Hare Krishna. A RELAÇÃO CONJUGAL E A
CONSCIÊNCIA DE KRISHNA. Palestra de A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada (1896
– 1977) proferida na cidade de Montreal – Canadá, em julho de 1968. Pela
ocasião do casamento de Paramananda Dasa e Satyabhama Devi Dasa. O amor conjugal existe primeiro na pessoa
suprema. Govinda [Krishna] não é impessoal. E é
distintamente declarado na Brahman-Samhita 5.31, alola-chandraka-lasad-vanamalya-vamshi: “O Senhor é decorado por guirlanda de flores, e Ele tem uma
flauta em Suas mãos”. Diz também, pranaya-keli-kala-vilasam: “E Ele está ocupado no amor conjugal transcendente, Radha e
Krishna”. Assim, este amor que está na nossa experiência dentro deste mundo
material, homem e mulher, não é artificial, pois existe em Deus também. O Vedanta-sutra, no
começo, diz: “Quem é o Brahman, a Pessoa Suprema ou a Verdade Absoluta?”. Há
este questionamento, athato brahma jijnasa: “O que é essa Verdade Absoluta?”. A resposta é janmady asya yatah: “A
Verdade Absoluta é aquilo a partir de quem tudo emana”. Uma definição muito
simples. É o manancial de tudo, a fonte de tudo. Portanto, aqui neste mundo
material, vemos que a atração mútua entre homem e mulher é muito proeminente.
Isso não se dá apenas na sociedade, mas também na sociedade animal, entre macho
e fêmea. Por quê? A resposta está no Vedanta-sutra: janmady asya yatah, isto é, porque existe na Verdade Absoluta. Sem estar
presente na Verdade Absoluta, como pode se manifestar na verdade relativa? Este
mundo é chamado de “mundo relativo”. Ele não é Absoluto. Não podemos
compreender um homem sem conhecer uma mulher. Não podemos compreender pai sem
compreender um filho ou uma mãe. Isso é relatividade. De acordo com o sistema
védico, todos têm que seguir o Vedanta-sutra. Há duas seções de filósofos aprovados na Índia. Não me
refiro a filósofo manufaturado, especuladores mentais, mas àqueles que são
considerados de valor. São eles os filósofos impersonalistas e os
personalistas. Nós vaishnavas aceitamos a Verdade Absoluta em pessoa, e os filósofos mayavadis dizem que a
Verdade Absoluta é impessoal. Essa é a diferença. Excetuando isso, o processo
deles é quase o mesmo. Agora, o argumento do vaishnavismo é: como a
Verdade Absoluta pode ser impessoal, já que aqui neste mundo, na nossa
experiência, vemos que tudo é pessoal? Então, a não ser que a personalidade, a
individualidade ou a atração individual estejam presentes na Verdade Absoluta,
como podem ser representadas aqui, na verdade relativa? Transformando
luxúria em amor. Então, fora esse ponto de vista argumentativo, a
nossa apresentação é que este amor conjugal entre homem e mulher não é
artificial, senão que é bastante natural por existir na Verdade Absoluta, como
encontramos na descrição védica, de que a Verdade Absoluta, a Personalidade de
Deus, está ocupada em casos amorosos conjugais, Radha-Krishna. Contudo, o mesmo
tópico amoroso de Radha-Krishna permeia a matéria. Trata-se de reflexo
pervertido. Aqui neste mundo material, o assim chamado amor não é amor de
verdade. É luxúria. Aqui, o masculino e o feminino não se atraem por amor, mas
por luxúria. Assim, nesta sociedade da consciência de Krishna, porque estamos
tentando nos aproximar da Verdade Absoluta, a propensão à luxúria tem que ser
convertida em amor puro. Eis a proposta. Então, ainda na Índia, entre os
seguidores estritos dos princípios védicos, esse assunto da luxúria é ajustado
espiritualmente. Como isso é feito? Os rapazes e as moças não são autorizados a
se misturarem livremente antes do casamento. Um de nossos alunos daqui foi à
Índia e tentou falar com uma moça jovem na rua, e ele foi insultado. Ele ficou
surpreso, mas está em vigor a prática de que nenhum rapaz jovem e nenhuma moça
jovem devem falar entre si. É claro que agora está diferente. Mas mesmo até a
