domingo, 13 de julho de 2025

O PESAR DE ARJUNA

Hinduísmo. Srimad Bhagavad Gita - O Canto do Senhor. Por Swami Vijoyananda. Capítulo I. O PESAR DE ARJUNA. 1– Disse Dhritarashtra: Diga-me Sanjaya, que fizeram meus filhos e os de Pandu reunidos, no sagrado campo de Kurukshetra, com o desejo de lutar? 2– Disse Sanjaya: Vendo ao exército bem formado dos filhos de Pandu, o rei Duryodhana se aproximou do mestre (Drona, instrutor de guerra) e disse o seguinte: 3-6– Contemple, mestre, ao grande exército dos Pandavas (filhos de Pandu), bem formado por teu talentoso discípulo, o filho de Drupada. Aqui estão os heróicos e grandes arqueiros Yuyudhana, Virata e o valente guerreiro Drupada, todos eles iguais a Bhima e Arjuna na guerra. Também estão Dhristaketu, Chekitana, o valoroso rei de Kashi, Purujit, Kuntiboja e o verdadeiro príncipe entre os homens, o rei de Shibi, o forte Yudhamanyu, o valente Uttamouja e os grandes guerreiros filhos de Subhadra e Droupadi. 7-9– Ó Tu, o melhor dos nascidos duas vezes (Brahmins), para informarte vou mencionar os nomes dos distintos condutores de meu exército. Tu, Bhisma, Karna, Kripa, todos vitoriosos na guerra. Também estão Ashvatthama, Vikarna, o filho de Somadatta e muitos outros heróis que manejam com habilidade distintas armas, todos dispostos a sacrificar suas vidas por minha causa. 10– Este exército deles, sob o comando de Bhima, é suficiente para a vitória, em troca aquele, o nosso, capitaneado por Bhisma, não o é. 11– Assim que vós, segundo vossa posição no exército, deveis proteger só a Bhisma. 12– Alegrando o coração de Duryodhana, Bhisma, o tio-avô deles, o mais velho e mais forte dos Kurús, rugiu como um leão e soprou com força sua concha (que os indo-arianos utilizam como um clarim). 1113– Então, simultaneamente por todos os lados soaram as conchas, tambores, timbales e chifres, produzindo um ruído aterrador. 14-18– Então, sentados no grande carro da guerra, ao qual estavam atados cavalos brancos, Madhava (Sri Krishna) soprou a panchajania (concha celestial), Dhananjaya (Arjuna) a devadatta; Vrikodara (Bhima), de ações terríveis, soprou a grande concha poundra, o rei Yudhistira soprou a anantavijaia, Nakula e Sahadeva as sughosa e manispuspaka. Ó dono do mundo, o hábil arqueiro, o rei de Kashi, o grande guerreiro Shikandi, Dhristadyumma, Virata, o invencível Satyaki, Drupada, os filhos de Droupadi e o valente filho de Subhadra, todos tocaram suas respectivas conchas. 19– Aquele ruído aterrador ressoou no céu e na terra e partiu os corações de teus filhos, ó Rei! 20-23– Então, ó Rei, Arjuna, o filho de Pandu, cujo carro leva a figura do macaco, quando viu aos Dharta-rashtras (a teus filhos) formados em posição de batalha, com as diferentes armas prontas para serem usadas, levantou seu arco e disse o seguinte a Hrishikesha: ‘Achyuta (Sri Krishna), coloque meu carro entre os dois exércitos para que eu veja aos que vieram preparados para lutar e contemple antes que comece a guerra a quem devo combater. Quero ver aos que vieram para lutar ao lado de Duryodhana, o filho de Dhritarastra, para causar-lhe prazer’. 24-25– Disse Sanjaya: Ó descendente de Bhárata, a esse pedido de Arjuna, Sri Krishna colocou o excelente carro entre os dois exércitos, em frente à Bhisma, Drona e outros reis e disse: ‘Olha, Partha (Arjuna) aos Kurus reunidos’. 26– Então Arjuna viu aos seus tios, tios-avós, instrutores, tios maternos, sobrinhos, sobrinhos-netos, sogros, amigos e camaradas. 27– Vendo aos parentes e amigos reunidos ali, Arjuna sentiu grande compaixão e muito entristecido, disse o seguinte: 28-30– Disse Arjuna: Ó Krishna, vendo a estes parentes desejosos de lutar, me falham os membros do corpo, minha boca está seca, estou tremendo, com o corpo estremecido, minha pele arde, não posso sustentar ao gandiva (seu arco). Não consigo ficar de pé, minha mente está em um turbilhão. Ó Keshava (Sri Krishna), vejo sinais de mau-agouro. 31-34– Não vejo que bem posso lograr matando aos meus parentes na guerra. Ó Krishna, eu não desejo a vitória nem a soberania nem os prazeres. Ó Govinda (Krishna), de que nos servirão a soberania, os prazeres, mesmo a própria vida, quando meus instrutores, tios, filhos, 12tios-avós, tios maternos, sogros, netos, cunhados e demais parentes, para quem desejamos essas felicidades, estão reunidos aqui para lutar, tendo renunciado a seus bens e mesmo a suas vidas? 35– Ó Madhusudana (Krishna), ainda que eles me matem, eu não quero matá-los, nem para reinar neste mundo, nem para a soberania dos três mundos. 36-37– Ó Janardana (Krishna), que prazer teríamos matado aos Dharta-rashtras? Seria um ato pecaminoso matar a estes agressores. Por isso, não devemos destruir aos nossos parentes, os Dharta-rashtras. Ó Madhava (Krishna), como poderíamos ser felizes matando a nossos próprios parentes? 38-39– Ainda que eles, com a mente dominada pela cobiça, não vêem nenhum mal em destruir aos parentes, nem pecado em serem hostis aos amigos, por que, Ó Janardana, nós que vemos ao grande mal que nasce da destruição dos parentes, não desistimos de cometer este pecado? 40-42– Ao destruir-se a família morrem seus cultos de tempos imemoriais e assim, perdendo a espiritualidade, a família inteira se torna ímpia. Ao prevalecer a imoralidade, as mulheres se corrompem e disto, Ó Varshneya (Krishna), nascem os mestiços, o que é um verdadeiro inferno para uma família, que logo se destrói. Os antepassados caem de sua morada celestial, porque não recebem as oferendas de água e tortas de arroz. 43– Por estas más ações dos destruidores da família que criam os mestiços, se destroem os cultos religiosos e da casta. 44– Temos ouvido, Ó Janardana, que aqueles cujos cultos religiosos da família são destruídos, levam uma vida permanentemente infernal. 45– Ai! Estamos envolvidos em grande pecado. Cobiçando o prazer de reinar, nos preparamos para aniquilar aos nossos parentes. 46– Seria melhor que me matem os bem armados filhos de Dhartarashtra, quando não esteja armado nem lhes resista na guerra. 47- Disse Sanjaya: Dizendo isto, Arjuna jogou fora seu arco e flechas e com o coração muito dolorido, permaneceu sentado em seu carro. Abraço. Davi

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