segunda-feira, 23 de junho de 2025

A RELIGIÃO DO ISLÃ. PARTE XI

Islamismo. Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo (1961 - ). A RELIGIÃO DO ISLÃ. PARTE XI. Recorda-te de quando Luqman disse ao seu filho, exortando-o : Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniquidade.” (31:13). Também disse: “Ó fiéis, em verdade os idólatras são impuros...” (9:28). Trata-se de uma impureza espiritual que ilustra que a pessoa está denegrindo sua alma. Uma vez que se entende o conceito de monoteísmo puro e o mesmo é praticado pelo indivíduo, surge um tipo de nobreza (pela falta de um termo melhor) e um sentimento proposital que o acompanha em sua alma. A pessoa se dá conta que não deve se submeter, prostrar nem reverenciar nada, nem ninguém que não seja Allah. Não pode oferecer suas orações a ninguém, exceto Allah, nem tampouco pode pedir perdão a ninguém afora Allah. Não recorre a pessoas mortas que, na realidade, não eram mais do que simples seres humanos. Não se senta ao pé de figuras metálicas ou de madeira que outros seres humanos criaram. Não teme a nenhuma forma de espírito que deve ser acalmado através de sacrifícios. Essa pessoa baseará sua vida na crença de que há apenas um Deus. Todas essas práticas estão proibidas segundo o conceito do monoteísmo. Mas, vai além de uma mera proibição. O indivíduo entende plenamente que todos esses atos não são próprios de um ser humano, quem Allah criou com um fim nobre e especial. Todos esses atos são inferiores ao ser humano e é inconcebível que uma pessoa, em seu juízo perfeito, possa participar deles. Por que uma pessoa haveria de se prostrar e rezar para outro ser humano como ele, que necessita comer e beber para sobreviver? Como pode alguém afirmar que outro ser humano compartilha, nem que seja uma pequena porção, da divindade de Allah e, portanto, merece que outros seres humanos se prostrem para ele? Ser resgatado de o castigo de Allah Allah disse no Qur’an: “Toda a alma provará o sabor da morte e, no Dia da Ressurreição, sereis recompensado integralmente pelos vossos atos; quem for afastado do fogo infernal e introduzido no Paraíso, triunfará. Que é a vida terrena, senão um prazer ilusório?” (3:185). Certamente, todo ser humano enfrentará a realidade da morte. Depois da morte, cada pessoa terá que se apresentar, frente a seu Senhor e deverá prestar contas de todos os seus atos. Para muitos, suas crenças, atitudes e ações os levarão a apenas a um destino: o castigo e a ira de Allah. Salvar-se desse destino é um dos maiores objetivos que uma pessoa pode alcançar. No Dia da Ressurreição a diferença entre os que creram e os que deixaram de crer será enorme. Veja como Allah descreve o que acontecerá neste dia. Allah disse: “Ó humanos, temei a vosso Senhor, porque a convulsão da Hora será logo terrível. No dia em que a presenciardes, casa nutriente esquecerá o filho que amamenta; toda a gestante abortará; tu verás os homens como ébrios, embora não o estejam, porque o castigo de Deus será severíssimo.” (22: 1-2). “Pois, quando for tocada a trombeta, Esse dia será um dia nefasto, Insuportável para os incrédulos.” (74: 8-10). Os incrédulos, devido às suas atitudes nesta vida e suas intenções de se comportarem sempre segundo a forma de vida que levam, privar-se-ão de tudo de bom que haverá nesse Dia. Allah não os beneficiará de forma alguma e nem sequer os olhará com complacência e aprovação. Como disse Allah, em mais de uma ocasião, sobre os incrédulos. “Aqueles que negociam o pacto com Deus, e sua palavra empenhada, a vil preço, não participarão da bem-aventurança da vida futura; Deus não lhes falará, nem olhará para eles, no Dia da Ressurreição, nem tampouco os purificará, e sofrerão um doloroso castigo.” (3:77). A complacência de Allah e o Paraíso na próxima vida A complacência de Allah e a felicidade da pessoa na próxima vida são o resultado mais importante que um verdadeiro muçulmano quer atingir. A próxima vida é a única vida real que devemos seguir. Mas, esta vida real só será desfrutada por aqueles que possam superar os baixos desejos desta vida mundana e, em seu lugar, busquem a complacência de Allah. Por isso o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Ninguém entrará no Paraíso, exceto que seja crente.” (Bukhari). Em outras palavras, essa vida tão magnífica e abençoada só será para aqueles que creram, praticaram o islam e purificaram suas almas, agradando, assim, a Allah, merecendo Sua bendita recompensa do Paraíso na próxima vida. Essa vida não será para aqueles que praticaram o mal e deram as costas à orientação de Allah. Allah recorda a todos os seres humanos quando diz: “Destinamos a morada, no outro mundo, àqueles que não se envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos tementes.” (28:83). De fato, Allah não apenas resgatará os crentes e as almas purificadas do castigo deste Dia, senão que também purificará todos os pecados que possam carregar, para que assim atinjam um estado apropriado para entrar no Paraíso. É uma bênção especial que só recebem aqueles que tiveram a intenção de se purificar com sua fé e boas ações nesta vida.

