terça-feira, 10 de setembro de 2024

OS MISTÉRIOS. Parte III

 

Religião Afrobrasileira. Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). OS MISTÉRIOS. Parte III. Os Orixás são mistérios de Deus e nunca os conheceremos em sua totalidade. Mas os estudos dos mistérios vão nos mostrando onde e como eles atuam. Muitos se tem escrito acerca dos mistérios de “Elêusis” dos mistérios “Egípcios”, dos “mistérios da Tábua de Esmeraldo” etc. Mas a nenhum estudioso ocorreu que os Orixás são todos esses mistérios naturais, ocultados por rituais religiosos, normalmente fechados aos não iniciados. As castas religiosas guardavam a sete chaves os modos de ativar estes mistérios ou suas chaves rituais. Assim conservavam em suas mãos o poder e controlavam a mente e os corações dos seus fiéis. Toda uma pompa religiosa ocultava das massas a forma simples de se entrar em contato com as divindades. Os fiéis só obtinham os favores delas caso se curvassem diante dos mystas, dos magos, dos hierofantes e dos sacerdotes de então. E hoje, apesar de toda a evolução espiritual e de todo o progresso material, ainda assistimos a ostentação ridícula de alguns sacerdotes dos Orixás, que se paramentam espalhafatosamente. Denotando uma superioridade sem substância alguma e que não resiste a um exame acurado de sua capacidade intelectual ou de seus supostos dons ou pendores naturais. Mas, com relação a religião e comportamento humano, nada de novo surgiu na face da terra desde o desaparecimento dos antigos mystas, magos e hierofantes. Assim aqueles que aprendem um pouco mais a respeito dos mistérios, logo se cobrem de forma a impressionar as massas de fiéis. Achando-se superiores aos comuns mortais. Mas a verdade é que os tão procurados mistérios de Elêusis, da Tábua de esmeralda e o dos Egípcios estão ocultos por trás dos nomes simbólicos usados pelos espíritos guias de Umbanda. Sendo conservados em suas essências pelos Orixás. São as mesmas divindades invocadas pelos mystas, pelos magos, pelos hierofantes, pelos cabalistas, só que com outros nomes. Dado que, eles falavam em outras línguas e os mostravam com outras aparências em razão de outras culturas e etnias os humanizarem para serem mais bem cultuados ... e ocultados. Simples, não? Muito simples sim, senhor. Afinal, seria um contrassenso Deus criar a todo instante uma divindade e um novo mistério só para atender às nossas necessidades imediatistas acerca do mundo sobrenatural. A verdade é que as divindades maiores ou planetárias são só umas poucas e sempre foram as mesmas. Todavia possuem inúmeras hierarquias e recorrem a elas quando precisam atender a um povo ou mesmo, a um numeroso grupo de espíritos afins e igualmente no nível evolutivo. Aí, a hierarquia intermediária escolhida acerca-se de espíritos intermediários afins. Coma as necessidades dos espíritos confiados a ela, e abre ao plano material o seu mistério intermediário. O qual atrairá todos os espíritos afins nos dois planos da vida. Assim, surge na fase da terra uma nova religião ou uma seita dissidente de uma religião já existente e muito antiga. Afinal Deus cria a todo instante novas divindades e novos mistérios só para nossa satisfação pessoal. Mas Ele, em sua infinita bondade, renova antigas divindades e antigos mistérios, adaptando-os as nossas necessidades atuais. Assim, nunca nos deixa desamparados em nossa contínua renovação íntima, que acontece toda vez que reencarnamos. Atentem para isso e entenderão que os antigos mistérios, famosos, mas desconhecidos de todos, na verdade, estão renovados, e dentro do Ritual de Umbanda Sagrada. Eles não são outros senão os nossos sagrados Orixás, tão cantados, mas pouco conhecidos. Porque ninguém e nenhum dos seus estudiosos se dispôs a analisá-los segundo o modelo preconizado pela doutrina de Umbanda Sagrada. Que, inicialmente, estudo o humano por meio do divino e vice-versa. Só assim, cruzando os mistérios humanos com os divinos, descobrimos que macro e micro se correlacionam e que realmente fomos feitos à imagem e semelhança de Deus! Tentar estudar os mistérios por intermédio das lendas é uma tarefa árdua e, às vezes, Inócua. Mas estudá-los a partir das qualidades divinas dos Orixás e das qualidades “humanas” dos espíritos. Aí sim, sempre chegamos a bom termo pois descobrimos que a pedra que forma o ápice de uma pirâmide e as que formam sua base são feitas da mesma substância. Então, se quisermos saber da consciência da pedra localizada no ápice inalcançável, o melhor meio é estudarmos a pedra da base, que está ao nosso alcance e sustenta toda a construção erigida sobre ela. Uma das dificuldades de se estudar uma divindade ou um mistério reside na facilidade com que ambos se adaptam a todos os povos e níveis evolutivos. Assim, o mito hebraico do dilúvio, que já é uma “versão”, sendo que ocorreu muito antes do surgimento dos hebreus, foi adaptado posteriormente aos povos vizinhos sob a forma mítica. Por isso, nem sempre uma lenda reflete as reais qualidades, atributos e atribuições de um Orixá, ainda que as verdadeiras sejam identificadas no micro, ou nos espíritos – seus manifestadores humanos – regidos por eles. E todos os estudos acerca dos Orixás têm se fundamentado em alguns poucos estudos antropológicos. Realizados desde o final do século XIX (1801-1900), e em deficientes estudos da cabala, que se entrecruzaram de forma aleatória ou incorreta. Dando à Umbanda prática uma aparência não muito afim com os mistérios ocultados pelos nomes simbólicos reveladores das divindades manifestadoras deles. Classificações espúrias das hierarquias surgiram e tornaram mais difícil a compreensão do Ritual de Umbanda Sagrada. Simbólico por sua natureza iniciática e sagrado por ser manifestador dos mistérios divinos trazidos ao nível vibratório e consciencial por meio dos médiuns de Umbanda. Abraço. Davi

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