sábado, 1 de junho de 2024

DOUTRINA RELIGIOSA

 

Religião Afro-brasileira. Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). Capítulo VI. DOUTRINA RELIGIOSA. A doutrina de Umbanda tem caráter universalista e absorveu conceitos e fundamentos de outras religiões, os quais se têm mostrado positivos e universais, descartando os dogmas e o Ocultismo. Os dogmas foram rejeitados porque paralisam a evolução dos fiéis e petrificam, no tempo, as religiões. Já o Ocultismo foi descartado porque só se adapta a ordens fechadas e seletivas. Como a Umbanda não é seletiva, mas sim universalista e aberta a todos, sem distinção de qualquer espécie, então o Ocultismo seria um entrave a livre manifestação da religiosidade dos médiuns, que se veriam impossibilitados de tecer comentários acerca de suas práticas religiosas. E, como a Umbanda tem por finalidade acelerar a evolução dos espíritos, os dogmas não foram aceitos. Parte do atraso espiritual da humanidade se deve justamente a eles. Dogmas tais como: à mulher é vedada a direção ou condução de rituais religiosos. O sacerdote não deve ter contato como o sexo oposto. O sacerdote deve colocar-se acima dos fiéis. Os sacerdotes formam uma casta a parte. Os fiéis devem obediência cega aos sacerdotes. E muitos outros, que adentram no conhecimento doas divindades cultuadas, porém que se mantém estáticos no tempo, foram descartados pelos espíritos superiores que idealizaram o Ritual de Umbanda Sagrada. Muitas vezes, por trás de um dogma oculta-se a falta de um conhecimento profundo da natureza e dos mistérios de Deus. E isso quando não visam a interesses escusos ou dominadores da consciência coletiva de todo um povo. Por isso, a doutrina de Umbanda é universalista e está aberta à incorporação de conceitos já consagrados, de interesse da maioria e estimuladores da religiosidade livre do fanatismo e do sectarismo. Conceitos tais como: só existe um Deus. O homem é criação de Deus. O homem-carne é animado por um espírito imortal. O homem foi feito a semelhança de Deus. Ao espírito é dado o direito de reencarnar. O justo e virtuoso ascende aos céus. O injusto e viciado desce as trevas. A toda ação corresponde uma reação. A prática do bem, traz recompensa, e a prática do mal acarreta débitos. Uma encarnação deve ser bem aproveitada, de modo que possibilita a aquisição de uma consciência virtuosa. Existência do carma coletivo e individual. Existência do recurso da reencarnação retificadora. Sujeição a lei das afinidades. Superioridade dos bens espirituais aos bens materiais. Prática regular da prece. Consagração do ser ao serviço religioso. Fraternidade total em relação a raça, a cor, a religião e a cultura. Aceitação de hierarquias espirituais e divinas a serviço de Deus na condução do destino dos espíritos menos evoluídos ou dos encarnados. Aceitação da manifestação dos espíritos durante as sessões religiosas, quando incorporam e dão orientações, realizam curas, afastam obsessores, anulam magias negativas etc. Evolução contínua dos espíritos. Enfim, muitos são os conceitos incorporados à religião de Umbanda, mas que foram absorvidos de outras doutrinas, pois, são vistos e tidos como verdadeiros e indiscutivelmente têm servido para alavancar a evolução da humanidade como um todo. E, como o Ritual de Umbanda Sagrada realiza em seus trabalhos muitas práticas religiosas já antiquíssimas. Sendo que, seus idealizadores espirituais são oriundos de muitas religiões, algumas já extintas no plano material, nada mais correto do que incorporar os conceitos verdadeiros que auxiliaram os mentores a evoluir quando, também eles, viveram suas muitas encarnações. Como todas as outras religiões, a Umbanda adotou o simbolismo como um véu diáfano e ocultador dos mistérios divinos que se manifestam durante os trabalhos práticos. Por trás dos nomes simbólicos dos guias espirituais está a atuação de inúmeros mistérios divinos que sustentaram muitas religiões, ou ainda estão sustentando as que atuam no plano material. Muitas já cumpriram suas missões e recolheram-se ao mundo espiritual, onde continuam ativas e amparando seus afins. O simbolismo é o meio mais prático de salvaguardar os mistérios divinos que, se não forem velados, logo são profanados por pessoas inteligentes, todavia movidas por interesses sombrios, tais como as que tentam negar a origem superior e divina de Jesus Cristo, só porque o nosso amado mestre divino se humanizou e nasceu para a carne por intermédio do ventre bendito de Maria. Tentam, apegando-se a esse procedimento geral ditado por Deus para todo ser vivente na carne, negar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas nós bem sabemos que, se o divino mestre não se furtou a essa regra divina, foi para humanizar-se e se mostrar igual àqueles aos quais consagrou sua existência, que somos todos nós. Jesus Cristo é um mistério de Deus e assim deve ser entendido e cultuado por todos os que que encontram nele o lenitivo para as dores da alma e para a comunhão plena com Deus. Que por intermédio dele fala aos seus filhos, tanto os encarnados como os que vivem no mundo espiritual. Por isso, o simbolismo usado na Umbanda: ele visa a preservar as divindades que sustentam linhas ou correntes espirituais de alcance planetário, atuando em todas as religiões. Recorrendo ao simbolismo, a Umbanda oculta as divindades que, a exemplo de Jesus Cristo, consagraram-se a humanidade e têm atuado no amparo e na evolução dos espíritos a eles confiados por