Cristianismo. Livro O Evangelho de Deus. O MAIOR PECADO. Por Watchmann Nee (1903-1972). Vimos as questões do pecado, dos pecados e do pecador. Por nascimento somos pecadores, e nossa conduta condiz com o nosso título de pecador. Há muitos “cavalheiros” neste mundo que ocultam seus pecados e não admitem que são pecadores. Mas isso não significa que não sejam. Somente significa que estão disfarçados como pessoas sem pecados. Somos pecadores por nascimento e nossa profissão e procedimento é cometer pecados. Permita-me repetir que não é porque pecamos que nos tornamos pecadores; pelo contrário, por sermos pecadores é que pecamos. O fato de sermos pecadores é que nos leva a pecar. Quem pode pecar prova que é pecador. Temos alguns amigos ocidentais aqui conosco. Talvez todos eles falem o dialeto de Xangai. Os de Xangai certamente podem falar o dialeto deles. Mas não podemos dizer que todos os que falam o dialeto de Xangai são de lá. Muitos têm se esforçado muito para aprender esse dialeto, mas eles não são de Xangai. Por outro lado, pode haver alguns de Xangai que não falem o próprio dialeto. Não podemos dizer que por não falarem o seu dialeto não sejam de Xangai. Eles são de lá, mas são os de Xangai que não conseguem falar o dialeto de Xangai. Entretanto, há muito poucos de Xangai que não falam o seu dialeto. Genericamente falando, todos os de Xangai falam seu dialeto. É algo natural que falem o dialeto de Xangai. Da mesma forma, é praticamente impossível que os que têm uma vida de pecador não tenham um viver de pecador. Sobre os pecados que pecadores cometem, prefiro não os listar em detalhes, como muitos têm feito. Gostaria apenas de brevemente mostrar o pecado do homem. Tanto no Novo como no Antigo Testamento, existem alguns pecados que se destacam de modo especial. No Antigo Testamento, um pecado que se destaca é o de não amar a Deus. No Novo Testamento, há também um pecado que se destaca de modo especial: o de recusar-se a crer no Senhor. Quando a Bíblia diz que o homem está condenado e tornou-se pecador aos olhos de Deus, não quer dizer que ele cometeu uma multidão de pecados os quais acarretaram a ira de Deus; pecados tais como homicídio, fornicação, orgulho, libertinagem, prostituição, o vício do jogo e outros tipos de pecados imundos e ocultos. Isso não é o que a Bíblia enfatiza. O que a Bíblia considera sério é o problema que se levantou entre o homem e Deus. O fim da lei é amar ao Senhor nosso Deus de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de toda a força (Mateus 22:36-37; Marcos 12:30). Assim, a questão não é se alguém roubou dos outros ou se cometeu homicídio ou planejou um incêndio. A questão não está nas concupiscências ou pensamentos ou palavras. Pelo contrário, a questão é o problema do relacionamento entre o homem e Deus. Dentre todos os pecados, há um que encabeça a lista. Este pecado introduz todos os demais. Por meio dele todos os outros se sucederam. A Bíblia diz que o pecado entrou no mundo por um só homem (Romanos 5:12). Quero perguntar-lhes: Qual foi o pecado que este homem cometeu? Foi fornicação, roubo, homicídio, incêndio criminoso? Não havia coisas semelhantes no Éden. Todas as coisas malignas, imundas ou terríveis que ocorrem no mundo hoje tiveram origem naquele incidente único envolvendo Adão. Que fez Adão? Adão não assassinou, não cometeu fornicação, ele não cometeu nenhum dos pecados malignos e sujos do mundo de hoje. O pecado que Adão cometeu foi simples. Adão achou que Deus estava escondendo algo dele. Ele pensou que se comesse do fruto daquela árvore seria como Deus. O pecado que Adão cometeu foi na verdade um problema que se desenvolveu entre ele e Deus. Deus esperava que Adão permanecesse em sua posição. Contudo, Adão não acreditou que aquilo que Deus lhe havia dado fosse proveitoso para ele. Ele começou a duvidar do amor de Deus. Um problema surgiu, então, em relação ao amor de Deus. Adão não cometeu muitos pecados nesse incidente. Ele não se envolveu em jogatinas, não olhou para coisas malignas nas ruas, não leu livros malignos. O pecado de Adão foi um problema que surgiu entre ele e Deus. Em decorrência disso todos os tipos de pecados se sucederam. Os pecados são segundo a sua espécie, e todos eles vêm um após outro. Entretanto, o primeiro pecado não é o que imaginamos. O primeiro pecado foi o único pecado no Antigo Testamento: o de não amar a Deus. Depois que se desenvolveu um problema entre o homem e Deus, os problemas entre os homens começaram a aumentar. No jardim do Éden, surgiu um problema dentro do homem; depois, fora do jardim do Éden, o irmão mais velho assassinou o mais jovem e todos os tipos de pecados se seguiram. Portanto, vemos que os pecados não começaram de maneira séria e suja, como poderíamos imaginar. A Bíblia mostra-nos que os pecados começaram com algo muito simples. Mas, na verdade, o primeiro pecado foi o mais sério — um problema entre o homem e Deus. Quando examinamos o Novo Testamento, vemos o Senhor Jesus dizendo muitas vezes que o que crê tem a vida eterna (João 3:15-16, 36; 5:24; 6:40, 47; 11:25). Provavelmente exista cinquenta ou mais passagens nas quais o Senhor afirma que quem crê tem a vida eterna. Quem serão, então, os que vão perecer? Serão os assassinos que irão para o inferno? Serão os fornicadores que irão perecer? São os que têm pensamentos imundos e conduta inadequada os que irão para a perdição? Não necessariamente. O Evangelho de João diz-nos repetidamente que os que não creem serão condenados (3:16, 18). Os que não crêem sempre têm sobre eles a ira de Deus (3:36). O Senhor Jesus disse que o Espírito Santo veio para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8). Por que do pecado? Será porque você tem ido ao cinema ultimamente? Seria porque você tem feito apostas ultimamente? Seria porque você assassinou alguém ou provocou um incêndio? Não. “Do pecado, porque não creem em mim” (16:9). A maior dificuldade que encontramos hoje é que a imundícia nós consideramos pecado, mas não damos muita atenção à Palavra do Senhor para vermos o que Deus considera pecado. O Senhor disse que quem não crê já está condenado. O motivo de o homem cometer pecados é que ele não tem um relacionamento adequado com o Senhor Jesus. No Antigo Testamento, quando o homem deixou de ter um relacionamento adequado com Deus todos os tipos de pecados foram cometidos. No Novo Testamento, quando o homem deixa de ter um relacionamento adequado com o Senhor Jesus é que todos os tipos de pecados são cometidos. Aqui residem todos os problemas. Enquanto está atento a esta mensagem, você pode achar que apesar de eu ter provado que você é um pecador, na verdade, você não cometeu muitos pecados. Mas ninguém no mundo pode dizer que não cometeu o pecado de não amar a Deus. Tampouco existe alguém no mundo que possa dizer que não cometeu o pecado de não crer no Senhor. Por isso, ninguém pode dizer que não é um pecador. Você se lembra de Lucas 15? Ali há um filho pródigo e seu pai. O filho pródigo deixou o pai e desperdiçou sua herança. Mas quando o filho pródigo se tornou pródigo? Era ele pródigo quando tinha muito dinheiro em seu bolso e vivia prodigamente em uma terra distante? Ou tornou-se pródigo somente após ter gasto tudo o que possuía e começou a passar fome, desejando fartar-se da comida dos porcos? Na verdade, tornou-se um pródigo no dia em que deixou a casa de seu pai. Antes mesmo de gastar um centavo, ele já era um