Na realidade, o verdadeiro crente e muçulmano viverá a felicidade em todas as etapas desta vida. Como dissemos antes, vive a verdadeira felicidade nesta vida, enquanto os demais perseguem uma felicidade imaginária ou similar a uma miragem. Ao chegar sua morte, sua alma também fluirá livremente de seu corpo, envolta por um belo aroma à medida que saboreia os prazeres da próxima vida. Os anjos falarão com ele e lhe darão as boas novas do que virá. Allah descreveu com belas palavras o que ocorrerá: “Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se firmam, os anjos descerão sobre eles, os quais lhes dirão: Não temais, nem vos atribuleis; outrossim, regozijai-vos com o Paraíso que vos está prometido! Temos sido os vossos protetores na vida terrena e (o seremos) na outra vida, onde tereis tudo quanto anelam as vossas almas e onde tereis tudo quanto pretendeis. Tal é a hospedagem do Indulgente, Misericordioso!” (41:30-32). Ver também 10: 62-64. Afora isso, no túmulo haverá felicidade, pois o túmulo do crente se expandirá e ele poderá ver seu lugar no paraíso, enquanto o túmulo do incrédulo se reduzirá e ele poderá ver seu lugar no inferno. Allah descreve os crentes o Dia da Ressurreição com estas belas palavras: “Em verdade, aqueles a quem predestinamos o Nosso bem [aqueles que decretamos ser crentes], serão afastados disso [do inferno]. Não ouvirão a crepitação [da fogueira] e desfrutarão eternamente de tudo quanto à sua lama apetecer. E o grande terror não os atribulará, e os anjos os receberão, dizendo-lhes: Eis aqui o dia que vos fora prometido!” (21: 101-103). “E Deus salvará os tementes, por seu comportamento, não os açoitará o mal, nem se atribularão.” (39:61). Os crentes se salvarão de todas as penúrias do Dia da Ressurreição até que lhes seja outorgada a entrada no Paraíso: “E tu, ó alma em paz, retorna ao teu Senhor, satisfeita (com Ele) e Ele satisfeito (contigo)! Entre no número dos Meus servos! E entra no Meu jardim!” (89: 27-30). “Em troca, os tementes serão conduzidos, em grupos, até ao Paraíso e, lá chegando, abrir-se-ão as suas portas e os seus guardiães lhes dirão: Que a paz esteja convosco! Quão excelente é o que fizestes! Adentrai, pois! Aqui permanecereis eternamente. Dirão: Louvado seja Deus, Que cumpriu a Sua promessa, e nos fez herdar a terra. Alojar-nos-emos no Paraíso onde quisermos. Quão excelente é a recompensa dos caritativos!” (39: 73-74). Na realidade, além de tudo isso, o importante é que receberão a complacência de Allah. Allah disse: “Deus prometeu aos fiéis e às fiéis jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente, bem como abrigos encantadores, nos jardins do Éden; e a complacência de Deus é ainda maior do que isso. Tal é o magnífico benefício.” (9: 72). Por último, conquista a maior das recompensas aqueles que se purificaram nesta vida através da verdadeira fé, boas ações e excelência no aperfeiçoamento da fé: a oportunidade de ver Allah. Allah disse: “Aqueles que praticam o bem obterão o bem e ainda algo mais; nem a poeira, nem a ignomínia anuviarão os seus rostos. Eles serão os diletos do Paraíso, em que morarão eternamente.” (10: 26). Em um hadith registrado por Muslim, o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) explicou que “ainda algo mais” significa a bênção de poder contemplar a Allah. Converter-se em um Crente Antes de discutir os artigos sobre a fé, é necessário abordar certos temas introdutórios. O primeiro está relacionado com a definição de “fé” ou “crença” segundo a perspectiva islâmica. O segundo se refere à base da fé. Definição de crença Para a língua portuguesa, “crença” é simplesmente o reconhecimento de que algo é certo. Assim, é comum que nos perguntem: “Crês que Deus existe?” e a resposta pode ser um “Sim”. A mesma pessoa pode, então, perguntar-te: “Sua fé em Deus tem alguma influência ou ramificação em sua vida, suas ações e seus objetivos?” Ante essa pergunta, a mesma pessoa que disse crer em Deus poderá responder: “Não”. Diante desta situação tão comum, dever-se-ia fazer a seguinte pergunta: esse tipo de fé é equivalente ao que o Islam quer dizer com, por exemplo, “fé em Allah”? A base de nosso Islam começa com o que está em nosso coração e nossa fé. Assim, o Islam ressalta o significado do verbo “crer”, como trataremos mais adiante, neste mesmo capítulo. Sem dúvida, ao mesmo tempo, o Islam também destaca o que deveria ser a “fé”. A fé, desde uma perspectiva islâmica, não pode ser algo que a pessoa tenha em seu coração, mas que não influencie em nada sua vida e conduta. Ao contrário, a fé no coração deveria ser a força que impulsiona tudo o que a pessoa faz. Uma fé verdadeira e eficaz nunca permanece num universo abstrato, senão que sua influência se manifesta a nível prático, no cotidiano. Tomemos um exemplo simples: a questão de enganar e roubar está diretamente relacionada com o sistema integral da fé. Se uma pessoa crê que estes atos são moralmente incorretos e que existe um Deus justo e todo-poderoso, ante Quem deverá prestar contas de seus atos, seguramente, abster-se-á de praticá-los. Mas, se uma pessoa não crê nas influências eternas de seus atos ou no Dia do Juízo, seu fator de decisão girará somente em torno das possibilidades que poderão justificar algum tipo de castigo, ou seja, ela poderá se prender em uma armadilha.
