Cristianismo. Livro o Evangelho de Deus. Por Watchmann Nee (1903-1972). PREFÁCIO. Prefácio à Edição em Inglês. É do conhecimento dos leitores cristãos em todo o mundo que o irmão Watchman Nee foi especialmente encarregado pelo Senhor de ajudar os cristãos quanto à verdade da plena salvação de Deus. Na primavera de 1937, o irmão Nee deu uma série de vinte e seis mensagens sobre as verdades básicas do evangelho de Deus para a igreja em Xangai, China. Essas mensagens são o conteúdo dos volumes 28 e 29 de Obras Reunidas de Watchman Nee (The Collected Works of Watchman Nee). As questões abordadas são amplas, variando desde a condição pecaminosa do homem antes de ser salvo ao seu destino na era vindoura. No volume 28, o irmão Nee apresenta as particularidades da salvação de Deus, isto é, os pecados do homem; o amor, a graça e a misericórdia de Deus; a natureza da graça; a função da lei e a justiça de Deus; a obra de Cristo e do Espírito Santo na salvação de Deus; e a fé como o caminho da salvação. No volume 29, o irmão Nee trata detalhadamente das questões de segurança eterna da salvação e a maneira de Deus lidar com os pecados dos cristãos nesta era e na vindoura. Para ambas as questões, o irmão Nee apresenta respostas convincentes a partir da Bíblia e de como os cristãos atualmente entendem esses assuntos. As mensagens dessas séries foram proferidas pelo irmão Nee em chinês e manuscritas enquanto eram faladas. Essas notas foram traduzidas para o inglês e alteradas conforme necessário. Tanto quanto possível, o tom oral das mensagens foi preservado. Muitas ilustrações que o irmão Nee utilizou foram apreendidas de sua vida na China na época. Essas mensagens demonstram o comissionamento do Senhor para o nosso irmão e como o Senhor o equipou com a revelação de Sua Palavra. Que o Senhor abençoe ricamente todos os que lerem e virem essas verdades faladas pelo Senhor por meio de nosso irmão. Capítulo Um. O PECADO, OS PECADOS E O PECADOR. O Caráter desta Reunião — o Ensino do Evangelho. Hoje iniciamos uma série de reuniões de estudos bíblicos. Porém, antes de iniciarmos, gostaria primeiramente de dizer algumas palavras acerca da natureza destas reuniões. Não sei se há alguns aqui que estão conosco pela primeira vez. Alguns que vêm pela primeira vez acham muito difícil localizar nosso endereço. Muitos se queixam de que a rua onde nos encontramos é de difícil localização. Alguns até mesmo disseram que, apesar de estarem de fato sentados aqui, não sabiam como sair daqui após a reunião. Eles não sabiam que caminho tomar para chegar àquela loja de automóveis que viram enquanto vinham para cá, e não sabem como caminhar de lá para a parada de bonde ou para a parada de ônibus. Muito embora estivessem aqui, não estavam seguros e dificilmente poderiam lembrar-se do caminho pelo qual vieram. Esse é o caso de muitos cristãos em sua vida cristã. Se você lhes perguntar se creem no Senhor, eles dirão que sim. Porém, se lhes perguntar como foi que creram, eles dirão que não têm certeza. Eles não têm clareza alguma acerca da maneira pela qual foram salvos. As reuniões que teremos agora não são um reavivamento nem reuniões de evangelização. E, embora o assunto dessas reuniões seja o evangelho, elas não são reuniões de evangelização. Não estaremos pregando o evangelho desta vez; em vez disso, estaremos ensinando o evangelho. Por que precisamos ensinar o evangelho? Muitos foram salvos e se tornaram cristãos, mas ainda não sabem como se tornaram cristãos. O que vamos fazer hoje é dizer às pessoas como é que elas se tornaram cristãs. Em outras palavras, estamos dizendo-lhes que elas tomaram o sentido sul a partir da Rua Aiwenyi e caminharam diretamente para aquela loja de automóveis que viram, que dali viraram para Wende Lane onde estamos agora. Deram alguns passos em direção à janela do nosso salão de reuniões, viraram na entrada do nosso salão e caminharam até um cesto de lixo à porta do salão de reuniões e, em seguida, entraram no salão. Desta vez não estaremos persuadindo as pessoas a entrar; pelo contrário, estaremos dizendo-lhes como entraram. Se aqui houver alguns que não creram no Senhor, podem ficar desapontados. O que vamos fazer desta vez é mostrar aos que creram como é que creram. Alguns irmãos e irmãs podem ter muita clareza do evangelho; talvez até já saibam sobre o que estamos falando. Porém espero que o Senhor nos abençoe e nos conceda nova luz. Você precisa saber que estas reuniões são de estudo bíblico e destinam-se aos que creram, mas não sabem como creram. Dessa vez não estou tentando encorajá-lo ou reavivá-lo. Estou simplesmente lhe mostrando a direção. Em outras palavras, nessas reuniões nada mais sou do que um guia turístico. O Pecado, Os Pecados, O Pecador. Começarei com um princípio muito básico com respeito ao evangelho. Contudo, espero que a cada reunião avancemos um pouco. Nesta primeira reunião, nosso tema é um assunto que a maioria das pessoas não gosta de ouvir, mas é inevitável. Nosso assunto nesta reunião é o pecado, os pecados e os pecadores. A Bíblia dá muita atenção à questão do pecado. Somente quando tivermos clareza acerca do pecado é que poderemos compreender a salvação. Se quisermos conhecer sobre o evangelho de Deus e sobre a salvação de Deus, primeiro precisamos saber o que é o pecado. Devemos ver inicialmente como o pecado nos afetou e como nos tornamos pecadores. Só então teremos clareza da salvação de Deus. Vamos primeiro considerar o ABC. Precisamos ver o que é pecado, o que são pecados e quem é pecador. A Diferença entre Pecado e Pecados. Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua salvação. Se uma pessoa não tem clareza da diferença entre pecado e pecados, mesmo que seja salva, sua salvação provavelmente é uma salvação obscura. Que é pecado de acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro. Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos. Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que cometemos exteriormente. Que é pecado? Não gosto de utilizar termos tais como “pecado original”, “a raiz do pecado”, “a fonte do pecado” ou similares. Estes termos são criados por teólogos e são desnecessários para nós agora. Seremos simples e consideraremos essa questão a partir da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão. De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Romanos 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Romanos 8:13). Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Romanos 7:23). Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado. Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos. Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados, no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12 até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até 5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12 em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados. De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados. Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão (Mateus 26:28; Atos 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação (Romanos 6:18, 22). Certa vez encontrei um missionário que falava sobre “o perdão do pecado”. Imediatamente levantei-me, apertei sua mão e perguntei: “Onde na Bíblia se diz ‘perdão do pecado’?” Ele argumentou que existiam muitos casos. Quando lhe perguntei se podia encontrar um para mim, ele disse: “Que você quer dizer? Não é possível encontrar nem sequer um lugar que diga isso?” Eu disse-lhe que em toda a Bíblia, em nenhum lugar são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de “perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado. Ele não acreditou em minhas palavras, então foi procurar em sua Bíblia. Finalmente me disse: “Sr. Nee, é tão estranho. Toda vez que essa frase é usada, um pequeno s é adicionado a ela”. Creio que você pode ver que os pecados é que são perdoados, não o pecado. Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados dele. Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”. Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma: De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na nossa conduta. O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver. O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos; são atividades e atos reais. O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o nosso agir. Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos. O pecado está na esfera da nossa vida; os pecados estão na esfera da consciência. O pecado está relacionado com o poder da vida que possuímos; os pecados estão relacionados com o poder da consciência. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua vida natural, mas ela é condenada em sua consciência pelos pecados cometidos exteriormente. Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a caso. O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus. O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos perdoados. Pecado diz respeito à santificação; pecados se relacionam com a justificação. Pecado é uma questão de vencer; pecados é uma questão de ter paz no coração. O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem. Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto da árvore. Podemos tornar essa questão clara com uma simples ilustração. Ao pregar o evangelho, frequentemente comparamos o pecador a um devedor. Todos sabemos que ser devedor não é algo agradável. Contudo devemos lembrar que uma coisa é alguém ter dívidas; e outra coisa é ter disposição para contrair dívidas. Uma pessoa que toma empréstimos seguidas vezes não se importa tanto com o fato de usar dinheiro alheio. A Bíblia diz que os cristãos não devem ser devedores (Romanos 13:8); eles não deveriam tomar emprestado dos outros. Uma pessoa com tendência a tomar emprestado pode pedir duzentos ou trezentos dólares de alguém hoje e, depois, dois ou três mil dólares de outro amanhã. E mesmo que seja incapaz de pagar suas dívidas e seus parentes ou amigos tenham de pagá-las por ele, após uns poucos dias ele começará a pensar em pedir emprestado novamente. Isso mostra que tomar emprestado é uma coisa, mas ter tendência para o empréstimo é outra. Os pecados descritos na Bíblia são como débitos exteriores, enquanto pecado é como o hábito e a disposição interiores, é como a mente que tem a inclinação de tomar emprestado facilmente. Uma pessoa com tal mente não irá parar de tomar emprestado simplesmente porque alguém pagou seus débitos. Pelo contrário, ela pode até mesmo tomar emprestado ainda mais, porque os outros agora estão pagando suas dívidas. Essa é a razão de Deus não tratar apenas com o registro dos pecados, mas também com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o nosso entendimento sobre nossa salvação será completo. Quem é Pecador? Agora precisamos fazer a pergunta: Quem é pecador? Creio que alguns dos irmãos aqui são cristãos por mais de vinte anos. Alguns até mesmo têm trabalhado pelo Senhor por mais de quinze anos. Minha pergunta pode ser considerada como um dos ABC’s da Bíblia. Quem é pecador? Creio que muitos responderão que pecador é alguém que peca. Se verificar no dicionário, temo que seja esta a resposta que você obterá: pecador é o que peca. Porém, se ler a Bíblia, terá de rejeitar esta definição, porque não é que os que pecam sejam pecadores, mas pecadores são os que cometem pecados. Que significa isso? Muitos entre nós leram o livro de Romanos. Ouvi muitos dizerem que Paulo, para provar que no mundo todos são pecadores, mencionou no capítulo três que todos pecaram e carecem da glória de Deus (v. 23). Deus busca justos e não encontra nenhum; Ele procura os que O entendam e que O buscam, e não encontra nenhum; todos mentiram e se extraviaram (vs. 10-13). Portanto, parece que Paulo está dizendo que no mundo todos são pecadores. Mas seja cuidadoso. Não seja rápido demais para dizer isso. Será que Romanos 3 menciona de fato o pecador? Se alguém puder encontrar a palavra pecador em Romanos 3, eu irei agradecer-lhe por isso. Onde pecador é mencionado neste capítulo? Por favor, repare que pecador nunca é citado aqui. Alguns dizem que por Romanos 3 falar sobre o homem pecando, isso prova que o homem é um pecador. Contudo, Romanos 3 não menciona o pecador. É Romanos 5 que fala sobre o pecador. Portanto, precisamos fazer a distinção: Romanos 3 fala sobre o problema dos pecados e Romanos 5 fala sobre o problema do pecador. Tudo o que Romanos 3 nos diz é que todos pecaram. Somente em Romanos 5 é dito quem são os pecadores. Todos que nasceram em Adão são pecadores. Isso é o que Romanos 5:19 nos diz. Se ler a J. N. Darby’s New Translation (Nova Tradução da Bíblia de J. N. Darby), você verá que ele usou as palavras tendo sido constituídos pecadores. Todos somos pecadores por constituição. Ao escrever um currículo, há dois itens que você deve colocar. Um é o seu local de nascimento e outro é a sua profissão. De acordo com Deus, somos pecadores por nascimento, e por profissão somos os que pecam. Por sermos pecadores por nascimento, seremos sempre pecadores, quer pequemos ou não. Certa vez eu estava conduzindo um estudo bíblico com os irmãos em Cantão. Disse-lhes que existem dois tipos de pecadores no mundo — os pecadores que pecam e os pecadores morais. Entretanto, quer seja um ou outro, você ainda é um pecador. Deus diz que todos os que nasceram em Adão são pecadores. Não importa que tipo de pessoa você seja; uma vez que foi gerado em Adão, é um pecador. Se você peca, é um pecador que peca. E se você não pecou ou para ser mais preciso, se você pecou menos, é um pecador moral ou um pecador que peca pouco. Se é uma pessoa nobre, você é um pecador nobre. Se se considera santo, você é um pecador santo. Em qualquer caso, ainda é um pecador. Hoje, o maior engano entre os homens é considerar um homem como pecador somente porque ele pecou; se não pecou, ele não é considerado um pecador. Porém, não existe tal coisa. Pecando ou não, desde que seja homem, você é pecador. Desde que tenha nascido em Adão, você é pecador. Um homem não se torna pecador porque peca; pelo contrário, ele peca porque é pecador. Portanto, meus amigos, lembrem-se da Palavra de Deus. Somos pecadores; não nos tornamos pecadores. Não precisamos nos tornar pecadores. Certa vez eu falava com um irmão. Havia uma garrafa térmica em frente a ele, e ele disse: “Aqui está uma garrafa térmica. Se ela orar: ‘Eu quero ser uma garrafa térmica’, que acontecerá?” Eu disse: “Ela já é uma. Não precisa ser uma”. O mesmo ocorre conosco, uma vez que sejamos algo, não há necessidade de nos tornarmos este algo. Embora nossos pecados sejam perdoados, permanecemos