pródigo. Ele não se tornou um pródigo somente após ter gasto tudo o que tinha e estar alimentando os porcos e a si mesmo com alfarrobas e enquanto suas vestes estavam rasgadas e seu estômago vazio. Ele tornou-se um pródigo no momento em que deixou a casa de seu pai. Deixe-me fazer-lhe uma pergunta. Suponha que o filho mais novo não tivesse gasto nenhum dinheiro quando estava fora. Em vez disso suponha que ele tivesse ganho muito dinheiro, feito negócios, fortuna e se tornado até mesmo mais rico que seu pai. Teria sido ele ainda um pródigo? Sem dúvida que sim. Aos olhos de seu pai, ele ainda teria sido um pródigo. Hoje há um conceito muito forte que deve ser desarraigado da nossa mente. Achamos que por falhar em fazer o bem, o homem torna-se um pecador. Isso está totalmente errado. Desde que um homem se tenha apartado de Deus, ele é um pecador. Mesmo que seja um homem dez vezes mais moral que outros, tão logo esteja apartado de Deus, ele é um pecador. Você deve lembrar-se, portanto, de que como cristãos, podemos executar todos os serviços exteriores que há para serem feitos, e podemos cumprir todos os deveres exteriores que devam ser cumpridos; podemos orar como sempre fizemos, podemos ler a Bíblia e frequentar as reuniões da igreja como sempre fizemos; podemos fazer tudo o que sempre fizemos e podemos até fazer mais. Contudo, se existe um problema entre nós e Deus, estamos pecando. Quando o primeiro amor se vai, há um problema. Quem é pródigo? Não é simplesmente o que desperdiçou os bens de seu pai e, sim, o que deixou a casa de seu pai. No momento em que alguém deixa a casa de seu pai, torna-se um filho pródigo. Mesmo que faça fortuna lá fora, ainda é um filho pródigo. É claro que nunca haverá um pródigo que faça fortuna no mundo. Um pródigo jamais prosperará. Um pródigo sempre desperdiçará todo o dinheiro que tem. Deus permite que o “dinheiro” seja dissipado, de modo que o homem saiba que não é bom apartar-se de Deus e perceba, por fim, que é um pecador. Agora vemos como recebemos a qualificação de pecador e como nos tornamos pecadores. Tornamo-nos pecadores desenvolvendo um relacionamento com o pecado, e cometemos pecados desenvolvendo um relacionamento com os pecados. Há uma diferença entre os dois. Visto que nasci em Adão e estou sob o domínio do pecado, este tornou-se o princípio da minha vida e do meu viver e tornei-me um pecador. Por semelhante modo, os muitos pecados individuais fora de mim fizeram de mim alguém que comete pecados. Cometer pecados tem a ver com pecados e ser pecador tem a ver com pecado. Abraço. Davi
sábado, 28 de junho de 2025
quarta-feira, 25 de junho de 2025
AS DUAS ALMAS DO HOMEM
Judaísmo. morasha.com.br. AS DUAS ALMAS DO HOMEM. Ensina a Cabalá que cada pessoa, independentemente de sua natureza ou comportamento, possui duas almas: uma Divina e uma natural. Essas são as almas básicas do ser humano; e não devem ser confundidas com a alma adicional que um judeu recebe durante o Shabat, ou com os cinco níveis da alma – Nefesh, Ruach, Neshamá, Chaya e Yechidá. É a interação entre a alma Divina e a alma natural e a maneira pela qual cada uma delas se manifesta que respondem pelos pensamentos, palavras e atos do ser humano. Uma definição simples da alma é que é a entidade espiritual que dá vida à pessoa, cuja manifestação física é o corpo. Ao contrário da crença popular, o ser humano não é constituído por uma alma única, sagrada, em um corpo profano. O organismo humano, ensina a Cabalá, é como um campo de batalha, e é a guerra entre a alma Divina e a natural o que define se o indivíduo irá viver, ou não, como um ser humano justo e digno. A vida, em essência, é uma luta sem fim – não entre a alma e o corpo, mas entre a alma Divina e a natural, também chamada de alma animal. Uma alusão a este conceito é encontrada em uma porção de Bereshit, o primeiro livro da Torá, onde aprendemos sobre Yaacov e Esav, os dois filhos de nosso segundo patriarca, Itzhak. Enquanto se encontravam no útero de sua mãe, Rivca, os dois irmãos já estavam em conflito. Nossa segunda matriarca, não percebendo que carregava gêmeos, preocupava-se com sua gravidez, pois sentia a agitação em seu ventre sempre que passava por um templo monoteísta ou uma casa de idolatria. Temerosa de dar à luz uma criança com problemas, talvez esquizofrênica, ela foi aconselhar-se com um profeta para perguntar sobre o feto que carregava. Foi quando soube que levava gêmeos e que eles, ao crescer, constituiriam duas nações que estariam em guerra entre si. Rivca também foi informada de que ambas as nações não iriam prevalecer simultaneamente: quando uma estivesse no ápice, a outra conheceria o declínio. A elucidação cabalística para essa famosa passagem da Torá é que os dois gêmeos simbolizam as duas almas que coabitam dentro do ser humano – a Divina e a natural. Elas estão constantemente em luta, pois não podem, de fato, ser simultaneamente vitoriosas. Por um lado, a alma Divina, sendo parte de D’us Infinito, deseja cumprir a Vontade de Divina dedicando-se ao Eterno e a outros seres humanos. Desconhece o ego, o egoísmo, o vício e a autogratificação. Serve a D’us e desempenha boas ações sem nenhuma razão maior – apenas porque faz parte de sua natureza Divina fazê-lo. Seu único desejo é que todas as forças e órgãos do corpo sirvam como veículo de expressão da santidade. Por outro lado, a alma oponente da Divina, a alma natural, é essencialmente autocentrada. Preocupa-se apenas com um aspecto, a autogratificação. Se estiver indomada, fará tudo a seu alcance para conquistar o que pretende. A alma natural pode mesmo ser dócil, generosa e capaz de profunda reflexão, mas tudo o que faz é para seu próprio benefício. Somente se preocupa com suas necessidades e desejos. Seu objetivo é obter prazer, admiração e engrandecimento. Evidentemente, a alma natural e a Divina desejam o oposto e ambas querem ter o comando sobre todo o ser. Estão constantemente em guerra, esperando prevalecer sobre a outra, para que possam ter pleno controle do corpo humano. Todo ser humano contém essas duas almas separadas e não, como se pensa, uma alma que age corretamente e um corpo que age com maldade. A percepção de que possuímos duas almas que se opõem entre si explica certos fenômenos que intrigam as pessoas e que, em geral, nos causam sofrimento: por que, às vezes, somos tão bondosos, e, logo depois, tão malvados? Como pode uma pessoa religiosa e boa subitamente comportar-se de forma deplorável? E como é possível que uma pessoa ignóbil e cruel possa, ocasionalmente, realizar atos grandiosos e abnegados? A resposta a estas e outras perguntas é que tais inconsistências ocorrem pelo fato de uma alma prevalecer sobre a outra. Certamente, o mundo está repleto de hipócritas. Mas, a maioria dos homens de bem que comentem erros não vivem vidas hipócritas nem esquizofrênicas. Erramos porque não somos criaturas unidimensionais. Está escrito no Pirkei Avot – a Ética dos Pais, um livro sagrado de sabedoria judaica – que um homem não pode estar completamente seguro de si mesmo até o dia de sua morte. A razão disto é que mesmo um homem genuinamente justo está sempre aberto a alguma outra força dentro dele que pode reorientá-lo. Em algum momento de sua vida, ele até pode vir a acreditar que está sendo guiado apenas por sua alma Divina, mas então, quando menos espera, sua alma natural, que estava adormecida há muito tempo, pode subitamente despertar