segunda-feira, 16 de setembro de 2024

JESUS. Parte IV

 

Judaísmo. Livro Judaísmo e Cristianismo – As Diferenças. Por Trude Weiss (1908-1989). Capítulo 8. JESUS. Parte IV. A atitude de Jesus em relação a vida e às leis que a regulam, de acordo com os ensinamentos do judaísmo, difere grandemente da postura dos rabinos reconhecidos e dos verdadeiros mestres da Lei de sua época. Os evangelhos mostram claramente que o próprio Jesus se sentiu em oposição aos rabinos, “os fariseus”. De modo ostensivo, Jesus não se considerava um “rabino” nem estava interessado nos pontos mais refinados da Torá ou na exposição deles, que era o interesse predominante dos rabinos da época. Sua atitude com relação à principais instituições sociais e Leis foi tal, entretanto, que por si só já eram suficientes para colocá-lo em oposição eterna ao judaísmo e seus rabinos. Os Evangelhos fornecem ampla evidência de que Jesus achava que os rabinos eram de pouca utilidade e sentia por eles um amor menor ainda. Pois as suas próprias visões e atitudes eram diametralmente opostas à filosofia e modo de vida judaico. O judaísmo é essencialmente otimista. Ensina que a vida e o mundo são bons e que a piedade consiste na integração religiosa e espiritual do físico e do material em vez da total abnegação e ascetismo. Jesus era de natureza ascética. Seu reino não era neste mundo e seus ensinamentos, portanto, preocupavam-se principalmente com o mundo vindouro. Enquanto os rabinos daquela época se empenhavam em resolver o problema da pobreza por meio de legislação e disposições legais adequadas. Jesus, despreocupado dos problemas decorrentes da necessidade, lidava com eles simplesmente do ponto de vista irreal do mundo por vir. Para ele, a pobreza não era uma condição degradante e deplorável que necessitasse erradicação, mas pelo contrário, a considerava como um passaporte para o Reino dos Céus. E então aconselhava aos discípulos: Se desejas a perfeição. Vá! Venda sua propriedade e doe o dinheiro aos pobres e gozarás de riqueza nos céus. Depois, volte e seja meu seguidor” Mateus 19,21. Claro que essa não é uma solução para o problema da necessidade e do sofrimento social. Pelo contrário, agrava o problema acrescentando mais pessoas pauperizadas as fileiras daqueles que estão passando necessidades. O problema social agitou, desde os primórdios, os corações e mentes dos mestres judeus. Tentaram solucioná-lo e obtiveram bastante êxito em sua tentativa, promulgando leis e taxando os ricos em benefício dos pobres. Além da taxação, e acima dela, eles também ressaltavam insistentemente a importância da caridade. Mesmo assim, não defendiam que o ser humano se despojasse de tudo que tivesse. Pelo contrário, depreciavam a generosidade imprevidente e a consideravam insensata e contrária a Lei. Promulgaram a norma de que não se deve doar para caridade mais do que um quinto de suas posses. O ser humano ideal do judaísmo leva uma vida plena como membro de sua família, devidamente integrado à comunidade e na feliz busca de um trabalho produtivo. Para poder ser um seguidor de Jesus, entretanto, seria preciso romper todos os vínculos com a vida social normal. Ele exigia; “Nem um de vocês que não se despedir de tudo o que possui não poderá ser um dos meus discípulos” Lucas 14,33. Essa renúncia não se estendia somente às pessoas materiais, mas também à eliminação das afeições mais naturais pelos membros da família. Contrariamente à atitude judaica positiva com relação ao matrimônio e à família, Jesus se opunha quase que hostilmente a essas instituições. Não era casado e dirigia palavras extremamente contundentes contra a lealdade a pais, irmãos e irmãs, considerando esses vínculos como afastadores do amor de Deus. O mandamento de honrar pai e mãe tem sido invariavelmente tido pelos rabinos e mestres como uma das leis mais importantes da Torá. A literatura judaica está repleta de histórias inspiradoras do amor e fidelidade exemplar dos grandes sábios. Jesus, por outro lado, desmerecia e envergonhava sua mãe e irmãos em público. Assim, está registrado que quando Jesus se dirigia a multidão, “sua mãe e seus irmãos permaneciam fora dela, desejando falar com ele. Mas, dizia a quem o avisava: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” Apontava aos discípulos e dizia; “Aqui estão minha mãe e meus irmãos! Todo aquele que realiza a vontade de meu Pai do céu é meu irmão e minha irmã e minha mãe” Mateus 12,46-50. Em outra ocasião, quando um dos ouvintes exclamou: “Abençoado seja a mãe que o gerou e nutriu”. Jesus respondeu: “Você poderia expressar-se melhor: “Abençoados sejam aqueles que ouvem a mensagem de Deus e as observa” Lucas 11,27 e seguintes. Ele também ensinava: “Não deves chamar qualquer um na terra de seu pai, pois tens somente um, o Pai dos Céus” Mateus 23,9. Abraço. Davi.

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