Confucionismo. O Livro das
Religiões. A VIRTUDE NÃO VEM DO CÉU. Parte I. A Sabedoria do Homem Superior. Em
contexto. Confúcio. Quando e onde: Séculos VI-V a.C., China. Antes: A partir do
século XI a.C. A dinastia Zhou redireciona o culto tradicional chinês de
adoração aos ancestrais para o conceito de céu, com o imperador como
representante. Século VI a.C. Lao Tsé propõe agir de acordo como o Tao, o
caminho, para manter a harmonia universal. Depois: A partir do século VI a.C.
Os ideais confucionistas de virtude e responsabilidade orientam o governo
imperial Zhou e a ideologia das últimas dinastias. Século XVIII (1701-1800). As
ideias meritocráticas de Confúcio são admiradas pelos pensadores do Iluminismo,
que se opõem à autoridade absoluta da Igreja e do Estado. Confúcio (552 a.C. –
489 a.C.), como ele é conhecido no Ocidente, foi um dos primeiros pensadores a
explorar sistematicamente a noção da bondade. Questionando se a superioridade
moral é um privilégio divino ou um elemento inerente a humanidade, que pode ser
cultivado. Nascido no século VI a.C. em Oufu, na província de Shandong, China.
Confúcio foi um de uma série de novos estudiosos – na verdade, os primeiros
funcionários públicos – que se tornaram conselheiros da corte chinesa. Saindo
da classe média para ocupar posição de poder e influência por mérito próprio,
não por herança. Na sociedade rigidamente estratificada da época, isso não era
normal, e é nessa anormalidade que se baseia o pensamento de Confúcio. Os
governantes da dinastia Zhou acreditavam que sua autoridade vinha diretamente
dos deuses, sob o “mandato dos céus”. E que a qualidade de – ren, ou jen –
benevolência, era um atributo das classes dominantes. Confúcio também
considerava o céu como a fonte da ordem moral, mas argumentava que as bênçãos
celestiais estavam abertas para todos e que a qualidade de ren poderia ser
adquirida por qualquer um. Aliais, é um dever de todo mundo cultivar os
atributos que constituem o ren – serenidade, generosidade, sinceridade,
diligência e bondade. A prática dessas virtudes condiz com o desejo dos céus. O
céu é a fonte da ordem moral. A ordem é mantida pela bondade. A bondade é uma
qualidade que pode ser aprendida. Portanto, todo mundo pode ser bom. A virtude
não vem do céu. Os Analectos de Confúcio dizem: “Quem governa pela virtude é
como a Estrela Polar, que permanece imóvel enquanto todas as outras estrelas
circulam em torno dela”. Os Analectos – frases e ensinamentos de Confúcio
compilados por seus discípulos – estabeleceram uma nova filosofia de moralidade.
Em que o homem superior, ou junzi, literalmente cavalheiro, se dedica à
aquisição do ren para o próprio bem. Ele aprende pelas vantagens do aprendizado
e é bom pelas vantagens da bondade. Em resposta a um aluno que lhe pediu para
explicar as regras a serem seguidas por quem busca o ren, Confúcio disse: “Não
devemos ver, ouvir, dizer ou fazer nada impróprio”. Confúcio preocupava-se não
só como o autoaperfeiçoamento, mas com as relações interpessoais e a forma
apropriada de se comportar em família, numa comunidade e na sociedade como um
todo. Ele próprio admitia alunos de todas as classes e acreditava que a virtude
resultava do autoaperfeiçoamento, não da linhagem. Em meio a rigidez da
hierarquia vigente na sociedade feudal chinesa. Confúcio teve que encontrar uma
forma de promover a virtude pessoal sem preconizar a simples meritocracia. Ele
argumentou que o homem de virtude aceita e entende seu lugar na ordem social e
utiliza sua virtude para desempenhar o papel que lhe foi designado, em vez de
tentar transcendê-lo. “O homem superior faz o que é apropriado para a posição
em que se encontra, sem desejar ir além disso”. Atributos de um governante
sábio. Em relação aos governantes, Confúcio dizia que, em vez de exercer seus
poderes de maneira arbitrária e injusta, eles deveriam liderar pelo exemplo. E
que tratar as pessoas com bondade e generosidade estimularia a virtude, a
lealdade e o bom comportamento. No entanto, para governar os outros, primeiro é
preciso governar a si mesmo. Para Confúcio, um governante humano era definido
por sua prática do ren. Sem isso, ele pode perder o mandato dos céus. Em
diversos aspectos, a ideia do governante perfeito de Confúcio assemelha-se ao
conceito do Tao de Lao Tsé. Quanto menos o governante fizer, mais será
realizado. O governante é o eixo estável em torno do qual gira a atividade do
reino. Os governantes que seguiram esse conselho â risca precisaram
conselheiros e funcionários públicos cuja confiabilidade se baseava nos
conceitos confucionistas de virtude. A autoridade imperial na China, antiga,
expressava-se pelo governo absoluto, que reforçava a ideia de um poder central
estável. Julgamentos ponderados dificilmente requeriam revisão. Em 136 a.C., a
dinastia Han introduziu novos concursos para o serviço imperial com base nos
ideais meritocráticos de Confúcio. Abraços. Davi
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