e subjugá-lo. Por este motivo, nunca devemos estar muito seguros de nós mesmos, já que a alma natural é astuta – ela se camufla e ataca de surpresa a alma Divina quando o ser humano menos o espera. Na verdade, todos sabemos que um dos aspectos mais resistentes de nossa personalidade é sua inconstância: certos dias aspiramos alcançar os Céus e aperfeiçoar a Terra; em outros, nos deliciamos com nossos desejos egoístas, e entendemos a Vontade Divina como se impondo sobre o que consideramos nosso, por direito. A vida é geralmente complicada porque a maioria de nós se empenha por um nível de bondade, decência, até mesmo de santidade. Mas, com frequência, mesmo após trabalhar durante anos em nosso autoaperfeiçoamento, há obstáculos no caminho e as coisas dão para trás – turbulências inesperadas durante as quais fazemos coisas que nos trazem embaraço. Felizmente, o oposto também é verdadeiro. Enquanto uma pessoa está viva, ela não pode ser espiritualmente derrotada. Sempre há oportunidade de corrigir erros passados e progredir espiritualmente, e muitas vezes a pessoa é inspirada a fazê-lo pelos Céus, e pela alma Divina que nela habita. Contudo, a luta entre as duas almas não significa que a alma natural seja algum tipo de maldição que somos forçados a levar dentro de nós. Uma alma humana que não seja dividida e estática não consegue funcionar, assim como um pássaro com uma asa só não consegue voar. Sem algo contra que lutar, sem alguma resistência, não pode haver progresso. Assim como não conseguimos desenvolver e fortalecer nosso corpo sem treinamento de resistência e assim como não conseguimos dominar a Matemática sem solucionar problemas cada vez mais difíceis, precisamos, também, ser desafiados pela alma natural para que possamos nos aperfeiçoar. E, portanto, não é justo chamar a alma natural de “alma do mal”. Sua função é desafiar, e ainda assim, por ser fiel a seu Criador, sua esperança mais profunda é que o homem não caia presa de suas tentações. O Zohar, obra fundamental da Cabalá, oferece uma famosa analogia para ilustrar este conceito. Fala-nos de um rei que contratou uma cortesã para testar seu filho. A cortesã foi enviada pelo rei para seduzir o filho que fora alertado para se manter afastado de tais mulheres. Por um lado, a cortesã, que fora enviada em missão pelo rei, precisava desincumbir-se de sua tarefa da melhor maneira possível. Mas, por outro, ela não queria realmente seduzir o príncipe, pois isto faria com que o rei se decepcionasse com o rapaz. O dilema da cortesã, que simboliza a alma natural, é óbvio. A alma natural nos desafia e nos testa, e, aparentemente, fará tudo a seu alcance para nos fazer cair. Mas, na verdade, torce, com veemência, para nosso sucesso. Não deseja que nós, filhos do Rei do Universo, cedamos a seus caprichos. Pois, falando de forma metafórica, isso causaria dor e desapontamento a D’us. Além da alma natural, D’us inseriu em nosso interior uma parte d’Ele – a alma Divina – para poder elevar-nos e para que nós possamos, por nossa vez, elevar o mundo. Assim como os mineiros descem às profundezas da terra para trazer o valioso minério, também a alma Divina é introduzida no fundo do corpo humano para buscar o que há de precioso no mais íntimo do ser humano. A interação das Duas Almas. O Talmud ensina que “quanto maior a pessoa, maior sua Inclinação para o mal”4. Isto significa que as pessoas que têm grande potencial para a santidade e bondade também possuem uma maior capacidade de pecar. Este ensinamento do Talmud não significa que um homem que comete ações terríveis é essencialmente um grande homem e, com certeza, não desculpa algum de seus pecados. O que o Talmud quer dizer é que um homem verdadeiramente santo e bondoso será mais tentado a transgredir a Vontade de D’us. E a razão para tanto é que se a pessoa possui uma alma Divina que se manifesta com força, a pessoa também possuirá uma alma natural que irá atraí-lo com força para o proibido. Este conceito pode parecer um paradoxo – faria mais sentido se quanto maior o homem, menos inclinado ele fosse ao pecado – mas, na realidade, esta é a Justiça Divina básica. Afinal, por que um ser humano enfrentaria uma guerra espiritual mais fácil do que o outro? Para que o mundo seja justo, aqueles que são dotados de maiores aptidões para o jogo da vida também são forçados a enfrentar maiores desafios. Desta forma, a guerra entre as duas almas do homem tem intensidade e importância similar para todos. Se a pessoa nasceu com melhores aptidões para o jogo, ela terá que enfrentar um jogo mais difícil. Portanto, todos têm que se esforçar para melhorar – cada qual segundo seu nível. Um sábio dotado de extraordinários dons espirituais que não se esforce para viver de acordo com seu potencial pode ser um pecador maior – uma grande decepção para D’us – do que uma pessoa simplória que se empenha para evitar cometer pecados terríveis. O julgamento de uma pessoa inclui seu esforço de ir além de suas aparentes limitações. Um corolário deste conceito é que à medida que um ser humano fortalece sua alma Divina, tanto mais forte sua alma natural se tornará. Na vida, assim como em qualquer jogo brilhante e criativo, o grau de dificuldade aumenta à medida que se vai passando de uma fase à outra. Quanto mais elevado espiritualmente se torna o homem, maior se torna sua inclinação para o mal. Quanto mais sábio se torna, mais astuta fica sua alma natural. E tentará levá-lo a racionalizar seus maus atos; tentará confundi-lo a ponto de deixá-lo inseguro se um ato é grandioso e sagrado ou um grave pecado. A alma natural pode mesmo se disfarçar em alma Divina, levando a pessoa a fazer o que não deveria. Por isso, não basta uma pessoa desejar fazer o bem e agir com justiça; o progresso espiritual requer a aquisição de grande sabedoria e muito conhecimento, para que a pessoa possa evitar o risco de ser enganada pela alma natural. É muito importante notar – já que estamos discutindo aqui questões de espírito – que a espiritualidade em si não é sinônimo de santidade. Muitos de nós temos a crença errônea de que a maioria das pessoas são seres físicos e que entre nós há poucas pessoas espirituais – os bons e iluminados. A realidade é que cada pessoa é um ser espiritual. Vivemos mais no reino espiritual do que no físico, pois muito de nossa vida revolve em torno de nossos pensamentos e sentimentos, que são fenômenos espirituais. Por exemplo, a luxúria é um fenômeno físico, mas o amor, que é a motivação primária para quase tudo que fazemos na vida, é uma manifestação espiritual. Contudo, toda moeda tem dois lados. O ódio, também, é uma manifestação espiritual, o que significa que espiritualmente também pode haver mal. Um exemplo de um homem profundamente espiritual e completamente malvado foi o profeta Bilaam, que foi contratado para amaldiçoar o Povo Judeu. O que ele tentou fazer espiritualmente foi semelhante ao que Haman, na história de Purim, tentou fazer fisicamente, que foi aniquilar todos os Filhos de Israel. Portanto, temos que ter em mente que o mal tem muitas manifestações espirituais. A vitória da alma Divina sobre a alma natural não ocorre quando a pessoa se torna mais espiritual; ocorre quando a pessoa pára de pensar em si própria e começa a pensar mais sobre as demais. A alma Divina se manifesta quando a pessoa realiza boas ações, simplesmente para ajudar outros seres humanos, sem quaisquer motivos pessoais, ou