De fato, a verdadeira fé é muito mais que fazer com que a pessoa se dê conta das influências negativas ou positivas de um ato. À medida que uma pessoa desenvolve sua fé fortalece suas crenças, sua fé se molda de acordo com a forma com que ela observa as coisas. Seu amor ou ódio por algo estão determinados pela sua crença naquilo. Por exemplo, quando reconhece que Allah ama algo, percebe que aquilo deve ser maravilhoso e merecedor de seu amor. Pelo contrário, se algo não agrada a Allah, a pessoa admite que essa coisa possui características que merecem sua repulsa. Um exemplo é o ato de fumar. Alguém pode crer que fumar é prejudicial e danoso aceitando como certos os fatos que provam que fumar é prejudicial. Entretanto continua fumando e não deixa que aquilo que reconhece como certo guie suas ações. Em outras palavras, não se submete à verdade, nem tampouco implementa o que está dito. Seu conhecimento fatual sobre o ato de fumar não chegou a seu coração de tal maneira que desenvolva uma aversão pelo tabaco devido a seus males. Portanto, seu reconhecimento dos fatos não é o mesmo que ter “fé”, ou, dito em termos qu’rânicos, “Imaan”. O imaan implica ter a vontade de se submeter e promulgar o que é reconhecido como certo. No caso da verdadeira fé, ou Imaan, se é forte ou sã, nesse momento, conseguirá alcançar a recusa, em seu coração, desse ato que julga incorreto ou prejudicial. Isso fará com que a pessoa não deseje cometer esse ato prejudicial. Ao mesmo tempo, colocará em seu coração o amor por todas as boas ações. Allah disse: “Porém, Deus vos inspirou o amor pela fé e adornou com ela vossos corações e vos fez repudiar a incredulidade, a impiedade e a rebeldia. Tais são os sensatos.” (49: 7). Portanto, essa fé irá reger sua vida e o guiará ao que deve ser feito. Sem dúvidas, se sua fé é débil e se encontra superada por outras forças presentes em seu coração, provavelmente não terá efeito.
Então, a verdadeira fé significa que a pessoa atua de acordo com tal fé. Por exemplo, quando uma pessoa diz que crê nos anjos, significa que sabe que eles estão presentes e que realmente estão registrando todos os seus atos. Isso o afeta de tal maneira que não cometerá aqueles atos que não quer que os anjos vejam e registrem. Assim, um estudo profundo do Qur’an e da Sunnah mostra que o imaan tem certos componentes. Esses componentes foram resumidos pelos primeiros sábios com as palavras “o imaan é a palavra e a ação”. A palavra aqui se refere à palavra do coração (afirmação) e a palavra da boca (verbalização). A ação inclui tanto as ações do coração (vontade de se submeter, amor, etc.) e as ações do corpo (oração, jejum, etc.). Por razões de clareza, ao longo do tempo, estes componentes se dividiram nos seguintes três itens essenciais do imaan, que também foram mencionados por muitos sábios: (1) fé no coração; (2) verbalização; (3) realização de ações com as partes físicas do corpo. Definitivamente, a fé, num sentido de se crer verdadeira e definitivamente em algo, deveria dirigir a uma correspondente submissão àquilo em que se crê. Do contrário, não é mais que uma aceitação de um fato, porém não constitui o conceito islâmico de imaan. Nesta linha, Ibn Uthaimin escreveu o seguinte: “O imaan é a afirmação que requer aceitação e submissão. Se uma pessoa crê em algo sem aceitar nem se submeter, não é imaan. A evidência disso é que os árabes politeístas criam na existência de Allah como o Criador, Mantenedor, Quem dava a vida e a morte e Gestor de todos os assuntos do universo. Além disso, um deles aceitou o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) como Mensageiro, mas não era um crente. Essa pessoa era Abu Talib, o tio do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) ... entretanto, isso [fé no Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah esteja com ele. De nada lhe servirá se não for aceito e não se submeter ao Profeta trouxe. Que a paz e as bençãos de Allah esteja sobre ele. Página  109. Abraço. Davi

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