quarta-feira, 12 de março de 2025

A LEI DAS AFINIDADES

Religião Afro-brasileira. Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). A LEI DAS AFINIDADES. Algumas leis ou princípios divinos, já enunciados pelos mestres em todos os tempos, estão assentados nos meios espiritualistas como verdades. Temos: A lei do Carma. A lei do retorno. A lei de ação e reação. Portanto, aqui vamos comentar a "Lei das Afinidades", cujo enunciado mais conhecido é este: Os semelhantes se atraem e os opostos se repelem". Esse enunciado sintetiza todo um princípio de natureza divina que está no magnetismo dos muitos níveis onde as afinidades acontecem. Mas existem casos em que a atração só ocorre entre os "aparentemente" opostos. Um homem é do sexo oposto ao de uma mulher. Mas essa oposição é aparente, uma vez que, em verdade, são apenas "diferente". Quando se unem, fecham uma ampla afinidade, já acontecida em outros níveis conscienciais. As afinidades podem ter ocorrido no campo racional, área do intelecto. Ou no emocional, área dos sentimentos, assim como no visual, área das formas e aparências. A Lei das Afinidades abrange toda a tela magnética que permeia e flui pelo todo planetário: criação e criatura. Dessa forma, ela atua lado a lado com as Lei do Carma e com a Lei de Ação e Reação, também reguladas pela tela magnética que permeia toda a criação e todas as criaturas. Essa tela abrange os níveis conscienciais, todos os níveis espirituais, todos os níveis energéticos, magnéticos e vibratórios. Nada que ocorre deixa de ressoar nessa tela, invisível aos olhos humanos carnais ou espirituais, mas que pode ser vislumbrada pelos espíritos que, sublimando a "visão das coisas", adquirem uma visão divina. Os regentes da natureza, os Orixás, não nos observam com outra visão além dessa visão divina. Cor, beleza, altura etc ... aos olhos deles, estes atributos humanos são vistos de um ângulo tal que a cor é a tonalidade de nossas vibrações. A beleza é a quantidade de luz que irradiamos, e a altura ou tamanho é o alcance das irradiações coloridas que emitimos. Assim, na visão divina existe cor, beleza e tamanho. Mas, por nos observar de um ângulo divino, possui outros valores para mensurar-nos. Por isso, um ser de natureza não dá o menor valor aos nossos tão caros atributos físicos. Na escala visual, a partir de um nível ou grau, os valores são substituídos pelos atributos íntimos do ser visualizado - sentimento. Um espírito é visto unicamente pela sua cor, luz e irradiação. Mas ... voltando à Lei das Afinidades sem que dela tenhamos nos afastado, ela regula a aproximação ou a repulsão entre os seres, e estas coisas ocorrem em todos os níveis conscienciais e graus evolutivos. As afinidades energéticas acontecem naturalmente logo a primeira vista e ao primeiro contato. Mas, no nível mental, ela começa a acontecer somente após trocas de energias em níveis pessoais ou individuais. É muito comum vermos uma pessoa em uma festa, ou em uma palestra, e nos sentirmos atraídos pela irradiação, luz e cor que ela nos envia. Ainda que não tenhamos a visão dessas qualidades. Mas a afinidade natural acontece, independentemente de nossa vontade, tudo ocorre naturalmente. Também é comum que, após uma primeira reação de distanciamento - antipatia - ouvindo as ideias de um não afim visualmente, venhamos a sentir-nos atraídos pelo conteúdo oculto daquela pessoa. Aí a afinidade se processa na área do magnetismo, que escapa a cor, luz e irradiação. Magnetismo é o acúmulo energético que acontece no mental de um ser em função da intensa vivência íntima de sentimentos positivos ... ou negativos. Sendo que as atrações ocorrem em ambas as polaridades magnéticas. É comum sentirmos atraídos por um humorista chulo, uma atriz devassa, ou um personagem sanguinário, não? Sim, isso acontece. E isso ocorre porque nós possuímos em nosso magnetismo os dois polos. Uma pessoa, se colocada diante de um assassino armado, desmoronaria. Mas, assistindo a uma peça ou filme, torce para que matem o homicida cruel. Nesse caso específico, a afinidade está ocorrendo entre o negativo do assistente e sua reação a uma ação negativa. Na Lei de Ação e Reação, o mais correto seria a lei desarmar o assassino e interná-lo. Todavia a reação vai processar-se exatamente no polo negativo dessa lei que, quando acionado, anula o iniciador de uma ação negativa. Aí a afinidade não acontece em desacordo com a lei. Apenas processou-se em seu polo negativo, que nada mais é que a Lei de Talião ou do "olho por olho e dente por dente", quem matou tem de ser morto. Por isso, os defensores da pena de morte têm seus adeptos, e aqueles contrários a ela também os têm. Podemos encontrar as afinidades com o polo negativo da Lei de Ação e Reação nos executores da Lei nas Trevas. Já o polo positivo da lei, é encontrado nas esferas da luz, onde nenhum espírito deseja a anulação de um oposto seu nas Trevas. Apenas esforça-se para transformá-lo em um ser afim, magnética e emocionalmente falando. Essa Lei das Afinidades é responsável pelo direcionamento dos espíritos após o desencarne ou a separação com a matéria. A separação até pode ocorrer com o auxílio de espíritos socorristas, porém o direcionamento que conduzirá o desencarnante à esfera afim com seu magnetismo, espírito algum impedirá que ocorra. Em muitos casos, quando espíritos afins e vivendo nas esferas da luz tentam auxiliar um familiar magneticamente negativo. Sofrem muito ao devido negativismo