nossa juventude, vimos que, sem serem casados, nenhuma moça e nenhum rapaz
podiam se misturar. Essa questão da atração luxuriosa, então, era um pouco
controlada. Os pais da moça e os pais do rapaz selecionavam com quem se
casariam, e essa seleção era feita muito cientificamente, pegando o horóscopo
da moça e do rapaz e calculando: “Como este rapaz e está moça se combinarão? O
quanto a vida deles será feliz?”. Muitíssimas coisas eram consideradas, e,
quando tudo estava estabelecido, o casamento ocorria. Esse é o sistema da
antiga Índia, o princípio védico. No que diz respeito ao amor livre, até onde
entendemos, isso era permitido apenas nos círculos muito elevados da ordem
principesca. Porque as moças eram instruídas e crescidas, dava-se a elas a
oportunidade de selecionar seu esposo, mas não diretamente. Encontramos
muitíssimas evidências históricas a partir da literatura védica de que a moça
costumava expressar seu desejo: “Quero me casar com aquele rapaz”, e o pai
apresentava um desafio, um jogo. Se alguém comparecesse e saísse vitorioso, a
moça era oferecida. Isso era em casos especiais. Isso acontecia entre os kshatriyas, a ordem
principesca, e não com outros. De qualquer forma, nesta era, o casamento, de
acordo com os nossos princípios vaishnavas, é permitido porque existe masculino e existe feminino. Por
que não deveriam se unir? Mas não o devem fazer ilegalmente. Quando vim a este
país, em Nova Iorque – Estados Unidos, alguns dos rapazes e das moças que
estavam comparecendo ao nosso programa se ofereceram a mim como discípulos.
Então, vi que a maioria dos rapazes e das moças estava ficando juntos como
namorados. Diante disso, disse-lhes que, se queriam progredir na vida
espiritual, tinham que se abster de quatro tipos de atividades pecaminosas, e
esses quatro tipos de atividades pecaminosas são: a vida sexual ilícita, a
dieta não vegetariana, a intoxicação e os jogos de azar. A não ser que o
indivíduo esteja livre dessas quatro atividades, não será capaz de progredir na
vida espiritual. Uma vez que Deus é puro, pavitram paramam bhavan,
nenhuma alma impura pode aproximar-se dele. Este corpo é o sinal da impureza,
porque a alma não tem corpo material. Então, qualquer um que tem este corpo
material deve ser considerado pecaminoso. Todavia, como sair disso? É preciso
aderir à vida espiritual. É como o leite: se você ingere muito leite, haverá
desordem nos intestinos, e você terá que defecar muitas vezes. Contudo, quando
você busca um médico aiurvédico por estar sofrendo de diarreia ou intestino
solto, o médico prescreve coalho ou iogurte com algum medicamento. Assim, o
homem que tem a doença decorrente de beber leite também é curado por beber a
mesma preparação láctea sob a direção do médico. O paciente não pode questionar
o médico dizendo: “Eu fiquei doente por beber leite, e você está prescrevendo
outra preparação de leite?”. Sim, porque está tratado. Similarmente, esta
propensão à luxúria entre homem e mulher, se ela é apropriadamente tratada, pode
se tornar amor a Deus. Casais regulados e filhos conscientes de Deus
são benéficos a sociedade. Eu sou um sannyasi. Eu renunciei minha vida familiar. Embora eu tenha meus
filhos e meus netos, e minha esposa ainda esteja viva, me separei deles. Isso
se chama sannyasa. Por que
estou me interessando novamente na vida familiar de meus alunos? Porque quero
vê-los progredir apropriadamente em direção à vida espiritual. Então, embora
não seja o afazer de um sannyasi participar de cerimônias de casamento; neste país, apenas
para salvar meus alunos, tanto os rapazes quanto as moças, das atividades
pecaminosas, estou pessoalmente me interessando em torná-los bons cavalheiros e
boas damas através do casamento. Estou muito feliz com estes rapazes e estas
moças que concordaram em se casar, e eles estão se sentindo muito felizes.
