Religião Afrobrasileira.
Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). OS
MISTÉRIOS. Parte III. Os Orixás são mistérios de Deus e nunca os conheceremos
em sua totalidade. Mas os estudos dos mistérios vão nos mostrando onde e como
eles atuam. Muitos se tem escrito acerca dos mistérios de “Elêusis” dos
mistérios “Egípcios”, dos “mistérios da Tábua de Esmeraldo” etc. Mas a nenhum
estudioso ocorreu que os Orixás são todos esses mistérios naturais, ocultados
por rituais religiosos, normalmente fechados aos não iniciados. As castas
religiosas guardavam a sete chaves os modos de ativar estes mistérios ou suas
chaves rituais. Assim conservavam em suas mãos o poder e controlavam a mente e
os corações dos seus fiéis. Toda uma pompa religiosa ocultava das massas a
forma simples de se entrar em contato com as divindades. Os fiéis só obtinham
os favores delas caso se curvassem diante dos mystas, dos magos, dos
hierofantes e dos sacerdotes de então. E hoje, apesar de toda a evolução
espiritual e de todo o progresso material, ainda assistimos a ostentação
ridícula de alguns sacerdotes dos Orixás, que se paramentam espalhafatosamente.
Denotando uma superioridade sem substância alguma e que não resiste a um exame
acurado de sua capacidade intelectual ou de seus supostos dons ou pendores
naturais. Mas, com relação a religião e comportamento humano, nada de novo
surgiu na face da terra desde o desaparecimento dos antigos mystas, magos e
hierofantes. Assim aqueles que aprendem um pouco mais a respeito dos mistérios,
logo se cobrem de forma a impressionar as massas de fiéis. Achando-se
superiores aos comuns mortais. Mas a verdade é que os tão procurados mistérios
de Elêusis, da Tábua de esmeralda e o dos Egípcios estão ocultos por trás dos
nomes simbólicos usados pelos espíritos guias de Umbanda. Sendo conservados em
suas essências pelos Orixás. São as mesmas divindades invocadas pelos mystas,
pelos magos, pelos hierofantes, pelos cabalistas, só que com outros nomes. Dado
que, eles falavam em outras línguas e os mostravam com outras aparências em
razão de outras culturas e etnias os humanizarem para serem mais bem cultuados
... e ocultados. Simples, não? Muito simples sim, senhor. Afinal, seria um
contrassenso Deus criar a todo instante uma divindade e um novo mistério só
para atender às nossas necessidades imediatistas acerca do mundo sobrenatural.
A verdade é que as divindades maiores ou planetárias são só umas poucas e
sempre foram as mesmas. Todavia possuem inúmeras hierarquias e recorrem a elas
quando precisam atender a um povo ou mesmo, a um numeroso grupo de espíritos
afins e igualmente no nível evolutivo. Aí, a hierarquia intermediária escolhida
acerca-se de espíritos intermediários afins. Coma as necessidades dos espíritos
confiados a ela, e abre ao plano material o seu mistério intermediário. O qual
atrairá todos os espíritos afins nos dois planos da vida. Assim, surge na fase
da terra uma nova religião ou uma seita dissidente de uma religião já existente
e muito antiga. Afinal Deus cria a todo instante novas divindades e novos
mistérios só para nossa satisfação pessoal. Mas Ele, em sua infinita bondade,
renova antigas divindades e antigos mistérios, adaptando-os as nossas
necessidades atuais. Assim, nunca nos deixa desamparados em nossa contínua
renovação íntima, que acontece toda vez que reencarnamos. Atentem para isso e
entenderão que os antigos mistérios, famosos, mas desconhecidos de todos, na
verdade, estão renovados, e dentro do Ritual de Umbanda Sagrada. Eles não são
outros senão os nossos sagrados Orixás, tão cantados, mas pouco conhecidos.
Porque ninguém e nenhum dos seus estudiosos se dispôs a analisá-los segundo o
modelo preconizado pela doutrina de Umbanda Sagrada. Que, inicialmente, estudo
o humano por meio do divino e vice-versa. Só assim, cruzando os mistérios
humanos com os divinos, descobrimos que macro e micro se correlacionam e que
realmente fomos feitos à imagem e semelhança de Deus! Tentar estudar os
mistérios por intermédio das lendas é uma tarefa árdua e, às vezes, Inócua. Mas
estudá-los a partir das qualidades divinas dos Orixás e das qualidades
“humanas” dos espíritos. Aí sim, sempre chegamos a bom termo pois descobrimos
que a pedra que forma o ápice de uma pirâmide e as que formam sua base são
feitas da mesma substância. Então, se quisermos saber da consciência da pedra
localizada no ápice inalcançável, o melhor meio é estudarmos a pedra da base,
que está ao nosso alcance e sustenta toda a construção erigida sobre ela. Uma
das dificuldades de se estudar uma divindade ou um mistério reside na
facilidade com que ambos se adaptam a todos os povos e níveis evolutivos.
Assim, o mito hebraico do dilúvio, que já é uma “versão”, sendo que ocorreu
muito antes do surgimento dos hebreus, foi adaptado posteriormente aos povos
vizinhos sob a forma mítica. Por isso, nem sempre uma lenda reflete as reais
qualidades, atributos e atribuições de um Orixá, ainda que as verdadeiras sejam
identificadas no micro, ou nos espíritos – seus manifestadores humanos –
regidos por eles. E todos os estudos acerca dos Orixás têm se fundamentado em
alguns poucos estudos antropológicos. Realizados desde o final do século XIX
(1801-1900), e em deficientes estudos da cabala, que se entrecruzaram de forma
aleatória ou incorreta. Dando à Umbanda prática uma aparência não muito afim
com os mistérios ocultados pelos nomes simbólicos reveladores das divindades
manifestadoras deles. Classificações espúrias das hierarquias surgiram e
tornaram mais difícil a compreensão do Ritual de Umbanda Sagrada. Simbólico por
sua natureza iniciática e sagrado por ser manifestador dos mistérios divinos
trazidos ao nível vibratório e consciencial por meio dos médiuns de Umbanda.
Abraço. Davi
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