Budismo. O Livro das
Religiões. ENCONTRANDO O CAMINHO DO MEIO. Parte I. Em contexto. Principal
figura Sidhartha Gautama. Quando e onde. Século VI a.C. no norte da Índia.
Antes. A partir de 1700 a.C. muitos deuses são cultuados na religião védica do
norte da Índia. Século VI a.C. Na China, o taoísmo e o confucionismo apresentam
filosofias em que se cultivam o desenvolvimento espiritual pessoal. Século VI
a.C. Mahavira rejeita o destino de príncipe indiano e torna-se um ascético
extremo. Seus ensinamentos formam os textos sagrados do jainismo. Depois.
Século I d.C. Surgem os primeiros textos com os ensinamentos de Sidhartha
Gautama. Logo depois, o budismo se espalha pela China. Sidhartha Gautama.
Nascido em 563 a.C. na família real do clã Shakya, no norte da Índia, Sidhartha
Gautama estava destinado a ocupar um lugar importante na sociedade. Criado com
regalias e bem-educado, casou-se aos dezesseis anos e teve um filho. Aos 29
anos, porém, insatisfeito com a vida que levava, saiu de casa e passou anos
como ascético religioso. Após uma experiência de “iluminação”, conforme
descreveu, tornou-se um mestre errante e logo atraiu muitos seguidores,
sobretudo nas cidades da planície indo-gangética. Sidhartha estabeleceu
comunidades de monges e monjas, conquistando um número cada vez maior de
seguidores. Envolveu-se também em discussões com governantes e mestres de
outras religiões. Quando morreu, aos oitenta anos, o budismo já havia se
tornado um movimento religioso importante. Obra-chave. 29 a.C. O Dhammapada, um
resumo dos primeiros ensinamentos de Buda, faz parte do Cânone Pali. Sidhartha
atingiu a iluminação após meditar sob a árvore Bodhi. Uma muda da árvore
original foi plantada em Bodhy Gaya, Índia, em 228 d.C. Hoje um local de
peregrinação para os budistas. A iluminação do Buda. O século VI a.C., foi uma
época de muitas mudanças sociais e políticas no norte da Índia. Tribos locais
foram destruídas pelos novos impérios, cidades expandiram-se, afastando a
população da simplicidade da vida agrícola, e o comércio ganhou força. Ao mesmo
tempo, os indivíduos começaram a fazer perguntas essenciais sobre a vida e os
fundamentos da religião. Por um lado, havia a religião védica estabelecida, com
base no sacrifício e autoridade dos textos védicos. Aos quais pouca gente além
dos brâmanes – classe sacerdotal da sociedade indiana – tinha acesso. Era uma
religião formal e conformista, que exigia obediência à tradição e mantinha as
diferenças de classes. Por outro lado, muitos mestres errantes desafiavam a
religião formal. Alguns se retiraram da sociedade em busca do ascetismo –
renúncia aos confortos materiais – optando pela simplicidade e privação com
formas do desenvolvimento espiritual. Esses mestres rejeitavam tanto o conforto
físico quanto as normas sociais, e passaram a viver fora do sistema de classes.
Outros mestres errantes seguiram a filosofia materialista lokayata e rejeitaram
os ensinamentos espirituais convencionais em prol de uma vida de prazeres,
afirmando que não há nada além do mundo físico. Sidharta busca respostas.
Nascido numa família rica, Sidhartha Gautama concluiu, ao chegar à idade
adulta, que sua vida de conforto era incompatível com a crescente
conscientização das dificuldades da existência e a certeza da morte. Além
disso, o conforto material não oferecia nenhuma proteção contra essa dura
realidade. Desse modo, Sidhartha embarcou numa busca religiosa para encontrar a
origem do sofrimento e uma forma de superá-lo. Por sete ano, praticou o
ascetismo, privando-se de tudo, ficando apenas com o mínimo necessário para o
sustento. Contudo chegou à conclusão de que isso não o ajudou a encontrar o
conhecimento que procurava. Decidiu, portanto, abandonar a vida ascética,
embora continuasse determinado a descobrir a causa do sofrimento. Conta-se que
Sidhartha chegou a um estado de “iluminação” – consciência da verdadeira
natureza da realidade – após uma noite inteira de meditação, e isso lhe trouxe
a resposta para as questões de sofrimento, envelhecimento e morte. A partir
desse momento, seus seguidores passaram a chamá-lo de Buda, um título honorário
que significa “aquele que está totalmente desperto” ou “o iluminado”. O caminho
do meio. O ensinamento de Buda é conhecido como “o caminho do meio”. Num nível
mais óbvio, o conceito sugere um meio-termo entre os dois tipos de existência
que ele rejeitou: uma vida de luxo, procurando obter proteção do sofrimento
material. E uma vida de extrema austeridade, privando-se de quase tudo na busca
pelo crescimento espiritual. A abordagem ou “caminho” encontrado envolvia uma
dose moderada de disciplina em busca de uma vida ética, sem cair na tentação
dos prazeres físicos ou auto mortificação. O caminho do meio proposto por Buda,
também se refere a dois outros extremos: o eternalismo – crença de que a alma
tem um propósito e vive para sempre – e o niilismo, extremo ceticismo, em que
se nega o valor e o sentido de tudo. Precisamos encontrar o caminho do meio.
Por mais conforto material que tenhamos na vida, não estamos imunes à dor e ao
sofrimento. A total negação do conforto material e uma vida de ascetismo também
não nos protegem do sofrimento. Cada pessoa precisa encontrar equilíbrio e
disciplina, de acordo com as circunstâncias individuais. Eternalismo e
niilismo. A religião védica, principalmente conforme apresentada nos textos conhecidos
como Upanishads, afirmava que a verdadeira essência de todo ser humano é o
atman, a alma eterna que reencarna diversas vezes. O atman liga-se ao corpo
físico apenas temporariamente, sendo independente dele. Um ponto crucial da
religião védica é a identificação desse atman com o brahman, a realidade divina
fundamental por trás de tudo. As coisas comuns do mundo como árvores, animais e
pedras são uma ilusão, conhecida como maya. A verdadeira realidade está além do
mundo físico. Quando Buda rejeitou a perenidade do ser, ele estava rejeitando
um elemento central do pensamento e da religião hindu. Buda também rejeitou o
outro extremo – o niilismo, segundo o qual nada tem importância ou valor. O
niilismo pode se manifestar de duas maneiras (ambas existentes na época de
Buda). Uma é o caminho do ascetismo: purificar o corpo por meio da mais extrema
austeridade e rejeitar qualquer tipo de valor mundano. Esse foi o caminho que
Buda escolheu, julgando-o insatisfatório. A outra forma de manifestação do
niilismo foi o caminho adotado na Índia pelos seguidores da escola heterodoxa
de filosofia lokayata – a entrega total ao materialismo. Se tudo é apenas uma
disposição temporária de elementos físicos, não existe uma alma eterna que se
influencie por boas ou más ações durante a vida. Além disso, se não existe vida
além da morte, a melhor conduta a se tomar é buscar o máximo de prazer possível
nesta vida. Porém ao rejeitar esses dois extremos, Buda não optou simplesmente
por um “caminho do meio” no sentido de termo comum. Sua visão baseava-se no
conceito de interconexão, fundamental para conhecer a essência do ensinamento
budista. Abraço. Davi.
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