quinta-feira, 26 de setembro de 2024

A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte IV

 

Islamismo. Livro Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo (1960 - ). A RELIGIÃO DO ISLAM. Parte IV. Objetivos do Islam. Os ensinamentos do Islam não são meros rituais ou mistérios sem nenhum tipo de razão. Pelo contrário, a revelação assinala metas bem claras e almejadas. Entre elas estão as seguintes:  A adoração exclusiva a Allah, sem dúvida, a maior meta do Islam, como também sua maior contribuição ao bem-estar da humanidade, é a verdadeira e pura adoração a Allah, sem que se associe a Ele nenhum companheiro. Esse é, na realidade, o principal objetivo e propósito de um ser humano. Allah disse: “Não criei os gênios e os humanos, senão para Me adorarem.” (51:56). Não há meta mais honrosa ou nobre para um ser humano. O monoteísmo puro é o único sistema de crença que traz as verdadeiras respostas às perguntas que desconcertam praticamente todos os seres humanos: “de onde venho? Para onde vou? Qual a finalidade da minha existência?” Quanto à pergunta “de onde venho?”, o Islam explica que os seres humanos são criaturas honradas e criadas por Allah de uma maneira muito especial e têm a liberdade de escolher ser a mais nobre das criaturas ou estar no plano mais baixo da criação. Assim, disse Allah: “Que criamos o homem na mais perfeita proporção. Então, o reduzimos a mais baixa das escalas, salvo os fiéis, que praticam o bem; estes terão uma recompensa infalível.” (95:4-6). A resposta à pergunta “para onde vou?” é que o ser humano volta a se reunir com seu Senhor e Criador. Isso ocorrerá depois de sua morte. Não haverá escapatória para este encontro. Neste momento, a pessoa será julgada com justiça e equidade. Todas as ações que foram praticadas na sua vida serão analisadas. “Nesse dia, os homens comparecerão, em massa, para verem as suas obras. Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á. Quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á.” (99:6-8). Este juízo começará com sua ação mais importante: sua atitude frente ao Criador Misericordioso e Cheio de Graça, Aquele que o criou, proveu, enviou a orientação, advertiu do castigo para os que se afastassem da verdade e prometeu uma grande recompensa aos que aceitassem a verdade, fossem agradecidos e submissos a Ele. No que concerne à pergunta “qual a finalidade da minha existência?”, o ser humano foi criado com o mais nobre dos fins: adorar a Allah somente ou, em outras palavras, ser um verdadeiro e sincero servo de Allah. Pode-se imaginar todo tipo de objetivos que as pessoas têm nesse mundo; pode-se ter como objetivo acabar com as doenças ou atingir a paz mundial. Em geral, essas admiráveis metas estão, de certa forma, corrompidas. Pode-se persegui-las por motivos egocêntricos, como ser recordado ou louvado como aquele que fez tal coisa. Pode-se conquistá-las dando as costas ao Criador, demonstrando arrogância e ingratidão, como também ignorância de como se atingem as verdadeiras metas mais nobres. Sem dúvidas, todas estas metas, que podem ser consideradas submetas, não estão à altura da que lidera a excelência da alma e das ações de uma pessoa, além da felicidade eterna na próxima vida. Em verdade, toda meta realmente boa desta vida deve ser uma parte verdadeira da adoração a Allah. Cumprir com o verdadeiro fim do ser humano e ter êxito no encontro com o Senhor depende totalmente da prática de um monoteísmo verdadeiro e intacto. Esse é o monoteísmo do qual se fala no Islam. Muitas pessoas dizem crer no “monoteísmo” e no fato de que só existe um Deus. Porém, em