Religião Afro-brasileira.
Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). Capítulo
VII. DIVINDADES. Parte II. Esse temor só se justifica pela ignorância, pois, se
eles acreditavam na divindade de Jesus Cristo, não precisavam temer o poder das
divindades alheias. Porém, não só desconheciam as divindades alheias e suas
atribuições divinas, mas também lhes interessava dominar a mente das pessoas.
Assim, nada melhor do que negar qualquer divindade ou ícone de outras religiões
e lançar lhes a pecha de “deuses pagãos”. Isso se repete periodicamente na
história religiosa da humanidade, e toda doutrina nascente se escuda na negação
da divindade da religião que está chegando ao seu ocaso. Esse obscurantismo
religioso se instala porque só assim a nova doutrina alcança seu objetivo:
dominar pela fé a mente das pessoas. Por conseguinte, a doutrina de Umbanda não
proíbe os seus adeptos de estudar doutrinas alheias. Ele entende que as pessoas
precisam comparar os conhecimentos colocados a disposição de tantos quantos se
interessarem pelo assunto. Hoje, temos umbandistas que estudam Teosofia, Gnose,
Maçonaria, Budismo, Hinduísmo, Lamaísmo, Cristianismo, Islamismo, Espiritismo, Xintoísmo, Confucionismo, Xamanismo etc. Com isso, enriquecem ainda mais o Ritual de Umbanda
Sagrada, dessa maneira, estão dotando-o com o que de melhor possuem estas
outras doutrinas religiosas. Uma Umbanda esclarecida e escudada em conceitos
universais é a melhor garantia de que um líder obscurantista não empolgará esta
religião nascente ou que um “papa” não criará seu trono particular. Do qual
ditará dogmas que assegurarão o domínio da fé e da mente de muitas pessoas.
Afinal, ou uma divindade conquista seus fiéis pelas afinidades, ou não os
auxiliará de fato, porque o tempo se encarregará de lançá-la no esquecimento
religioso. O Ritual de Umbanda Sagrada é pródigo em divindades naturais. No seu
panteão estão assentadas todas as divindades existentes, ainda que não se
manifestem com os nomes pelos quais ficaram conhecidas no passado. Já que seus
mistérios se manifestam ocultados nos nomes simbólicos das linhas de trabalho
de Umbanda. A linha de Fé, por exemplo, constituiu tantas sublinhas quantas
lhes foram solicitadas pelas divindades. E se sob a regência de Oxalá todos os
mistérios da Fé se manifestam, no entanto, eles assumem características
próprias e realizam suas missões por meio das linhas de ação e dos trabalhos
pontificadas por espíritos já ascensionados. Formando as há séculos ou milênios
sob a irradiação das divindades regentes dos mistérios da Fé. Citemos só um
exemplo de antiguidade das divindades que manifestam seus mistérios de Fé por
intermédio de uma linha de ação e trabalhos de Umbanda Sagrada: a linha de
caboclos Arco-Íris. O Arco-íris divino é um símbolo religioso cultuado pelos
antigos magos caldeus, que o receberam como herança religiosa da antiga
civilização veda. Que os receberam de outra civilização ainda mais antiga e que
remonta à era da mitologia Atlântida. Civilização esta que deixou seus símbolos
religiosos espalhados por toda a face da Terra. Até o famoso castiçal de sete
braços foi-nos legado por ela, que colocava nele sete velas coloridas, cada uma
de uma cor. Como o tempo a tudo renova, eis que entre os Orixás encontramos o
símbolo arco-íris Sagrado guardado pelo mito do Orixá Oxumaré, e que é
representado pela Serpente do Arco-íris. Mas uma ordem religiosa astral
conservou todos os fundamentos e conhecimentos da religião que tinha como
símbolo máximo o arco-íris e que cultuava uma divindade planetária que se renovou
em solo africano como Oxumaré. Renovando-se no Ritual de Umbanda Sagrada,
deslocando para o ritual nascente uma de suas hierarquias, assumindo o
expressivo nome de “linha de caboclos Arco-íris”, presentes já nas primeiras
manifestações umbandistas. O Orixá Oxumaré possui as mesmas qualidades,
atributos e atribuições do divino “lá-ór-me-ri-iim-de-re-yê, cujo nome é um
mantra invocador da divindade regente de Fé durante a era Atlântida, quando era
simbolizada por um arco-íris que se projetava para o alto e para o infinito. A
divindade da Atlântida é o mesmo Oxumaré africano, que se renovou na linha de
caboclos Arco-íris, estando recolhendo seus afins remanescentes por meio do
Ritual de Umbanda e reconduzindo-os as esferas luminosas. Integrando-se as
hierarquias naturais regidas pela divindade da fé, regente de um mistério que
até os velhos babalaôs africanos desconheciam. Por isso não os ensinavam aos
seus herdeiros religiosos. O divino Oxumaré é uma divindade tripolar, pois atua
no alto, no meio e no embaixo, ou seja, tem hierarquias que atuam na Luz, tem
as que atuam junto aos encarnados e tem as que atuam nas Trevas. Suas
hierarquias são tão numerosas, que se espalham por todas as religiões
atualmente existentes. E não há sequer uma que não manifeste o mistério da Fé
regido pelo divino “lá-ór-me-ri-iim-de-re-ye, ou nosso amado pai Oxumaré,
renovado na Serpente do Arco-íris. Todo Caboclo Arco-íris é um semeador da fé e
saúda o divino Oxalá, sendo por meio do mistério da Fé que ele se manifesta
dentro do Ritual de Umbanda Sagrada. Oxumaré é um Oxalá? Não. Oxumaré é o quê?