quando a pessoa atende a Vontade de D’us, simplesmente porque é o que D’us quer, e não porque procura uma recompensa pessoal. Educando a alma natural. O conceito de que “quanto maior a pessoa, maior sua Inclinação para o mal” significa que a pessoa que é fortemente atraída para o proibido tem em si o potencial de se tornar um ser humano elevado e sagrado. Pois enquanto a alma Divina é pura-parte integral de D’us, é a alma natural, com suas paixões, que pode ser utilizada para fazer o maior bem. Como vivemos em um mundo físico, estamos mais em contato com nossa alma natural do que com a Divina: a maioria de nós despenderá mais esforços para adquirir algo do que para realizar um ato abnegado. Como não se pode viver neste mundo físico sem uma alma natural – pois está vinculada a nosso sangue – apenas podemos redirecioná-la. Redirecionamos nossa alma natural ensinando à mesma que pode haver grande alegria e autorrealização em assuntos de bondade e santidade. Por exemplo, se a pessoa tem uma alma natural apaixonada por assuntos intelectuais, direcione-a ao estudo do Talmud. Sua alma Divina já deseja estudar a Torá; se sua alma natural se une ao estudo, haverá duas almas estudando a um só tempo: a alma Divina, por estar assim espiritualmente programada, e a alma natural, porque encontra prazer no desafio intelectual. Uma pessoa justa em toda a sua plenitude, um Tzadik Gamur, é aquele que não apenas redireciona sua alma natural – mas que a transforma. Sua alma natural continua a ser apaixonada, mas agora almeja a santidade. Voltando a uma analogia vista anteriormente: a guerra espiritual travada entre as duas almas é como um jogo, quanto maior o nível alcançado maior será o grau de dificuldade. Um Tzadik é aquele que passou com sucesso por todos os estágios do jogo. Apesar dos desafios, até dos sofrimentos, ele pôde prevalecer sobre todos os testes e tribulações. Seu prêmio por vencer o jogo é que sua alma natural se tornou seu aliado permanente e poderoso, ao invés de ser um adversário. O Tzadik é como um aluno que se torna professor – já não lhe dão problemas para solucionar. Com certeza, precisa continuar a crescer, mas agora o fará porque o quer, não porque o forçam a isso. Um Tzadik é esta força de bondade e justiça porque emprega toda a força de suas duas almas para praticar atos de bondade e santidade. O motivo de ser tão raro encontrar Tzadikim como Avraham Avinu ou Moshé Rabenu – não é apenas porque poucos têm o potencial espiritual para ser tornarem verdadeiros Tzadikim, mas porque para uma pessoa ser verdadeiramente justa precisa empenhar-se enormemente em orações e estudo e na realização de caridade e boas ações. E ela precisa conseguir levantar-se sempre que cair. O conceito da pessoa ideal que nunca falha é estranho ao judaísmo. Nenhum judeu – nem mesmo o maior dos sábios ou dos profetas – jamais esteve livre de dificuldades, desapontamentos, falhas ou dúvidas. Não há tal coisa como alguém que só ascende e nunca descende. Uma grande pessoa que cai, ainda pode se encontrar em um nível muito mais elevado que os demais, mas inevitavelmente vivenciará contratempos em sua vida. Pois está escrito que “o justo poderá cair sete vezes e ainda assim se levantará”. E a maioria de nós cairá muitas, muitas vezes mais do que sete. Mas não são as quedas que distinguem um homem do outro – são a sua capacidade de suportar as crises e de se recuperar, e, sobretudo, de fazer do fracasso uma fonte de força. Pois como pode se comprovar com um trampolim, quanto maior a queda, maior será o subsequente levantar. Poucos entre nós podem se tornar completos Tzadikim. Mas, ao longo de nossas vidas, temos a oportunidade de nos aperfeiçoar. Na luta entre a alma Divina e a natural, sempre haverá dias melhores e dias piores. Às vezes, prevalece um, outras vezes o outro. Este padrão de queda e ascensão são indicações da luta entre as duas almas. Cair, portanto, não é sinal de fraqueza, mas uma indicação de que a alma natural se tornou mais forte, mais astuta, porque a alma Divina da pessoa está sendo melhor utilizada. O essencial é seguir em frente sem desistir – não importa quantas vezes uma pessoa cai, o que importa é que no fim da vida, entre no Mundo Vindouro como um ser humano melhor do que era quando entrou neste mundo terreno. A reincarnação da alma. A alma Divina entra em guerra contra a alma natural porque busca seu prêmio máximo: o progresso em direção a D’us. Mas é uma batalha difícil. Não seria mais fácil não lutar e ceder às demandas da alma natural? Não; porque ao contrário da alma natural, a alma Divina não pode ser redirecionada. Ela pode ser acorrentada, algemada, mas não silenciada. Quando fazemos algo errado e sofremos ou nos sentimos envergonhados, é a alma Divina que chora e grita dentro de nós. Algumas pessoas, no entanto, ignoram a alma Divina que nelas reside. Vivem como os antigos romanos – os descendentes de Esav: acreditam que devemos “comer e beber e viver felizes, pois amanhã morreremos”. Tais pessoas não se comportam como agentes de D’us no mundo, mas como turistas em uma viagem de prazer, que não estão aqui para dar, mas para receber. O problema desta mentalidade e deste modo de vida é que suas almas serão forçadas a retornar ao mundo para reparar os erros cometidos. Somos enviados a este mundo por D’us para desempenhar uma missão. Se a missão não for terminada, a alma terá que voltar ao mundo, em um corpo diferente, até ter cumprido sua missão. Talvez muitas pessoas não estejam familiarizadas com o fato de que a reencarnação seja um princípio fundamental do judaísmo. A reencarnação significa que a maioria das pessoas que morrem renascem inteiramente, ou quase inteiramente, como a mesma pessoa, apenas em outro corpo. O processo da reencarnação pode ocorrer mais de uma vez. Como a maioria das pessoas não completam sua missão em uma só vida devido a muitos erros e confundem o que é importante com o que não o é – eles são enviados de volta a este mundo. É como um estudante que precisa repetir uma matéria, ou até o ano inteiro, até que ele entenda o que é preciso entender para que possa ter sucesso e passar de ano nas provas que precisa fazer. Quando somos crianças, D’us nos trata como crianças. Mas quando nos tornamos adultos, D’us espera que façamos algo de bom com nossa vida. Não podemos viver existências sem propósito, nas quais a alma natural é constantemente alimentada e a alma Divina é negligenciada. Com certeza, a luta diária dentro de cada pessoa é sempre difícil, dolorosa, pois sempre envolve a frustração de não ceder a todos os desejos de sua alma natural. Mas tudo o que tem valor deve ser trabalhado – e quanto mais valor tem, mais esforço requer. Como ensina o Talmud, nada de bom dura a não ser que tenha sido adquirido mediante muito esforço. Nisso se inclui, é claro, o Mundo Vindouro, que é a recompensa eterna da alma. Pois está escrito que “Uma hora de felicidade no Mundo Vindouro é melhor do que toda a vida neste mundo”6. De fato, não há meio de comparação entre os prazeres deste mundo – não importa quão intensos ou doces possam ser – com os prazeres do Mundo Vindouro. Não se trata meramente de uma diferença de intensidade; simplesmente não há denominador comum, e, portanto, não podemos entendê-lo nem o descrever. Só podemos dizer que as alegrias do Mundo Vindouro são tão superiores a qualquer prazer deste mundo que valem uma vida de sacrifício para obtê-las.
