tornou-se cada vez mais usual, porém com o aumento da população, os Portugueses começaram a enviar mais missionários e médicos para interromper estas práticas, e a população começou a procurar os pajés em menor frequência e as escondidas. Muitas mulheres desta época, se interessaram pelas ervas medicinais que os pajés utilizavam, e por não conhecer as rezas que eles faziam misturavam rezas de santos Católicos com estas ervas criando-se assim as famosas rezadeiras e curandeiras do Brasil. Por isso que a influência indígena é tão forte na Umbanda, com seus Caboclos, entidades representantes destes índios que aqui estavam quando os colonizadores chegaram. Várias raças já habitaram o planeta Terra e uma delas, a mais antiga, foi a raça vermelha que surgiu na Lemúria (África e América do Sul unidas num só continente) chamada de civilização Lemuriana. Os nossos índios são os ancestrais desta raça tão antiga e importante para a nossa Umbanda e para o mundo. A Umbanda começou a se formar na época da escravatura com a mistura dos cultos africanos e da religião Católica. Os negros não podiam praticar o seu culto livremente pois a repressão católica era muito forte e, por isso começaram a sincretizar os seus Deuses com os Santos da Igreja Católica. Com a formação de quilombos, povoados construídos para refugiar os negros que trabalhavam como escravos nas senzalas, começou a tomar forma uma mistura de conceitos e religiosidade, pois, entre os próprios negros havia uma mistura de povos diferentes e de cultos também, entre estes negros estavam os bantos, congos, nagôs e outros que, por não terem representantes sacerdotais específicos de cada culto, acabaram por misturar seus conceitos e práticas ritualísticas. Junto àqueles quilombos estavam, também, algumas aldeias indígenas e essas interagiam com os negros, criando-se, assim, mais uma mistura de religiosidade entre povos. Sendo assim já temos três cultos distintos e interligados pelo destino, o Católico, o Africano e o Indígena. Para representar melhor essa mistura dentro da Umbanda, veremos: os Orixás, como representantes dos Africanos e os pretos velhos dos escravos no Brasil, os santos da Igreja Católica sincretizados com esses Orixás e as rezadeiras, mulheres brancas, que misturavam as rezas católicas com as ervas e defumações indígenas para a cura de diversos males; os caboclos representantes dos índios, adaptados a esse meio, porém, conservando o seu trabalho de magia espiritual com as ervas e os elementais. Sendo a Umbanda uma religião com base espírita, pois acredita na reencarnação do espírito e na lei do carma, ela desenvolve um trabalho de ajuda espiritual, através dos médiuns, aparelhos de trabalho das entidades, guias que trabalham na caridade, nas giras de Umbanda, ensinando-nos a amar ao próximo, a ter fé e não nos desesperar diante dos problemas que a vida nos traz. Possui na sua liturgia os rituais : casamento, batismo, confirmação, amaci, coroação e fúnebre. Todos esses rituais são realizados por entidades chefes, que são os responsáveis pela liturgia e magia na Umbanda. A Umbanda cultua alguns Orixás do Candomblé, religião Africana que foi trazida para o Brasil pelos escravos, porém sua forma de cultuar é completamente diferente. Os Orixás que foram incorporados a Umbanda são: Oxalá, Ogum, Xangô, Oxosse, Obaluaê, Oxúmarê, Yemanjá, Oxum, Iansã, Ossaim e Nanã. Na Umbanda, os Orixás são dados as pessoas como guardiões, isto é, todos são filhos de Oxalá, e alguns tem como guardiões outros Orixás que são ligados a entidade chefe do filho de fé. Como seria isso, nós temos os nossos guias de trabalho e entre eles existe aquele que é o responsável pela nossa vida espiritual e por isso é chamado de guia chefe, pode ser um caboclo, preto velho, criança, boiadeiro e até um exu, sendo que, no caso de ser um Exu, esse médium deve ser bem espiritualizado e o Exu bem doutrinado. Um médium descobre o seu guia chefe através de uma obrigação muito importante para a Umbanda, que é o Amací. Essa obrigação é para médiuns já desenvolvidos, isto é, que incorporam todos os guias de trabalho na Umbanda. Consiste em uma lavagem da cabeça deste médium com um preparado de ervas e outros elementos que tornarão o Orí, cabeça, forte o suficiente para que esta entidade se apresente e confirme seus fundamentos, seu nome, o trabalho que veio desenvolver, seus fundamentos e o Orixá a que pertence, por exemplo: um médium que tem como guia chefe o Caboclo Ventania que vem pela linha de Xangô, terá este Orixá como guardião. Existe, também, na Umbanda o Orixá ligado a data de nascimento do médium que também é considerado um Orixá guardião, sendo esse responsável pela vida pessoal do filho de fé. O termo Orixá de Coroa não pertence a Umbanda, e sim ao Candomblé, porém as vezes existe a coincidência do Orixá de coroa ser o mesmo do Orixá guardião, mas, como já disse, isso é uma coincidência a Umbanda não trata Orixá e sim o cultua de forma diferente do Candomblé e, por não cultuar todos os Orixás não pode definir Orixá de coroa. Para se saber o Orixá de coroa deve-se consultar os búzios. O que acontece é que muitas vezes os Zeladores de Umbanda são, também, iniciados no Candomblé e sabem jogar os búzios podendo, assim, falar aos seus filhos os Orixás de coroa e os Orixás guardiões. www.emporioesoterico.com.br. Abraço. Davi.