sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A RELIGIÃO DO ISLAM - PARTE III

 

Islamismo. Livro Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo. A RELIGIÃO DO ISLAM. PARTE III. ”Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (3:31). O Qur’an diz, sobre o Profeta: “Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o Dia do Juízo Final, e invocam Deus frequentemente.” (33:21). De certa forma o Profeta foi um “Qur’an vivo”. Quando perguntaram a Aisha, a esposa do Profeta, como era o caráter e comportamento de seu marido, ela respondeu: “Seu caráter era o Qur’an.” (Muslim). A relação entre o Qur’an e a Sunnah é muito importante. A Sunnah demonstra como se implementar o Qur’an. É uma explicação prática do que o Qur’an ensina. Define a moral, o comportamento e as leis do Qur’an de tal maneira que se torna claro seu significado. Está completa representação humana dos ensinamentos do Qur’an é uma grande bênção para todos os muçulmanos. Indica que a orientação de Deus é completa e acessível a todos. Assim, o Qur’an e a Sunnah formam uma unidade que oferece todos os princípios retos que a humanidade necessitará até o Dia do juízo Final. Desde então, o Qur’an é um livro que pode ser compilado em umas duzentas páginas. A Sunnah, ao contrário, é bastante diferente, já que cobre todas as ações e ditos do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele). A Sunnah está compilada no que conhecemos como literatura do Hadith. Um hadith é um relato sobre o que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) fez ou disse. Os sábios muçulmanos reconheceram que a religião de Allah deve ser conservada adequadamente. Também reconheceram que nem tudo que é atribuído ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) está correto, já que até as pessoas honestas podem cometer erros. Dessa maneira, estudaram meticulosamente os diversos ahaadith e ditos atribuídos ao Profeta (que a paz e as 26 bênçãos de Allah estejam com ele), separando os que poderiam ser autenticados dos que não poderiam. Na Lei Islâmica nem toda hadith é considerado palavra autorizada. Só se consideram como autoridade aqueles que cumprem com os requisitos estritos da autenticidade. Os estudiosos chamam a estes ahaadith, hadith sahih (autêntico) ou hasan (bom). Os ahaadith inaceitáveis são classificados como daif (fraco), ou muito fraco ou falso. Apesar de estarem disponíveis os textos em árabe originais do Qur’an e os ditos do profeta, devemos recorrer a modestas traduções para levar, aos que não falam árabe, o seu significado. Com respeito ao Qur’an, pode-se recomendar dua traduções, em particular, no idioma espanhol. Elas são El Sagrado Qur’an: Traducción de su contenido al idioma español e El Corán, traduzido pelo Shaikh Isa García. Recomendasse esses dois títulos já que suas traduções se baseiam na compreensão do Qur’an que remonta à época do Profeta e seus companheiros mais próximos. Para apreciar a profundidade do Qur’an, há que se ler também um comentário do Livro. Lamentavelmente, não são muitos os bons comentários disponíveis em espanhol – entretanto, há um gama deles em muitos outros idiomas. Uma obra muito importante disponível em espanhol são os dez volumes do Tafsir Ibn Kathir (resumido). Trata-se da tradução de um compêndio de uma obra clássica de comentários corânicos escrita por Ibn Kathir (1301-1372 AD). Em seu estudo de comentários corânicos, Muhammad Hussein al Dhahabi afirma que este comentário é um dos melhores em sua categoria. Nesta obra, Ibn Kathir segue os princípios do comentário corânico tal como foi estabelecido por seu mestre, o reconhecido Ibn Taymiya. Talvez o único contra desta obra é que se trata de uma tradução de um livro clássico e, portanto, não foi escrito em um estilo cômodo de ler para muitas pessoas da atualidade. Quanto às coleções de hadith, ditos e ações do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele), existem duas importantes em espanhol. São conhecidas como sahih al Bukhari e sahih Muslim. Como disse anteriormente, a Lei Islâmica deve ser suficientemente flexível para satisfazer as necessidades de todos os povos até o dia do Juízo Final. Assim, nem todos os detalhes da lei foram escritos no Qur’an e na Sunnah. Allah deixou alguns temas para que os muçulmanos descubram por si mesmos, obrigando-os, assim, a aprender e estudar o Qur’an e a Sunnah detalhadamente. As conclusões derivadas do Qur’an e da Sunnah, e que não estejam explicitamente escritas nestes livros, são conhecidas como “analogia, racionalização pessoal”, ou ijtihad (o que implica um esforço extremo para chegar a uma conclusão). Obviamente, esta fonte de jurisprudência não é infalível. De fato, é possível que os sábios cheguem a diferentes conclusões – ainda que a verdade ante Allah seja única. O trabalho de cada sábio, caso seja sincero, será admirado por Allah, como diz no hadith: “Se um juiz se esforça e chega a uma conclusão correta, receberá duas recompensas. Se se esforça e chega a uma