muitas ocasiões, este “monoteísmo” está manchado de várias maneiras. Em algumas das primeiras civilizações pré-modernas, começaram a atribuir filhos e filhas a Deus. Lamentavelmente, está clara contradição ao monoteísmo puro foi mantida até a era moderna por uma religião tão popular que é o Cristianismo. É habitual ouvir os cristãos falarem de Jesus, agradecer a ele e inclusive rezar para ele, em muitos casos esquecendo-se do “Pai”. Os cristãos podem recorrer a diversos jogos lógicos para afirmar que adoram a um só Deus, mas, na realidade, não se pode considerá-los verdadeiros monoteístas. De fato, a maioria – se não todos – dos que seguem a trindade sustentam que Jesus está no mesmo nível do Pai. Em outras palavras, perderam o monoteísmo. O novo muçulmano pode levar certo tempo para se dar conta das maneiras que as pessoas associam companheiros a Allah, sem praticar o verdadeiro monoteísmo. O cristão convertido ao Islam pode reconhecer rapidamente que o que lhe foi dito sobre a trindade não pode ser considerado monoteísmo. Ao mesmo tempo, sem dúvidas, pode ser que não se dê conta de que os sacerdotes, por exemplo, como portadores da palavra final, no que diz respeito à lei, é outra forma de associar parceiros a Allah. Nenhum sacerdote – nem nenhum ser humano – tem o direito de anular ou suplantar nenhuma lei de Allah. Isto também contradiz o monoteísmo puro. Por isso, Allah disse: “Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Deus, assim como fizeram com o Messias, filho de Maria, quando não lhes foi ordenado adorar senão a um só Deus. Não há mais divindade além d’Ele! Glorificado seja pelos parceiros que Lhe atribuem!” (9:31). O Islam é uma religião que estabelece o monoteísmo puro e erradica todas as formas de associação de parceiros a Allah, desde a mais óbvia até a menos clara. Sem dúvida alguma, o Islam é a única religião que pode afirmar tal coisa. À medida que o convertido aprende mais sobre sua fé, a luz do monoteísmo puro, Allah estando no topo do processo, brilhará cada vez mais forte em seu coração. - Livrar os seres humanos da adoração de quaisquer outros seres humanos ou objetos Obviamente esta é uma consequência direta do primeiro princípio de se adorar somente a Allah. Sem dúvidas, merece uma menção especial já que a dominação e subjugo dos seres humanos, por parte de seus iguais, é uma das tragédias mais graves da história da humanidade; talvez superada somente pela tragédia dos seres humanos que aceitam tal situação e se submetem voluntariamente a outros seres humanos. Há poucas coisas piores que um ser humano que se submete e adora a outros seres humanos. É algo totalmente degradante porque, na essência, todos os seres humanos compartilham da mesma natureza e debilidades humanas. Ninguém tem o direito de se colocar no lugar de Allah – o que inclui o tirano, o ditador ou o clero – perante os demais, subjugando-os com suas ordens sem se importar se estas são compatíveis ou não com o que Allah revelou. Esta meta do Islam foi expressa eloquentemente por dois dos primeiros muçulmanos. Quando foram perguntados pelo imperador da Pérsia o que trazia os muçulmanos às suas terras, dois diferentes companheiros do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) responderam de forma similar: “Allah nos enviou para levar quem deseje da servidão à humanidade à servidão a Allah e da estreiteza deste mundo à grandeza e da injustiça na forma de vida (deste mundo) à justiça do Islam.” É interessante destacar que os seres humanos reconhecem facilmente os males de um governo tirano, ou seja, um ser humano dominando os demais.

