Islamismo. Livro Manual para
o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo. A RELIGIÃO DO ISLAM. PARTE III. ”Dize:
Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e perdoará as vossas
faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (3:31). O Qur’an diz,
sobre o Profeta: “Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo
para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o Dia do Juízo Final,
e invocam Deus frequentemente.” (33:21). De certa forma o Profeta foi um
“Qur’an vivo”. Quando perguntaram a Aisha, a esposa do Profeta, como era o
caráter e comportamento de seu marido, ela respondeu: “Seu caráter era o
Qur’an.” (Muslim). A relação entre o Qur’an e a Sunnah é muito importante. A
Sunnah demonstra como se implementar o Qur’an. É uma explicação prática do que
o Qur’an ensina. Define a moral, o comportamento e as leis do Qur’an de tal
maneira que se torna claro seu significado. Está completa representação humana
dos ensinamentos do Qur’an é uma grande bênção para todos os muçulmanos. Indica
que a orientação de Deus é completa e acessível a todos. Assim, o Qur’an e a
Sunnah formam uma unidade que oferece todos os princípios retos que a
humanidade necessitará até o Dia do juízo Final. Desde então, o Qur’an é um
livro que pode ser compilado em umas duzentas páginas. A Sunnah, ao contrário,
é bastante diferente, já que cobre todas as ações e ditos do Profeta (que a paz
e as bênçãos de Allah estejam com ele). A Sunnah está compilada no que
conhecemos como literatura do Hadith. Um hadith é um relato sobre o que o
Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) fez ou disse. Os sábios
muçulmanos reconheceram que a religião de Allah deve ser conservada
adequadamente. Também reconheceram que nem tudo que é atribuído ao Profeta (que
a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) está correto, já que até as
pessoas honestas podem cometer erros. Dessa maneira, estudaram meticulosamente
os diversos ahaadith e ditos atribuídos ao Profeta (que a paz e as 26 bênçãos
de Allah estejam com ele), separando os que poderiam ser autenticados dos que
não poderiam. Na Lei Islâmica nem toda hadith é considerado palavra autorizada.
Só se consideram como autoridade aqueles que cumprem com os requisitos estritos
da autenticidade. Os estudiosos chamam a estes ahaadith, hadith sahih
(autêntico) ou hasan (bom). Os ahaadith inaceitáveis são classificados como
daif (fraco), ou muito fraco ou falso. Apesar de estarem disponíveis os textos
em árabe originais do Qur’an e os ditos do profeta, devemos recorrer a modestas
traduções para levar, aos que não falam árabe, o seu significado. Com respeito
ao Qur’an, pode-se recomendar dua traduções, em particular, no idioma espanhol.
Elas são El Sagrado Qur’an: Traducción de su contenido al idioma español e El
Corán, traduzido pelo Shaikh Isa García. Recomendasse esses dois títulos já que
suas traduções se baseiam na compreensão do Qur’an que remonta à época do
Profeta e seus companheiros mais próximos. Para apreciar a profundidade do
Qur’an, há que se ler também um comentário do Livro. Lamentavelmente, não são
muitos os bons comentários disponíveis em espanhol – entretanto, há um gama
deles em muitos outros idiomas. Uma obra muito importante disponível em
espanhol são os dez volumes do Tafsir Ibn Kathir (resumido). Trata-se da
tradução de um compêndio de uma obra clássica de comentários corânicos escrita
por Ibn Kathir (1301-1372 AD). Em seu estudo de comentários corânicos, Muhammad
Hussein al Dhahabi afirma que este comentário é um dos melhores em sua
categoria. Nesta obra, Ibn Kathir segue os princípios do comentário corânico
tal como foi estabelecido por seu mestre, o reconhecido Ibn Taymiya. Talvez o
único contra desta obra é que se trata de uma tradução de um livro clássico e,
portanto, não foi escrito em um estilo cômodo de ler para muitas pessoas da
atualidade. Quanto às coleções de hadith, ditos e ações do Profeta (que a paz e
as bênçãos de Allah estejam com ele), existem duas importantes em espanhol. São
conhecidas como sahih al Bukhari e sahih Muslim. Como disse anteriormente, a
Lei Islâmica deve ser suficientemente flexível para satisfazer as necessidades
de todos os povos até o dia do Juízo Final. Assim, nem todos os detalhes da lei
foram escritos no Qur’an e na Sunnah. Allah deixou alguns temas para que os
muçulmanos descubram por si mesmos, obrigando-os, assim, a aprender e estudar o
Qur’an e a Sunnah detalhadamente. As conclusões derivadas do Qur’an e da
Sunnah, e que não estejam explicitamente escritas nestes livros, são conhecidas
como “analogia, racionalização pessoal”, ou ijtihad (o que implica um esforço
extremo para chegar a uma conclusão). Obviamente, esta fonte de jurisprudência
não é infalível. De fato, é possível que os sábios cheguem a diferentes
conclusões – ainda que a verdade ante Allah seja única. O trabalho de cada
sábio, caso seja sincero, será admirado por Allah, como diz no hadith: “Se um
juiz se esforça e chega a uma conclusão correta, receberá duas recompensas. Se
se esforça e chega a uma conclusão equivocada, receberá somente uma
recompensa.” (Bukhari e Muslim). Sem dúvidas, isso não significa que suas
conclusões são a autoridade máxima. Os juízos pessoais devem ser avaliados à
luz do Qur’an e da Sunnah e deve-se apegar a tudo o que pareça ser mais correto
segundo o Qur’an e a Sunnah. É importante para o muçulmano recordar sempre que
seu principal objetivo é chegar à verdade, o que equivale àquele que é
consistente com o Qur’an e a Sunnah. Ocorreu um desenvolvimento histórico em
que alguns estudiosos específicos trabalharam arduamente para codificar as leis
do Qur’an e da Sunnah, estendendo aquelas leis através do razoamento pessoal,
pois algumas situações não estavam explicitamente acobertadas nos ditos textos.