Rabi Shneur Zalman de Liadi, Likutei Amarim (Tanya)
Rabi Menachem Mendel Schneerson, Likutei Sichot
Arthur Kurzweil, Pebbles of Wisdom from Rabbi Adin Steinsaltz, Ed. Jossey-Bass
Rabbi Adin (Even Israel) Steinsaltz, Opening the Tanya, Ed. Jossey-Bass
1 O tema das duas almas é discutido na obra cabalística, Etz Chayim (Árvore da Vida), escrita pelo Rabi Chayim Vital. Para compô-la, ele se baseou nos ensinamentos do Rabi Yitzhak Luria, o Arizal, o maior cabalista de todos os tempos. Esse tema é também explorado no livro Tanya do Rabi Shneur Zalman de Liadi, o Alter Rebe.
2 Bereshit (Gênese) – Parashat Toledot
3 Pirkei Avot 2:4
4 Talmud Bavli, Sucá, 52a
5 Provérbios, 24:16
6 Pirkei Avot, 4: 17. Abraço. Davi
segunda-feira, 23 de junho de 2025
A RELIGIÃO DO ISLÃ. PARTE XI
Islamismo. Manual para o Novo Muçulmano. Por Jamaal Zarabozo (1961 - ). A RELIGIÃO DO ISLÃ. PARTE XI. Recorda-te de quando Luqman disse ao seu filho, exortando-o : Ó filho meu, não atribuas parceiros a Deus, porque a idolatria é grave iniquidade.” (31:13). Também disse: “Ó fiéis, em verdade os idólatras são impuros...” (9:28). Trata-se de uma impureza espiritual que ilustra que a pessoa está denegrindo sua alma. Uma vez que se entende o conceito de monoteísmo puro e o mesmo é praticado pelo indivíduo, surge um tipo de nobreza (pela falta de um termo melhor) e um sentimento proposital que o acompanha em sua alma. A pessoa se dá conta que não deve se submeter, prostrar nem reverenciar nada, nem ninguém que não seja Allah. Não pode oferecer suas orações a ninguém, exceto Allah, nem tampouco pode pedir perdão a ninguém afora Allah. Não recorre a pessoas mortas que, na realidade, não eram mais do que simples seres humanos. Não se senta ao pé de figuras metálicas ou de madeira que outros seres humanos criaram. Não teme a nenhuma forma de espírito que deve ser acalmado através de sacrifícios. Essa pessoa baseará sua vida na crença de que há apenas um Deus. Todas essas práticas estão proibidas segundo o conceito do monoteísmo. Mas, vai além de uma mera proibição. O indivíduo entende plenamente que todos esses atos não são próprios de um ser humano, quem Allah criou com um fim nobre e especial. Todos esses atos são inferiores ao ser humano e é inconcebível que uma pessoa, em seu juízo perfeito, possa participar deles. Por que uma pessoa haveria de se prostrar e rezar para outro ser humano como ele, que necessita comer e beber para sobreviver? Como pode alguém afirmar que outro ser humano compartilha, nem que seja uma pequena porção, da divindade de Allah e, portanto, merece que outros seres humanos se prostrem para ele? Ser resgatado de o castigo de Allah Allah disse no Qur’an: “Toda a alma provará o sabor da morte e, no Dia da Ressurreição, sereis recompensado integralmente pelos vossos atos; quem for afastado do fogo infernal e introduzido no Paraíso, triunfará. Que é a vida terrena, senão um prazer ilusório?” (3:185). Certamente, todo ser humano enfrentará a realidade da morte. Depois da morte, cada pessoa terá que se apresentar, frente a seu Senhor e deverá prestar contas de todos os seus atos. Para muitos, suas crenças, atitudes e ações os levarão a apenas a um destino: o castigo e a ira de Allah. Salvar-se desse destino é um dos maiores objetivos que uma pessoa pode alcançar. No Dia da Ressurreição a diferença entre os que creram e os que deixaram de crer será enorme. Veja como Allah descreve o que acontecerá neste dia. Allah disse: “Ó humanos, temei a vosso Senhor, porque a convulsão da Hora será logo terrível. No dia em que a presenciardes, casa nutriente esquecerá o filho que amamenta; toda a gestante abortará; tu verás os homens como ébrios, embora não o estejam, porque o castigo de Deus será severíssimo.” (22: 1-2). “Pois, quando for tocada a trombeta, Esse dia será um dia nefasto, Insuportável para os incrédulos.” (74: 8-10). Os incrédulos, devido às suas atitudes nesta vida e suas intenções de se comportarem sempre segundo a forma de vida que levam, privar-se-ão de tudo de bom que haverá nesse Dia. Allah não os beneficiará de forma alguma e nem sequer os olhará com complacência e aprovação. Como disse Allah, em mais de uma ocasião, sobre os incrédulos. “Aqueles que negociam o pacto com Deus, e sua palavra empenhada, a vil preço, não participarão da bem-aventurança da vida futura; Deus não lhes falará, nem olhará para eles, no Dia da Ressurreição, nem tampouco os purificará, e sofrerão um doloroso castigo.” (3:77). A complacência de Allah e o Paraíso na próxima vida A complacência de Allah e a felicidade da pessoa na próxima vida são o resultado mais importante que um verdadeiro muçulmano quer atingir. A próxima vida é a única vida real que devemos seguir. Mas, esta vida real só será desfrutada por aqueles que possam superar os baixos desejos desta vida mundana e, em seu lugar, busquem a complacência de Allah. Por isso o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Ninguém entrará no Paraíso, exceto que seja crente.” (Bukhari). Em outras palavras, essa vida tão magnífica e abençoada só será para aqueles que creram, praticaram o islam e purificaram suas almas, agradando, assim, a Allah, merecendo Sua bendita recompensa do Paraíso na próxima vida. Essa vida não será para aqueles que praticaram o mal e deram as costas à orientação de Allah. Allah recorda a todos os seres humanos quando diz: “Destinamos a morada, no outro mundo, àqueles que não se envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos tementes.” (28:83). De fato, Allah não apenas resgatará os crentes e as almas purificadas do castigo deste Dia, senão que também purificará todos os pecados que possam carregar, para que assim atinjam um estado apropriado para entrar no Paraíso. É uma bênção especial que só recebem aqueles que tiveram a intenção de se purificar com sua fé e boas ações nesta vida.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
XANGÔ