É um mistério divino que rege a renovação dos seres por intermédio do amor
divino, simbolizado por um coração, que por sua vez simboliza uma das Oxuns
intermediárias harmonizando-se com “Ísis”, a deusa egípcia ainda muito
conhecida, igual a toda Oxum, é uma divindade maternal e amorosa. Viram como o
conhecimento religioso abstrato desconhece completamente as hierarquias
divinas, como Deus procede e quem são realmente as divindades naturais? O mentalismo
abstrato acerca das coisas divinas foi o
único meio de o obscurantismo religioso impor-se e dominar, precisando
aprisionar os espíritos rebelados contra a rigidez das hierarquias espirituais
estabelecidas no astral desde eras remotas e desconhecidas da atual
civilização. O Cristianismo apagou o conhecimento guardado pelos mystas e o
Islamismo apagou o conhecimento que os magos guardavam com muito zelo. Por
isso, as culturas religiosas cristã, judaica e islâmica negam as divindades
naturais e canalizam a fé unicamente para Deus. Os espíritos rebelados contra a
rigidez das divindades naturais só deixariam conduzir se fosse por meio de doutrinas adaptadas as suas
necessidades mais imediatas, que é o retorno ao rebando divino, do qual se
haviam afastado e relutavam em retornar. Deus Pai, em sua infinita bondade e
misericórdia, criou novas religiões e dotou-as com doutrinas obscurantistas que
tem acolhido milhões de espíritos rebelados contra a rigidez das hierarquias
espirituais pelas divindades naturais. Se duvidam do que aqui afirmamos, deem
uma rápida olhada no que acontece atualmente dentro da recente Umbanda.
Espíritos encarnados chamados para religarem-se com os Orixás, que são as
divindades naturais, não aceitando submissamente a rigidez das hierarquias.
Simplesmente viraram-lhe as costas e abrigaram-se no espaço religioso da mais
obscurantista das seitas cristãs. Escudados em uma religiosidade que beira ao
fanatismo, chafurdam a Umbanda e os Orixás com epítetos próprios de suas
consciências maculadas pelo desrespeito aos mistérios de Deus. Mas Deus,
generoso como sempre, está dando a eles uma doutrina obscurantista. Assim, não
confundirão nem a si nem aos seus semelhantes, pois não aceitaram a rigidez das
hierarquias espirituais regidas pelos sagrados Orixás. Muitos daqueles que hoje
ocupam púlpitos e esbravejam contra a Umbanda, ontem frequentaram os terreiros,
onde só sabiam pedir por bens materiais, tais como: carro novo, nova namorada,
afastar do caminho um concorrente etc. Mas como viram neles meros mercadores da
fé, as hierarquias os afastaram e só restou a eles a desinformação das seitas
neo cristãs. Sendo que, nem o Catolicismo de antes não atendia aos seus anseios
imediatistas e materialistas. Deus Pai, em sua infinita bondade e tolerância,
os encaminhou e encaminhará sempre a outra doutrina, que, além de ser
obscurantista, é muito mais rígida que a Umbanda. Por isso, o Ritual de Umbanda
Sagrada respeita todas as doutrinas religiosas, e a doutrina de Umbanda
respeita e aceita todas as divindades. Afinal, o aguerrido Orixá Ogum,
divindade aplicadora da Lei Maior, concede muito mais liberdade de pensamento
aos seus fiéis que o sereno Jesus Cristo, quando comparamos um fiel da Umbanda
com um fiel evangélico, já que a este último muitas coisas são proibidas. A
doutrina de Umbanda estimula os umbandistas a estudarem as religiões e as
divindades, mas sob a ótica comparativa. Com certeza, encontrarão respostas a
muitos problemas sociais da atualidade se estudarem as recomendações das
divindades aos seus fiéis. A postura dos religiosos enquanto intermediadores
dos fiéis junto à divindades e os procedimentos dos fiéis diante da divindade e
da doutrina que fundamenta sua religião. 1º Descobrirão que as divindades
exigem dos seus fiéis que sejam generosos, amorosos, humildes, obedientes,
submissos, caridosos etc. 2º Descobrirão que os religiosos ensinam estas
virtudes aos fiéis. 3º Descobrirão que, apesar de todo esse esforço, os fiéis
têm muita dificuldade em proceder como exige a divindade e coo recomendam os
religiosos. Nó nunca devemos julgar uma divindade pelo comportamento dos seus
fiéis, pois estes não são um espelho vivo refletindo as qualidades excelsas de
seu regente divino. Em Jesus Cristo, temos tudo o que um ser precisa para
ascender aos céus, e, no entanto, o inferno está coalhado de cristãos. Em Oxum,
temos amor suficiente para conquistar o coração divino, ainda assim, as trevas
estão coalhadas de filhos e filhas da Mãe do Amor. Por que isso? Porque as
divindades, que são mistérios de Deus, semeiam doutrinas virtuosas e os
religiosos apregoam que só os virtuosos ascendem aos céus. Mas o espírito
encarnado, avessos a hierarquias, sendo que, esta implica obediência e renúncia
pessoal. Preferem a autossatisfação e uma liberdade religiosa que beira a
libertinagem consciencial. A doutrina de Umbanda recomenda aos seus adeptos o
respeito e a reverência a todas as divindades. Assim como aos seus hierarcas
humanos, encarnados ou não, mas que externem as qualidades ordenadoras e
excelsas de seu regente divino. Mesmo tendo tantas divindades e tantos
instrutores encarnados, ainda assim as pessoas continuam desencarnando ... e
indo estacionar nas faixas vibratórias negativas. Logo, a existência do inferno
ou trevas não se deve a esta ou aquela divindade, porém à rebeldia natural dos
espíritos e à pouca atenção que dão ao que deles esperam as divindades. Abraço.
Davi
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