O trabalho desses estudiosos continuou até que se desenvolveram as escolas de
legislação baseadas em seus ensinamentos. Entretanto essas diferentes escolas
de legislação não são fontes da lei islâmica, nem devemos considerá-las
infalíveis, absolutamente. É importante que cada novo muçulmano esteja
familiarizado com elas, pois é provável que aqui façamos referência a elas, com
certa freqüência. São quatro as mais dominantes dessas escolas de jurisprudência,
batizadas em honra aos seus fundadores da seguinte maneira. Abu Hanifah
(80-150) e a escola Hanifa: Abu Hanifah foi um dos primeiros estudiosos e vivia
no Iraque. Hoje em dia, sua escola é a mais predominante na Turquia, Paquistão,
Índia, Afeganistão, nos ex estados soviéticos muçulmanos e partes do Oriente
Médio, Maalik Ibn Anas (95-179 H) e a escola Maliki: Maalis Ibn Anas viveu em
Medina, a cidade do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele),
toda sua vida. Na atualidade, sua escola é a mais popular no norte da África e
África subsaariana. Durante séculos foi a escola predominante de Andaluz, ou a
Espanha muçulmana. . Muhammad Ibn Idris ash Shafi’i (150-204 H) e a escola
Shafi’i: Ash Shafi’i veio da tribo. . Quraish, a mesma tribo do Profeta (que a
paz e as bênçãos de Allah estejam com ele). Estudou e viveu em diversos
lugares, até instalar-se, definitivamente, no Egito. Hoje, sua escola é a maior
influência na Malásia, Indonésia e algumas partes do Oriente Médio. . Ahmad Ibn
Hanbal (164-241 H) e a escola Hanbali: Ahmad Ibn Hanbal viveu em Bagdá e era
conhecido por ser um grande estudioso do hadith. Atualmente, sua escola é
predominante na Arábia Saudita e outras partes da Península Arábica. Estes
grandes sábios, igualmente aos outros, em algumas ocasiões chegaram a
diferentes conclusões. É importante entender que existem muitas causas para as
diferenças de opinião entre os juristas. Também há alguns pontos importantes a
se levar em conta no que diz respeito a tais diferenças de opinião entre os
sábios. É provável que nos deparemos com tais situações dentro do Islam. Em
primeiro lugar, como foi dito anteriormente, o principal objetivo dos
muçulmanos é “a verdade”. Portanto, o muçulmano deve se esforçar para descobrir
a verdade e segui-la, em quaisquer circunstâncias. A maneira que chegou a
revelação proporciona à pessoa a capacidade de adorar a Allah buscando a
verdade, através de uma análise da revelação, tal como está no Qur’an e nos
ahaadith. Também põe o homem à prova, verificando se segue a verdade e
fazendo-o analisar seu comportamento. Em segundo lugar, essas diferenças de
interpretação estão destinadas a continuar. Uma pessoa pode buscar com
sinceridade agradar a Allah, mas chega a uma conclusão que a outro parece falha
ou inaceitável. Contanto que a opinião de uma pessoa não contradiga claramente
o Qur’an e a Sunnah e tenha certa base através de uma prova aceitável, a pessoa
deve ser respeitada. De fato, a pessoa que se equivoca será recompensada por
Allah por seu esforço, caso tenha sido feito com sinceridade, como é dito no
hadith citado acima. Dessa maneira, alguém pode não estar de acordo com sua
opinião e até sentir necessidade de refutá-la, ditas diferenças de opinião não
devem jamais prejudicar as raízes da irmandade do Islam e entrar nos corações
dos muçulmanos, destruindo-os dessa forma. Por último, é importante destacar
que o Qur’an, a Sunnah e o razoamento pessoal não são simplesmente as fontes do
que normalmente se considera como “lei” na atualidade. Há também muitos outros
aspectos, como a moral, ética e comportamento que devem estar sujeitos a essas
mesmas fontes. Em outras palavras, estas fontes são, na realidade, as fontes da
lei, mas também são a orientação das ações que um muçulmano realiza em cada
aspecto de sua vida. Por exemplo, como se comportar com os pais, vizinhos e
outras pessoas está descrito no Qur’an e na Sunnah, como abordaremos mais
adiante, ainda que a lei tradicional de hoje não se preocupe com tais temas.
Portanto, quando os sábios muçulmanos falam das fontes da “lei” no Islam, na
realidade, referem-se às fontes da orientação completa para o comportamento
humano em todos os aspectos da vida. Abraço. Davi
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