Muitos deles estão presentes neste encontro. A partir do semblante e das
atividades deles, parece que estão muito felizes. Assim, nesta Sociedade para a
Consciência de Krishna, temos este programa de que, se algum rapaz ou alguma
moça quer se casar, eu ajudo. Esta cerimônia matrimonial é feita hoje neste
princípio. Os presentes noivo e noiva devem saber com toda certeza que este
casamento não se destina à gratificação sensorial, mas, sim, à purificação da
vida. Assim, não há questão de divórcio. Não há questão de separação. Então,
não entrem na vida marital se vocês têm essa propensão. O nosso primeiro
princípio é nos tornarmos conscientes de Krishna. As outras coisas são
secundárias. Putrarthe kriyate bharya. Se vocês podem produzir bons filhos, filhos conscientes de
KRISHNA, isso será o maior serviço à sociedade humana. Porque a sociedade
humana está produzindo filhos como gatos e cães, toda a sociedade humana está
transtornada. Como vocês podem esperar paz e prosperidade na sociedade de gatos
e cães? Portanto, há necessidade de que se produzam filhos na consciência de
Krishna, para treiná-los desde o começo. Todos vocês ficarão contentes em saber
que alguns de nossos estudantes, garotos muito pequenos de San Francisco, estão
sendo treinados e estão fazendo maravilhoso progresso. Não apenas aqui, mas em
toda parte do mundo, o sistema educacional não é muito satisfatório. Desde o
começo da vida, são autorizados a se misturar livremente, e eles são
autorizados a desfrutar da vida sexual irrestrita. Isso não é bom nem para a
sua saúde nem para a educação. Estamos obtendo agora o resultado da educação:
comunistas e hippies. Então,
aqueles que são guardiões da sociedade devem observar isso seriamente e tornar
a vida muito regulada. Visto que temos este corpo material, precisamos comer,
dormir, nos defender e casar – essas são as demandas deste corpo. Porém, elas
têm que ser muito reguladas na consciência de Krishna, de modo que não sejam um
elemento perturbador. Devemos progrediremos mais e mais rumo à realização
espiritual da consciência de Krishna. A meta da vida marital é produzir bons
filhos – filhos conscientes de Krishna. Este é o melhor serviço à sociedade
humana: produzir bons filhos. Não produzam gatos e cães. Este é o meu pedido.
Do contrário, não tenham filhos. Permaneçam separados. Separado não significa
que há divórcio, mas não produzam filhos. Este é o meu pedido. Pita na sa syaj janani sa syat. O Srimad-Bhagavatam diz: “O indivíduo não deve se tornar pai, não deve se tornar
mãe, a não ser que seja capaz de proteger os filhos do iminente perigo da
morte”. A que isso se refere? Ao ciclo de nascimentos e mortes. Se vocês podem
treinar seus filhos para a consciência de Krishna, os filhos de vocês voltarão
ao Supremo nesta vida. Essa deve ser a meta. Da mesma forma que vocês tentarão
voltar ao Supremo nesta vida, vocês devem cuidar de seus filhos de maneira que
eles também possam, nesta vida, voltar ao Supremo. O dever da mãe e do pai deve
ser: “Esta criança nasceu do meu ventre, mas esta sua vida deve ser a última –
basta de corpos materiais”. Essa deve ser a responsabilidade do pai e da mãe.
Essa é a direção dada pelo Srimad-Bhagavatam. Então, meus queridos filhos, rapazes e moças, peço a vocês
que vivam felizes. Não há restrição alguma. Não restringimos os atos de comer,
dormir, acasalar ou defender-se. Mas façam isso em relação a Krishna, tendo uma
vida pura, e sejam felizes nesta vida e na próxima. Muito obrigado. www.voltaosupremo.com.br.
Abraço. Davi.
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