Deus. Sim, porque Deus é o Pai de todos, e as divindades, diferenciadas dele, são seus mistérios, são os pais de coletividades de espíritos afins ou em um mesmo grau de evolução espiritual. E é as divindades que Deus recorre para falar de frente, e no mesmo nível, com seus filhos espalhados por toda a face da terra. Aos que vivem na dimensão dos espíritos e aos que vivem nas dimensões naturais paralelas a dimensão humana. Assim como os seres que vivem em outras orbes planetários. Já que é um contrassenso acreditar que o homem é o único ser inteligente no Universo ou seu único beneficiário. As razões que levaram os espíritos superiores a recorrerem ao simbolismo visavam a preservar as divindades que atuariam no Ritual de Umbanda Sagrada. E a hierarquizar as manifestações dos espíritos que atuariam no nível vibratório “terra” por meio da incorporação nos médiuns de Umbanda. O nome simbólico ocultador das qualidades da divindade seria comum a todos os espíritos regidos ou ligados ao mistério de Deus, que a divindade é em si mesma. Não seria o espírito “José da Silva” servo do senhor Xangô que se apresentaria, no entanto, um caboclo, preto-velho ou Exu Sete Montanhas, e ponto final. Esse simbolismo nome “Sete Montanhas” oculta uma divindade intermediária da divindade maior que rege os mistérios da Justiça Divina e à qual chamamos de Orixá Xangô. E assim, sucessivamente, aconteceria com todas as divindades e com todos os espíritos que, por meio da Umbanda, manifestaram-se, sustentando as práticas rituais religiosas e magísticas. Acelerando a evolução de seus afins ainda encarnados ou retidos em faixas vibratórias negativas. Muitos dos nomes simbólicos dos Orixás, tais como Senhor Xangô das Sete Montanhas, Senhora Oxum do Coração, Senhor Ogum Megê Sete Espadas, Senhor Oxóssi “Curador” – Hermes, o deus egípcio – etc. Estão ocultando os nomes que assumiram no plano material quando, a exemplo de Jesus Cristo ou Buda, humanizaram-se e consagraram-se à evolução e ao amparo religioso de todos nós, os espíritos humanos. Existe todo um conhecimento pela Lei Maior, porém que envia até nós alguns raios luminosos que nos esclarecem acerca de como surgem as religiões e de que fim levam as divindades que as sustentaram, enquanto estiveram ativas no plano material. A mais antiga religião ainda em atividade no plano material é a judaica, no entanto, ela só tem uns cinco mil anos solares de existência. Logo, os nossos irmãos judeus não devem preocupar-se com os que tentam acabar com sua religião, pois não conseguirão, uma vez que o atempo concedido a todas as religiões é de no mínimo, sete mil anos solares. E, como assim são as religiões, ainda restam dois mil anos de árduos trabalhos religiões aos nossos amados irmãos rabinos. No sentido de preservarem a fé em Deus Pai por meio da dogmática religiosa que tem preservado uma religião maravilhosa como a deles. A qual tem servido de fonte inspiradora a muitas outras religiões, ainda jovens. Ou o Cristianismo e o Islamismo não são jovens se comparados ao Judaísmo? Ambas beberam do saber dos rabinos para fundamentarem as doutrinas que as sustentam e sustentarão por muitos milênios. Nenhuma religião se fecha ou se recolhe antes de concluir sua missão na face da terra, esse é um imperativo divino. E, por mais que as outras tentem, mais tenaz é a resistência de seus adeptos ou fiéis, que retiram desses obstáculos a prova de fé que têm em Deus. Mas algumas, quando concluem suas missões antes do tempo já citado de sete mil anos, e que é um ciclo religioso. Recolhem-se e deixam no plano material apenas uma ordem religiosa que outra religião nascente logo incorpora e da qual extrai muitos dos fundamentos que a alicerçarão e darão sustentação à sua nova ou renovadora doutrina religiosa. Por isso, a doutrina de Umbanda Sagrada adotou o simbolismo como forma de velar os mistérios que, por meio das suas práticas rituais, manifestaram-se e passam despercebidos tanto dos assistentes como da maioria dos médiuns. Por trás de um espírito que responde pelo nome simbólico “Sete Pedreiras” está o mistério divino “Iansã Sete Pedreiras”. Que tem por trás a divina Orixá Iansã – uma manifestação diferenciada ou individualizada de Deus por meio de um de seus mistérios. Por isso, a doutrina de Umbanda é universalista: seus mistérios – divindades – conservaram-se os nomes africanos dos Orixás. Não se restringem unicamente ao continente africano e manifestam-se sob outros nomes para atender a outras culturas e expectativas religiosas. Mas sempre atuam por atender a outras culturas e expectativas religiosas. No entanto, sempre atuam por meio de suas hierarquias, as quais possuem graus intermediários justamente para atender à diversidade cultural e religiosa da humanidade. O simbolismo adotado mostrou-se fundamental a Umbanda e em pouco tempo alguns nomes de caboclos, pretos-velhos, crianças e exus se tornaram tão populares que dispensavam explicações ou apresentações, já que, eram sinônimos de Umbanda e de trabalhos espirituais. Até a simbologia, ou signos cabalísticos, tornou-se conhecida, e nos pontos simbólicos riscados todos reconhecem na espada o Orixá Ogum, na cruz o Orixá Obaluaiê, no raio o Xangô etc. Então, por essa facilidade de assimilação do simbolismo, a Umbanda também é  simbólica e se mostra por meio de símbolos sagrados ou consagrados conhecidos em outras religiões e aceitos como sinais gráficos religiosos. Abraços.

Nenhum comentário:

Postar um comentário