mental do recém desencarnado. Já que ele mesmo, por uma reação da Lei das Afinidades, começa a deslocar-se para as regiões onde o magnetismo negativo afim o está atraindo. Se acontecer uma tentativa de rete-lo em uma esfera positiva, em um incômodo ele se tornará, causando muita desarmonia ao seu redor. Por essa razão, a Lei possui milhares de abrigos para receber os recém desencarnados, toso eles localizados em um plano em tudo afim com o magnetismo do plano material. Nesses abrigos, os espíritos permanecem até que sejam esclarecidos de seus estados pós desencarne e possam ser orientados para a evolução de acordo com as leis e os princípios da vida na luz. Mas, se a opção for por continuar em uma via negativa, aí o jeito é liberá-lo para que vá ao encontro de seus afins magneticamente negativos. Uma pedra não se sustenta no ar - luz - e um gás nobre não pode ser retido nas entranhas da terra. Tudo é uma questão de afinidade. Essa afinidade no nível da matéria também é responsável pela formação das substâncias no plano material. Assim, átomos afins se unem facilmente e permanecem unidos até que sofram uma ação forte que quebre a ligação estabelecida entre eles, os quais tendem a permanecer unidos desde que em repouso magnético. É c certo que a Física e a Química criaram muitas substâncias a partir da combinação dos átomos de elementos diferentes. Mas isso só é possível se houver afinidade entre eles, os quais, ao se unirem, completam-se e dão forma a novas substâncias. A Lei das Afinidades está presente em tudo. Nos variados tipos de solo e clima, tanto a flora quanto a fauna são completamente afins, e, se forem deslocados para outros ambientes não afins, tendem a perecer ou a ter suas populações reduzidas. Tudo se deve â Lei das Afinidades, a qual regula a natureza em todos os seus aspectos, níveis e formas. A Afinidade, enquanto lei auxiliara da criação, é um princípio imutável e atua também nos sentidos. Esses princípios são sete: Fé. Razão. Amor. Conhecimento. Lei. Sabedoria. Geração ou vida. Conhecemos pelo sentido da fé. A Lei das Afinidades atua com tanta intensidade no sentido da Fé que, se uma religião não nos é afim, dela nos afastamos, dando a impressão de que não cremos ou não amamos a Deus. Mas a verdade é bem outra, desde que encontremos uma religião ou ritual afim com nossas concepções acerca de Deus. Imediatamente nos identificamos com ela, e nossa religiosidade aflora novamente. Muitos, senão a maioria dos fiéis de uma religião, não observam esse aspecto na religiosidade das pessoas e vivem criticando os adeptos das outras formas e modos de se louvar a Deus. Contudo, se conhecessem a Lei das Afinidades, com certeza entenderiam que para Deus não importa como o cultuemos e louvemos. Desde que o façamos, pois Ele, o nosso Criador, não nos "fez" todos iguais, porém tão somente semelhantes. Cada ser é um indivíduo, um espírito e uma alma - natureza- única, gerado em uma inspiração única do único Criador. Então, como podem querer que rezemos pela mesma "Bíblia" se temos concepções parecidas, mas não iguais, sobre como devemos realizar nossa fé em Deus? Se existem tantas religiões, ritos e convicções, todas têm suas funções e seus graus de abrangência extensivo a um grande número de indivíduos mais ou menos afins. Ninguém põe em discussão a unicidade de Deus e muito menos as suas hierarquias auxiliares na regência da criação e das criaturas. Se observarmos, veremos que por trás das aparências só existe uma hierarquia divina, um Único Deus e suas hierarquias celestiais: Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, Tronos, Poderes etc. Mudam os nomes ou as concepções de como são essas hierarquias, no entanto, os fundamentos são os mesmos. Saindo das religiões mentais e adentrando nas religiões naturais, sempre encontramos um Deus supremo: Zeus, Olorum, Zambi, Tupã. Todavia cada um com suas hierarquias de divindades regentes dos múltiplos aspectos da natureza e da vida. Mas ... se usarmos da analogia e do bom senso, aos poucos iremos identificando qualidades, atributos e atribuições semelhantes em todos os aspectos entre todas as religiões. Isso se deve ao fato de Deus ser único, mas se adaptar facilmente as mais variadas concepções que dele tenhamos. Isso ocorre porque Ele é o Criador de tudo e de todos, e fala a todos o tempo todo, em todas as línguas, em todos os lugares e em todos os níveis de consciência. Hoje, já consciente para estas verdades, às vezes temos dificuldades em entender a razão de tantas discórdias, no plano material, com relação a coisas que não merecem ser discutidas. As diferenças de rituais e as formas e os modos de louvarmos a Deus! Embora hoje isso nos pareça de fácil compreensão, em um passado não muito distante nós também alimentávamos nossas diferenças. Vivendo num meio no qual as dúvidas eram tantas que nos sentíamos perdidos quanto as coisas da fé. Porém, por nossa imensa afinidade com a paz e a concórdia entre os povos, fomos atraídos para junto de irmãos afins. Vivendo em esferas afins com os nossos mais íntimos desejos. Como nos alongamos bastante ao comentarmos a Lei das Afinidades no sentido da Fé, cremos que bastará aos leitores transpor os conceitos aqui expostos aos outros seis sentidos capitais e tudo compreenderão. A Lei das Afinidades está presentes em nossas vidas, na natureza e em Deus. Quanto ao restante, bem, é só o restante! Abraço. Davi


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