tão, submetem-se voluntariamente à manipulação e opressão desta elite, muitas vezes disfarçada de democracia. Na realidade, ambos são maus e só podem ser remediados através da aceitação de Allah como Legislador e Autoridade máxima. Como discutiremos adiante, somente Allah pode estabelecer leis e ordens justas, pois só Ele está livre de paixões e preconceitos. Há muitas coisas que os seres humanos tendem a “adorar” ou das quais se tornam “escravos”, como as próprias paixões, o Estado ou nação e os desejos materiais. Allah descreve aos que tomam como deus seus próprios desejos: “Não tens reparado naquele que idolatrou a sua concupiscência! Deus extraviou-o com conhecimento, ensurdecendo os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Deus (tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois?” (45:23). O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Que o escravo das moedas de ouro e prata e das finas vestimentas pereça, pois se compraz se lhe dão essas coisas e não está satisfeito se não as dão.” (Bukhari). Na realidade, esta é uma forma de escravidão ou servidão – uma escravidão a algo que não é Allah. Ibn Taimiyah escreveu o seguinte: “Se ele for bem-sucedido, sente prazer; mas se falhar torna-se infeliz. Tal pessoa é abd (escravo) de seus desejos, pois a escravidão e a servidão são, na realidade, a escravidão e a servidão do coração. Portanto, o coração se torna escravo de tudo que o ponha nessa posição. Por esta razão se diz que: ‘O escravo é livre em tudo quanto está conforme o que Allah lhe proporcionou e o livre é escravo enquanto é presa de seus desejos. O Islam liberta as pessoas dessas falsas formas de adoração. Isso é alcançado através da libertação do coração dos caprichos e desejos. Liberta o coração desta forma de adoração fazendo com que este se apegue somente a Allah e construindo uma relação forte entre a pessoa e Allah (como será tratado mais à frente). A pessoa simplesmente deseja contentar Allah. Será feliz com tudo o que implique agradar a Allah e ficará insatisfeito com tudo o que não for do agrado de Allah. Este aspecto do Islam deve estar bem claro para um novo muçulmano. Deve reconhecer com facilidade em si mesmo todos esses falsos deuses que costumava seguir e adorar em sua vida pregressa. Toda sua vida pode haver girado em torno desses objetos de adoração. Pode ser que houvesse praticado qualquer coisa para alcançar suas metas, não se importando se os meios utilizados eram éticos. Essas metas o transformaram num tipo específico de pessoa. Avaliava sua vida inteira segundo essas metas. Se as alcançava, então, esta seria sua felicidade. Era um verdadeiro escravo desses objetivos. Agora pode compreender que a forma com que atingia suas metas, na realidade, estava afastando-o da adoração a Allah. - Fazer com que a vida na terra floresça O Islam é uma religião bela que satisfaz as necessidades do corpo e também da alma. O ser humano é composto de um lado espiritual e um material. Ambos os lados de uma pessoa devem ser reconhecidos como “verdadeiros”, sem negar nem ignorar nenhum deles. Além disso, o indivíduo precisa ser guiado em ambos os aspectos de sua personalidade. Do contrário, um aspecto dominará ou estará em conflito com o outro e a pessoa nunca alcançará a verdadeira felicidade. Por exemplo, há aqueles que destacam as necessidades espirituais, mas ignoram os aspectos materiais do mundo. Ao mesmo tempo, sem dúvidas, vêem-se obrigados a participar dos aspectos materiais deste mundo que são parte da natureza humana. Tais pessoas se encontram num conflito quando percebem que não podem se libertar totalmente das necessidades materiais que tanto desprezam. Por outro lado, existem os sistemas econômicos, como o capitalismo e o socialismo, que buscam satisfazer as necessidades materiais – de fato, os capitalistas afirmam trazer “o melhor de todos os mundos possíveis.” Mas, na realidade, pode-se provocar um grande buraco na psique da pessoa, pois a satisfação das necessidades materiais não preenche o vazio interno. Allah fez dos seres humanos os sucessores desta terra: “(Recorda-te ó Profeta) de quando teu Senhor disse aos anjos: Vou instituir um legatário na terra...”(2:30). Assim, a postura do islam é que os seres humanos foram postos sobre a terra intencionalmente por Allah e utilizam os meios materiais para construir uma vida positiva neste mundo passageiro, o qual, eventualmente, os levará a uma próxima vida eterna e satisfatória. Nesse sentido, Allah disse: “Mas procura, com aquilo com que Deus te tem agraciado, a morada do outro mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo, e sê amável, como Deus tem sido para contigo, e não semeies a corrupção na terra, porque Deus não aprecia os corruptores.” (28:77). De fato, inclusive depois de finalizada a oração de sexta-feira, um dos atos de adoração mais significativos do Islam, Allah nos ordena sair e buscar o sustento deste mundo: “Porém, uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as graças de Deus, e mencionai muito Deus, para que prospereis.” (62:10). Na realidade, os seres humanos são os guardiões desta grande criação e supõese que devem se comportar de maneira apropriada. Não são donos e nem têm a liberdade para usar da criação da forma que desejam. Não podem explorá-la visando benefícios pessoais ou por vingança. Tampouco, devem desperdiçar os recursos desta terra por extravagância ou com fins prejudiciais. Pelo contrário, devem se comportar como Allah estabeleceu: “São aqueles que, quando os estabelecemos na terra, observam a oração, pagam o zakat, recomendam o bem e proíbem o ilícito. E em Deus repousa o destino de todos os assuntos.” (22:41). Este ensinamento do Islam também é mencionado em diversos versículos onde Allah proíbe a corrupção (fasaad) na terra – como consta no 28:77, mencionado anteriormente. Allah também disse: “E não causeis corrupção na terra, depois de haver sido pacificada. Igualmente, invocai-O com temor e esperança, porque Sua misericórdia está próxima dos benfeitores.” (7:56). “...Recordai-vos das mercês de Deus para convosco e não causeis flagelo, nem corrupção na terra.” (7:74). Por outro lado, Allah promete uma grande recompensa àqueles que vivem suas vidas mediante o princípio de não promover ou buscar o mal ou a corrupção. Disse Allah: “Destinamos a morada, no outro mundo, àqueles que não se envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos tementes.” (28:83). Allah deixou claro que quando as pessoas estiverem em frente a Ele, no Dia da Ressurreição, os que causaram mal na terra não serão tratados de igual maneira que os que praticaram o bem. Disse Allah: “Porventura, trataremos os fiéis, que praticam o bem, como os corruptores na terra? Ou então trataremos os tementes como os ignóbeis?” (38:28). Lamentavelmente, o que muitas pessoas advertem é que a melhor forma de se espalhar a corrupção e o mal sobre a terra é dando as costas ao que Allah nos ordenou. Abraço. Davi.

 

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