segunda-feira, 3 de junho de 2024

A VIRTUDE NÃO VEM DO CÉU. Parte I

 

Confucionismo. O Livro das Religiões. A VIRTUDE NÃO VEM DO CÉU. Parte I. A Sabedoria do Homem Superior. Em contexto. Confúcio. Quando e onde: Séculos VI-V a.C., China. Antes: A partir do século XI a.C. A dinastia Zhou redireciona o culto tradicional chinês de adoração aos ancestrais para o conceito de céu, com o imperador como representante. Século VI a.C. Lao Tsé propõe agir de acordo como o Tao, o caminho, para manter a harmonia universal. Depois: A partir do século VI a.C. Os ideais confucionistas de virtude e responsabilidade orientam o governo imperial Zhou e a ideologia das últimas dinastias. Século XVIII (1701-1800). As ideias meritocráticas de Confúcio são admiradas pelos pensadores do Iluminismo, que se opõem à autoridade absoluta da Igreja e do Estado. Confúcio (552 a.C. – 489 a.C.), como ele é conhecido no Ocidente, foi um dos primeiros pensadores a explorar sistematicamente a noção da bondade. Questionando se a superioridade moral é um privilégio divino ou um elemento inerente a humanidade, que pode ser cultivado. Nascido no século VI a.C. em Oufu, na província de Shandong, China. Confúcio foi um de uma série de novos estudiosos – na verdade, os primeiros funcionários públicos – que se tornaram conselheiros da corte chinesa. Saindo da classe média para ocupar posição de poder e influência por mérito próprio, não por herança. Na sociedade rigidamente estratificada da época, isso não era normal, e é nessa anormalidade que se baseia o pensamento de Confúcio. Os governantes da dinastia Zhou acreditavam que sua autoridade vinha diretamente dos deuses, sob o “mandato dos céus”. E que a qualidade de – ren, ou jen – benevolência, era um atributo das classes dominantes. Confúcio também considerava o céu como a fonte da ordem moral, mas argumentava que as bênçãos celestiais estavam abertas para todos e que a qualidade de ren poderia ser adquirida por qualquer um. Aliais, é um dever de todo mundo cultivar os atributos que constituem o ren – serenidade, generosidade, sinceridade, diligência e bondade. A prática dessas virtudes condiz com o desejo dos céus. O céu é a fonte da ordem moral. A ordem é mantida pela bondade. A bondade é uma qualidade que pode ser aprendida. Portanto, todo mundo pode ser bom. A virtude não vem do céu. Os Analectos de Confúcio dizem: “Quem governa pela virtude é como a Estrela Polar, que permanece imóvel enquanto todas as outras estrelas circulam em torno dela”. Os Analectos – frases e ensinamentos de Confúcio compilados por seus discípulos – estabeleceram uma nova filosofia de moralidade. Em que o homem superior, ou junzi, literalmente cavalheiro, se dedica à aquisição do ren para o próprio bem. Ele aprende pelas vantagens do aprendizado e é bom pelas vantagens da bondade. Em resposta a um aluno que lhe pediu para explicar as regras a serem seguidas por quem busca o ren, Confúcio disse: “Não devemos ver, ouvir, dizer ou fazer nada impróprio”. Confúcio preocupava-se não só como o autoaperfeiçoamento, mas com as relações interpessoais e a forma apropriada de se comportar em família, numa comunidade e na sociedade como um todo. Ele próprio admitia alunos de todas as classes e acreditava que a virtude resultava do autoaperfeiçoamento, não da linhagem. Em meio a rigidez da hierarquia vigente na sociedade feudal chinesa. Confúcio teve que encontrar uma forma de promover a virtude pessoal sem preconizar a simples meritocracia. Ele argumentou que o homem de virtude aceita e entende seu lugar na ordem social e utiliza sua virtude para desempenhar o papel que lhe foi designado, em vez de tentar transcendê-lo. “O homem superior faz o que é apropriado para a posição em que se encontra, sem desejar ir além disso”. Atributos de um governante sábio. Em relação aos governantes, Confúcio dizia que, em vez de exercer seus poderes de maneira arbitrária e injusta, eles deveriam liderar pelo exemplo. E que tratar as pessoas com bondade e generosidade estimularia a virtude, a lealdade e o bom comportamento. No entanto, para governar os outros, primeiro é preciso governar a si mesmo. Para Confúcio, um governante humano era definido por sua prática do ren. Sem isso, ele pode perder o mandato dos céus. Em diversos aspectos, a ideia do governante perfeito de Confúcio assemelha-se ao conceito do Tao de Lao Tsé. Quanto menos o governante fizer, mais será realizado. O governante é o eixo estável em torno do qual gira a atividade do reino. Os governantes que seguiram esse conselho â risca precisaram conselheiros e funcionários públicos cuja confiabilidade se baseava nos conceitos confucionistas de virtude. A autoridade imperial na China, antiga, expressava-se pelo governo absoluto, que reforçava a ideia de um poder central estável. Julgamentos ponderados dificilmente requeriam revisão. Em 136 a.C., a dinastia Han introduziu novos concursos para o serviço imperial com base nos ideais meritocráticos de Confúcio. Abraços. Davi

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