conclusão equivocada, receberá somente uma recompensa.” (Bukhari e Muslim). Sem dúvidas, isso não significa que suas conclusões são a autoridade máxima. Os juízos pessoais devem ser avaliados à luz do Qur’an e da Sunnah e deve-se apegar a tudo o que pareça ser mais correto segundo o Qur’an e a Sunnah. É importante para o muçulmano recordar sempre que seu principal objetivo é chegar à verdade, o que equivale àquele que é consistente com o Qur’an e a Sunnah. Ocorreu um desenvolvimento histórico em que alguns estudiosos específicos trabalharam arduamente para codificar as leis do Qur’an e da Sunnah, estendendo aquelas leis através do razoamento pessoal, pois algumas situações não estavam explicitamente acobertadas nos ditos textos. O trabalho desses estudiosos continuou até que se desenvolveram as escolas de legislação baseadas em seus ensinamentos. Entretanto essas diferentes escolas de legislação não são fontes da lei islâmica, nem devemos considerá-las infalíveis, absolutamente. É importante que cada novo muçulmano esteja familiarizado com elas, pois é provável que aqui façamos referência a elas, com certa freqüência. São quatro as mais dominantes dessas escolas de jurisprudência, batizadas em honra aos seus fundadores da seguinte maneira. Abu Hanifah (80-150) e a escola Hanifa: Abu Hanifah foi um dos primeiros estudiosos e vivia no Iraque. Hoje em dia, sua escola é a mais predominante na Turquia, Paquistão, Índia, Afeganistão, nos ex estados soviéticos muçulmanos e partes do Oriente Médio, Maalik Ibn Anas (95-179 H) e a escola Maliki: Maalis Ibn Anas viveu em Medina, a cidade do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele), toda sua vida. Na atualidade, sua escola é a mais popular no norte da África e África subsaariana. Durante séculos foi a escola predominante de Andaluz, ou a Espanha muçulmana. . Muhammad Ibn Idris ash Shafi’i (150-204 H) e a escola Shafi’i: Ash Shafi’i veio da tribo. . Quraish, a mesma tribo do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele). Estudou e viveu em diversos lugares, até instalar-se, definitivamente, no Egito. Hoje, sua escola é a maior influência na Malásia, Indonésia e algumas partes do Oriente Médio. . Ahmad Ibn Hanbal (164-241 H) e a escola Hanbali: Ahmad Ibn Hanbal viveu em Bagdá e era conhecido por ser um grande estudioso do hadith. Atualmente, sua escola é predominante na Arábia Saudita e outras partes da Península Arábica. Estes grandes sábios, igualmente aos outros, em algumas ocasiões chegaram a diferentes conclusões. É importante entender que existem muitas causas para as diferenças de opinião entre os juristas. Também há alguns pontos importantes a se levar em conta no que diz respeito a tais diferenças de opinião entre os sábios. É provável que nos deparemos com tais situações dentro do Islam. Em primeiro lugar, como foi dito anteriormente, o principal objetivo dos muçulmanos é “a verdade”. Portanto, o muçulmano deve se esforçar para descobrir a verdade e segui-la, em quaisquer circunstâncias. A maneira que chegou a revelação proporciona à pessoa a capacidade de adorar a Allah buscando a verdade, através de uma análise da revelação, tal como está no Qur’an e nos ahaadith. Também põe o homem à prova, verificando se segue a verdade e fazendo-o analisar seu comportamento. Em segundo lugar, essas diferenças de interpretação estão destinadas a continuar. Uma pessoa pode buscar com sinceridade agradar a Allah, mas chega a uma conclusão que a outro parece falha ou inaceitável. Contanto que a opinião de uma pessoa não contradiga claramente o Qur’an e a Sunnah e tenha certa base através de uma prova aceitável, a pessoa deve ser respeitada. De fato, a pessoa que se equivoca será recompensada por Allah por seu esforço, caso tenha sido feito com sinceridade, como é dito no hadith citado acima. Dessa maneira, alguém pode não estar de acordo com sua opinião e até sentir necessidade de refutá-la, ditas diferenças de opinião não devem jamais prejudicar as raízes da irmandade do Islam e entrar nos corações dos muçulmanos, destruindo-os dessa forma. Por último, é importante destacar que o Qur’an, a Sunnah e o razoamento pessoal não são simplesmente as fontes do que normalmente se considera como “lei” na atualidade. Há também muitos outros aspectos, como a moral, ética e comportamento que devem estar sujeitos a essas mesmas fontes. Em outras palavras, estas fontes são, na realidade, as fontes da lei, mas também são a orientação das ações que um muçulmano realiza em cada aspecto de sua vida. Por exemplo, como se comportar com os pais, vizinhos e outras pessoas está descrito no Qur’an e na Sunnah, como abordaremos mais adiante, ainda que a lei tradicional de hoje não se preocupe com tais temas. Portanto, quando os sábios muçulmanos falam das fontes da “lei” no Islam, na realidade, referem-se às fontes da orientação completa para o comportamento humano em todos os aspectos da vida. Abraço. Davi

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