Religião Afro-brasileira. Umbanda. Livro Código de Umbanda. Por Rubens Saraceni (1951-2015). XANGÔ. Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão. Despertando nos seres o senso de equilíbrio e equidade, já que conscientizado e despertado para os reais valores da vida, a evolução se processa em um fluir contínuo. Falar do Orixá Xangô é dispensável por ser muito conhecido dos praticantes de Umbanda. Logo, limitamo-nos a comentar alguns de seus polos - qualidades, atributos e atribuições. O Trono Regente Planetário individualiza-se nos sete Tronos Essenciais, projetando-se energética, magnética e vibratoriamente. Criando sete linhas de forças ou irradiações bipolarizadas. Surgindo dois polos diferenciados em positivo e negativo, irradiante e absorvente, ativo e passivo, masculino e feminino, universal e cósmico. Uma dessas projeções é a do Trono da Justiça Divina, que ao irradiar-se, cria alinha de forças da Justiça, pontificada por Xangô e Egunitá - Divindade natural cósmica do Fogo Divino. Na linha elemental da Justiça, ígnea por excelência, Xangô e Egunitá são os polos magnéticos opostos. Por isso eles se polarizam com a linha da Lei, eólica por excelência. Logo, Xangô polariza-se com a eólica Iansã e Egunitá polarizar-se com o eólico Ogum. Criando duas linhas mistas ou linhas regentes do Ritual de Umbanda Sagrada. O Orixá Xangô é o Trono Natural da Justiça e está assentado no polo positivo da linha do Fogo Divino, de onde projeta e faz surgir sete hierarquias naturais de nível intermediário. Pontificadas pelos Xangôs regentes dos polos e níveis vibratórios da linha de forças da Justiça Divina. Estes sete Xangôs são Orixás Naturais. São regentes de níveis vibratórios, são multidimensionais e são irradiadores das qualidades, dos atributos e das atribuições do Orixá maior Xangô. Eles aplicam os polos positivos da justiça divina nos níveis vibratórios positivos e polarizam-se com os Xangôs cósmicos, aplicadores dos polos negativos da justiça divina. Como na Umbanda quem lida com os regentes dos polos são os exus e as pombagiras. Então não vamos comentá-los e nos limitaremos aos regentes dos polos positivos, que formam suas hierarquias de Orixás Auxiliares. Esses pontificam, na Umbanda, as linhas de trabalhos espirituais. Estes Xangôs, tal como todos os Orixás Regentes, possuem nomes mantras que não podem ser abertos ao plano material. Muitos os chamam de Xangô da Pedra Branca. Xangô Sete Pedreiras. Xangô dos Raios. Xangô do Tempo. Xangô da Lei etc. Enfim, são nomes simbólicos para os mistérios regidos pelos Orixás Xangôs. Só que quem usa estes nomes simbólicos não são os regentes dos polos magnéticos da linha de justiça, e sim os seus auxiliares que foram humanizados. Regendo linhas de caboclos que se manifestam no Ritual de Umbanda Sagrada comandando as linhas de Trabalhos de ação e de reação. Eles são os aplicadores "humanos" dos polos positivos da justiça divina. Os sete Xangôs, regentes dos polos magnéticos dos níveis vibratórios, são estes: 1º Xangô é o Xangô da Chama da Fé ou Xangô da Justiça Cristalina. Ele surge a partir do 1º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética cristalina, regida pelo Orixá Oxalá - Orixá da Fe. 2º Xangô é o da Chama do Amor ou Xangô da Justiça Mineral. Ele surge a partir do 2º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética mineral, regida pelo Orixá Oxum - Orixá do Amor. 3º Xangô é o da Chama do Conhecimento ou Xangô da Justiça Vegetal. Ele surge a partir do 3º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética vegetal, regida pelo Orixá Oxóssi - Orixá do Conhecimento. 4º Xangô é o da Chama da Justiça ou da Justiça Ígnea. Ele surge a partir do 4º polo magnético. Formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética ígnea, regida pelo Orixá Xangô - Orixá da Justiça. 5º Xangô é o Xangô da Chama Flamejante ou Xangô da Justiça Eólica. Ele surge a partir do 5º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética eólica. Regida pelo Orixá Ogum - Orixá da Lei. 6º Xangó é o da Chama da Evolução ou Xangó da Terra. Ele surge a partir do 6º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética telúrica. Regida pelo Orixá Obaluaiê - Orixá da Evolução. 7º Xangó é o da Chama da Geração ou Xangó da Justiça Aquática. Ele surge a partir do 7º polo magnético, formado pelo entrecruzamento da corrente eletromagnética aquática, regida pelo Orixá Iemanjá - Orixá da Geração. Estes sete Xangós naturais são regentes de polos magnéticos de níveis vibratórios multidimensionais e são os aplicadores dos polos positivos da justiça divina. Eles não incorporam sendo divindades regentes de níveis vibratórios. E são Orixás multidimensionais. Logo, se alguém disser: Eu incorporo o Xangô tal, com certeza está incorporando o seu Xangô individual, um ser natural de 6º grau vibratório ou um espírito reintegrado as hierarquias naturais por estes Xangós. Ninguém incorpora um Xangô regente de nível vibratório ou qualquer outro Orixá desta magnitude. O máximo que se alcança a nível de incorporação é um Orixá de grau intermediário. Mas, no geral, todos incorporam seu Orixá individual natural, ou um espírito reintegrado as hierarquias naturais, e portanto, um irradiador de um dos polos do seu Orixá maior. Temos na Umbanda os: Xangôs da Pedra Preta. Xangô dos Raios. Xangô das Pedreiras. Xangô das Cachoeiras. Xangô das Sete Montanhas etc. Todos eles são Orixás e regentes de subníveis vibratórios ou regentes de polos energo magnéticos cruzados por muitas correntes eletromagnéticas. Onde atuam como aplicadores dos mistérios maiores, mas já em polos localizados e subníveis vibratórios. E todos estes Xangôs auxiliares são regentes de imensas linhas de trabalhos, ação e reação. Ou não é verdade que temos caboclos da Pedra Branca, da Pedra Preta, das Pedreiras, das Sete Montanhas, do Fogo, dos Raios etc.? Meditem muito acerca do que aqui estamos comentando, pois, em se tratando de Orixás, é preciso conhecê-los a partir da ciência divina ou nos perdemos no abstracionismo e na imaginação humana. Reflitam bastante e depois consultem vossos mentores espirituais acerca do que aqui estamos ensinando, irmão em Oxalá. Oferenda: Velas Brancas, vermelhas e marrom. Cerveja escura, vinho tinto doce e licor de ambrosia. Flores diversas, tudo depositado em uma cachoeira, montanha ou pedreira. Água de Xangô pra lavagem de Cabeça - amaci. Água de cachoeira com hortelão macerada e curtida por três dias. Abraço. Davi
quarta-feira, 18 de junho de 2025
BHAGAVAD GITA - CANTO DO SENHOR. PREFÁCIO II
Hinduísmo. Srimad Bhagavad Gita - Canto do Senhor. Por Swami Vijoyananda. PREFÁCIO II. Por natureza um yogui é equânime, desapegado, misericordioso, sempre ativo e vive fazendo o bem a todos. Conhecedor do segredo da vida e da morte, unido definitivamente com Deus, sua presença santifica tudo. Só o verdadeiro yogui sabe que a vida e a morte são como borbulhas, flutuando no eterno oceano da imortalidade. O Gita é conhecido também como Brahma Vidia, o conhecimento do Supremo e como Moksha-Shastra, o tratado sobre a emancipação final. Ainda que o texto comece com a persuasão de Arjuna, para que cumpra com seu dever de liderar a causa da retidão, vemos em seguida que a mensagem de Sri Krishna é a Suprema Verdade. Os problemas tratados neste sagrado texto são essencialmente espirituais e as soluções dadas pelo Senhor nos preparam para a Verdade, só pela qual poderemos liberar-nos de nossa errônea identificação com o mundo relativo e transitório e recuperar nossa esquecida divindade. Sri Krishna responde claramente as perguntas de Arjuna sobre Deus, o ser individual, a vida ou a existência após a morte, a evolução, a matéria, a alma, o dever, etc., etc. Aqui o homem foi tratado como uma entidade integral; suas ações e seus pensamentos não podem ser separados de sua