pecadores. Podemos até chamar-nos de pecadores perdoados. Mas muitos acreditam que não mais são pecadores. Acham que se afirmarmos que somos pecadores, isso significa que não conhecemos o evangelho tão bem. Isso pode não ser toda a verdade. Paulo não disse que seus pecados não foram perdoados. Mas ele disse que era um pecador (1 Timóteo 1:15). Você viu a diferença aqui? Se perguntasse a Paulo se os pecados dele foram perdoados, ele não poderia ser tão humilde a ponto de dizer não. Mas Paulo poderia humildemente dizer que é um pecador. Ele não poderia negar a obra de Deus nele. Contudo, ele tampouco poderia negar sua posição em Adão. Embora tenhamos recebido a graça em Cristo, Deus não removeu completamente o problema do pecado; nós ainda somos pecadores. O problema do pecado não será plenamente solucionado até que o novo céu e a nova terra apareçam. Entretanto, isso não significa que não tenhamos recebido uma salvação completa. Não me entendam mal. Em poucos dias trataremos desse ponto. O que devemos ver clara e corretamente é que toda pessoa no mundo é um pecador. Quer tenha pecado ou não, uma vez que seja um ser humano, você é um pecador. Quando alguns ouvem o evangelho, gastam o tempo todo pensando em quantos ou quão poucos pecados têm cometido. Mas diante de Deus há somente uma questão: Você está em Cristo ou em Adão? Todos os que estão em Adão são pecadores, e desde que seja um pecador, nada mais precisa ser dito. Por que, então, Paulo teve de dizer-nos em Romanos 1, 2 e 3 sobre todos os pecados que o homem comete? Estes poucos capítulos mostram-nos que pecadores pecam. Os primeiros três capítulos de Romanos provam que um pecador é conhecido pelos pecados que comete. Romanos 5, porém, diz-nos que tipo de pessoa um pecador na verdade é. Uma vez fui a Jian, em Kiang si, e uma noite encontrei um irmão que é guarda de segurança. Ele não acreditou que eu fosse um pregador e um obreiro do Senhor. Ali estava um problema. Sou um obreiro do Senhor e um servo de Cristo, mas ele não acreditava. Portanto, eu tinha de provar a ele quem eu era. Dei-lhe muitas provas. Por fim ele acreditou. Da mesma maneira, nós já somos pecadores. Mas não nos foi provado. Os três primeiros capítulos de Romanos provam que somos pecadores. Eles nos dão as evidências. Mostrando-nos que pecamos de tais maneiras, esses capítulos provam-nos que somos pecadores. O capítulo cinco diz que somos pecadores, mas os três primeiros capítulos provam que somos pecadores. Deixe-me relatar outra história. Em Fukien, havia alguns ladrões e sequestradores que haviam sido cristãos, ainda que fosse somente de nome. Embora fossem ladrões e sequestradores, a consciência deles ainda estava de certa forma um tanto sensível; quando percebiam que haviam sequestrado um pastor ou um pregador eles o libertavam sem resgate. Pouco a pouco, quando alguém era sequestrado dizia que era pregador ou pastor desta ou daquela denominação. Que fizeram os ladrões? Após algum tempo, eles descobriram uma maneira. Toda vez que alguém se dizia ser um pastor, os ladrões pediam-lhe que recitasse os dez mandamentos, a oração do Senhor, e as bem-aventuranças. Os que conseguissem recitar deviam ser pastores e, assim, deixavam-nos ir. Ouvi essa história recentemente e achei-a muito interessante. Se você fosse um pastor, tinha de provar. Os ladrões exigiam que aquelas pessoas lhes provassem que eram pastores. Da mesma forma, Deus quer provar-nos que somos pecadores. Sem nos provar isso, podemos esquecer quem somos nós. Esse é o motivo de Romanos 1—3 enumerar todos aqueles pecados. É para nos mostrar que somos pecadores. Após tantos fatos apresentados ali, foi-nos provado que somos pecadores. Portanto, nunca se deve pensar que são os muitos pecados que nos fazem pecadores. Já faz muito tempo que somos pecadores. Não nos tornamos pecadores após estes pecados serem cometidos. Precisamos estabelecer este fundamento claramente. Hoje você pode sair à rua, encontrar qualquer um, tomá-lo pela mão e dizer-lhe que é pecador. Se ele disser que não pode ser um pecador porque não assassinou ninguém ou não ateou fogo na casa de ninguém, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca matou ninguém nem ateou fogo na casa de ninguém. Se alguém lhe diz que nunca roubou nem cometeu fornicação, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca roubou nem cometeu fornicação. Não importa quem encontre, você pode dizer que ele é um pecador. Em todo o Novo Testamento, somente Romanos 5:19 nos diz quem é pecador. Todos os outros lugares no Novo Testamento nos dizem o que o pecador faz. Somente este único lugar nos diz quem o pecador é. Um pecador pode fazer um milhão de coisas, mas não são essas coisas que o constituem pecador. Uma vez que seja nascido em Adão, ele é pecador. Próximo O Maior Pecado. Abraço. Davi
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