existência. Seu pensamento fugaz ou sua ação trivial não podem ser avaliados se não conhecemos a base de sua existência. Como qualquer ação sua, seu pensamento, expressado ou não, produz o efeito correspondente e se é egoísta o amara ainda mais a esta roda de nascimento, sofrimento e morte; o contrário o conduz à liberação. O propósito dos ensinamentos de Sri Krishna é eliminar as dúvidas e idéias ilusórias que oprimem ao homem em sua vida diária. Estas dúvidas, estas ilusões, irão só pela realização da Verdade; então o homem sentindo intimamente a presença de Deus em seu coração afrontará todos os problemas relacionados ao dever. O Gita declara que Deus é universal, que o universo é Sua manifestação. Disse Sri Krishna: “Suas mãos e pernas estão em toda parte; Seus olhos, cabeças e rostos estão em toda parte; Seus ouvidos estão em todos os pontos; Sua existência interpenetra e cobre tudo o que existe”. Ao mesmo tempo, para o necessitado que pede socorro, Deus é a misericórdia, a meta e o suporte; Ele é o Senhor e a eterna Testemunha de Sua própria manifestação; Ele é a morada de todos, o refúgio acolhedor e o Amigo. Disse Sri Krishna: “Sou a origem e o fim”. Deus é a força impessoal por trás do universo; Ele é a luz das luzes; é Sua a luz que está no sol, na lua e no fogo; é Ele o que ilumina o universo. Ele está no coração do homem como conhecedor e como o conhecimento; só à Ele conhece o homem em diversas formas e idéias. Ele suporta ao macrocosmo e ao microcosmo. Mas Sua verdadeira natureza é transcendental e está além da compreensão humana; só uma fração Sua está manifestada como o universo. Esta Suprema Consciência, esta existência transcendental, por Sua própria vontade aparece diante do homem e lhe diz: “Ó Kounteya, declara ao mundo que Meu devoto jamais perece”. Ele diz ao Seu devoto: “Aceito tudo o que Me ofereces com devoção, seja uma folha, uma flor, uma fruta ou ainda uma gota de água”. É a pura devoção que leva ao homem primeiro à Deus Pessoal e 6em seguida, purificando-o de toda limitação individual, o une com Deus Impessoal e o libera definitivamente da ignorância, do medo e da morte. Existem intelectuais que opinam que religião atua como ópio, que adormece ao homem e o faz esquecer a realidade da vida. À eles aconselhamos a cuidadosa leitura do Bhagavad-Gita sem idéias préconcebidas. Aqui o instruído encontrará que o Senhor recomenda ao aspirante espiritual a aço abnegada, contínua e incessantemente; esta ação é a que purifica o coração de um homem e ao mesmo tempo o salva de mais apegos. Somente as ações abnegadas produzem resultados bons e duradouros. A advertência de Sri Krishna para aqueles que confundem a vida espiritual com a inércia é: “Teu motivo para trabalhar não deve ser a ansiedade de obter o fruto da ação, nem dever aderir-te à inação”. A vida religiosa separada da vida diária é uma coisa estéril, algo sem sentido, talvez um adorno vistoso, uma ação sobreposta, um gesto de ostentação. Se o significado de ‘ser religioso’ é pertencer nominalmente a uma instituição religiosa, sem fazer o esforço de sentir a viva presença de Deus no coração, então toda sua ida aos templos foi em vão, toda sua leitura das escrituras sagradas foi inútil e sua vida de “parecer” teve muitas complicações. Freqüentemente estes religiosos, em seu afã de apresentar sua doutrina particular, se tornam fanáticos e inconscientemente causam a ruína e fazem sofrer aos demais. Apesar de tanta prédica religiosa, a maioria dos religiosos, vivendo uma vida afastada de Deus, não sentem a fraternidade humana porque não compreendem nem aceitam que Deus Pessoal ou Impessoal é sempre Universal e que todos os seres humanos são Sua manifestação. A inércia, a indolência e a inadvertência são os três inimigos mais poderosos do ser humano. São mais daninhos que a maioria dos atos pecaminosos. Sri Krishna queria salvar à Arjuna de seu desejo encoberto de escapar de seus deveres, com o pretexto de levar a vida pacifica de um ermitão. Como todos os homens estão convencidos da limitada idéia de individualidade, também o grande Arjuna pensava que não lutando poderia transformar imediatamente seu caráter de guerreiro e apagar de sua mente todas as impressões passadas. Com paciência Sri Krishna convenceu à Arjuna de que cumprindo desapegadamente com seu dever imediato de destruir aos inimigos que representavam a injustiça, entenderia melhor o ideal humano e para isso era melhor enfrentar a crua e desapiedada realidade. Ensinando à Arjuna o poder das ações passadas, Sri Krishna lhe diz: “Ó Kounteya, alucinado, o que não queres fazer agora, depois o farás mesmo assim, pois estás atado ao teu karma (impulso da vida passada), nascido de tua natureza”. Atuar ou cumprir desapegadamente o dever de cada um, segundo o ambiente em que nasceu, não é contraproducente na vida espiritual. Se o instrutor espiritual, cumprindo desapegadamente seu dever de ensinar se emancipa, o açougueiro que serve ao povo matando animais, cumprindo com seu dever sem apego, logrará idêntica emancipação. O verdadeiro inimigo da vida espiritual é a ignorância que nos fez esquecer que somos seres sempre livres e nos fez acreditar que somos limitados e mortais. 7Essa ignorância é a mãe do apego, do medo, da ilusão, da debilidade, da dependência e de todos os tipos de limitações. O dilema principal de Arjuna se apresentou com respeito ao dever. Quando no campo de batalha viu com seus próprios olhos, que entre os inimigos estavam seus parentes e amigos, até seu próprio instrutor, lhe surgiram as seguintes idéias: É necessário e benéfico cumprir com os deveres mundanos, quando produzem pesar e sofrimento à si mesmo e aos demais? Não seria melhor abandonar estes deveres e seguir o caminho da renúncia? Um momento antes, decidido, Arjuna havia ido disposto a lutar; um momento antes ele sabia muito bem quem eram seus adversários que, segundo ele, eram representantes da injustiça e colaboradores de seu primo havia usurpado o trono de seu irmão mais velho. Mas quando os viu frente a frente, Arjuna esqueceu seu dever, seu coração se encheu de medo e falsa compaixão e muito deprimido começou a falar com muita emoção, sentimento e raciocínio adequado. Através de suas palavras, aparentemente sábias, mas realmente egoístas, demonstrando seu grande apego, confusão e ilusão, Arjuna queria convencer Sri Krishna de que ele preferia a morte a matar aos seus inimigos. Mas o onisciente Sri Krishna viu a momentânea debilidade de Arjuna e por isso, quando este se sentou no carro de guerra e soluçando disse: “Ó Govinda, não vou lutar”, Sri Krishna lhe respondeu com firmeza: “De onde vem esta tua indigna debilidade, não-ariana, baixa e contrária ao logro da vida celestial? Você está lamentando-se pelos que não o merecem, no entanto falas como um sábio. Os verdadeiros sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos.” Sri Krishna não predicou à Arjuna o ideal dos estóicos, cumprir o dever só pelo dever; porém predicou que o cumprimento do dever tem um só propósito: purificar o coração para desfrutar da infinita bemaventurança da Presença Divina. Deus é imanente no universo, como a alma de todos os seres e objetos. Cumprir o dever equivale à adoração de Deus. Ao que considera o dever desta forma, pouco lhe molestam as idéias de êxito ou fracasso, ele desfruta como um instrumento vivente nas mãos de Deus e não sofre nem se desespera pensando de antemão em sua própria morte e na dos demais; seu conhecimento por estar em contato com Deus é uma ditosa percepção permanente. Ainda que o Gita seja um compendio de todas os yogas, no entanto Sri Krishna recomenda como disciplina espiritual o Karma yoga, o caminho da ação. Para o aspirante espiritual a ação deve ser abnegada, desapegada e sem esperar os frutos. Este tipo de ação destrói radicalmente todas as limitações do Ser. Viver significa atuar, pensar é atuar; pela ação o homem expressa a si mesmo. Sri Krishna disse: “Ó Partha, Eu não tenho nenhum dever que cumprir, não há nada nos três mundos que não haja logrado ou que Me falte lograr, no entanto, atuo constantemente”. Talvez seja possível para o egoísta retirar-se da ação, cobiçando o estado de inércia, mas para aquele que ama a humanidade não há descanso possível e por isso vemos que as Encarnações jamais deixam de atuar. Como não têm nenhum motivo pessoal, a ação para as 8Encarnações é dar curso à misericórdia que às vezes nos alenta e outras vezes nos corrige com severidade. Em troca o homem comum tem diferentes motivos. Segundo o motivo progride ou retrocede; quando trabalha para sua auto-satisfação, robustece seu egoísmo e inconscientemente retrocede, de modo gradual, à animalidade. Em troca, quando atua de forma abnegada, como instrumento de Deus, sabendo muito bem que o único ator é Deus, então todo sua ação é para agradar à Deus, seu Bem-amado. Toda ação ou pensamento egoísta forja um novo elo na grande corrente com que estamos atados à dolorosa existência deste mundo de nascimento e morte e todo ação ou pensamento dedicado a Deus, como uma ininterrupta adoração, rompe esta corrente, nos conduz à emancipação final, à ditosa união com Deus. O Karma yogui conhece o segredo da ação, é equânime, desapegado, não espera, nem aceita, nem rechaça o fruto da ação. Sri Krishna ensinou à Arjuna que qualquer ação pode ser feita como yoga, mesmo a ação de matar que objetivamente parece cruel, violenta e desapiedada, sempre que se faça como uma prática de yoga, sentindo-se como um instrumento de Deus, sem temor, sem esperar a vitória para si mesmo ou para uma comunidade particular e atuando só para estabelecer a Verdade, a retidão; estão, esta ação, em lugar de produzir demérito, purifica ao homem e o conduz à emancipação. Este mundo transitório de aparência, nome e forma está constituído de pares de opostos: bem e mal, prazer e dor, virtude e vício, calor e frio, vida e morte. Como a frente e o verso de uma mesma medalha, cada parte depende de sua contraparte. Nosso conhecimento ou percepção de qualquer idéia ou objeto deste mundo é indireto e comparativo; conhecemos ao homem comparando-o aos outros seres, sentimos o frio comparando-o com o calor. Não há dúvida de que o mundo é imperfeito. O muito desejado mundo perfeito é ilógico porque chegando à perfeição, o mundo se diluirá em sua origem: Deus. Tudo que é objetivo é imperfeito, só Deus, o Eterno Sujeito, é perfeito. Progresso significa a transformação do objeto no sujeito. Deus, o eterno imã, está nos atraindo continuamente, nosso dever é purificar-nos. O sábio hindu diz que nossa origem é Deus e que existimos em Deus. Deus, em seu estado manifestado, não perde Sua Divindade. No Bhagavad-Gita, Sri Krishna reforça a idéia do swa dharma, o dharma de cada um. A palavra dharma é difícil de traduzir. A religião, a retidão e o dever, nos dão certa idéia aproximada de seu significado. Dharma é o que suporta ao homem na vida e ao mesmo tempo o ajuda a realizar sua verdadeira natureza: a Divindade. O grande erro do homem é continuar considerando-se como um objeto composto de aspectos ou entes biológicos, fisiológicos e psicológicos. Para corrigir este grande erro, o homem necessita praticar o swa dharma. As tendências atuais de cada homem são o resultado de seus próprios pensamentos e ações em vidas passadas. Cada pensamento ou ação produz uma impressão que forma parte da natureza subconsciente do homem. Este estado subconsciente não se destrói com a morte física, este estado é o “eu” do homem. A 9atual encarnação do homem foi causada pelo impulso dessas impressões; são elas que determinam seu caráter, seu dever, sua idéia de religião, seu critério de bom e de mal, do correto e do injusto. Nenhum homem nasce com a mente absolutamente pura, mesmo o nascimento das encarnações demonstra que Elas, voluntariamente aceitam certa impureza. A diferença entre a individualidade da Encarnação e a de qualquer homem é que a Encarnação é sempre consciente de Seu estado universal e de Seu voluntário e momentâneo estado individual. Em troca, o homem comum é inconsciente de ambos estados. Terminada a missão com que vem ao mundo, a encarnação deixa Sua individualidade. Ao homem comum, ao princípio, custa muito desfazer-se de sua individualidade, mas logo o faz pela misericórdia Divina, que age como o grande destruidor da ignorância. A educação ou o impacto do ambiente ajuda ao homem a desenvolver as qualidades que ele mesmo fabricou e com as quais veio ao mundo. Seus pais são causas instrumentais, que lhe proporcionam o meio físico para dar curso ao seu dharma. Eles são como os ceramistas e a roda que dá forma ao vaso. Assim que o dharma de cada ser humano é a base de seu pensamento e ação; ele não pode desfazê-lo. Ir contra este dharma é criar confusão. Arjuna ficou confundido quando quis deixar o swa dharma do kshatriya, cujo dever é proteger aos corretos e destruir aos injustos. Sua confusão surgiu, quando esquecendo seu dharma, quis levar vida de ermitão. Tampouco devemos esquecer o outro aspecto do dharma, o que nos ajuda a realizar nossa Divindade, senão dharma significaria desapiedada fatalidade. A lição de Sri Krishna é que ninguém deve agir contra o swa dharma, o dever do ambiente em que nasceu. Cumprindo abnegadamente com o dever, o homem gasta o impulso com que nasceu e dedicando toda sua ação a Deus, não cria novos impulsos. Então compreende que o supremo dever é adorar a Deus. Diz Sri Krishna: “Renunciando a todos os deveres, refugie-se em Mim unicamente. Não te aflijas, Eu o salvarei de todos os pecados.” Abraço. Davi
segunda-feira, 16 de junho de 2025
O PECADO. OS PECADOS E O PECADOR
Cristianismo. Livro o Evangelho de Deus. Por Watchmann Nee (1903-1972). PREFÁCIO. Prefácio à Edição em Inglês. É do conhecimento dos leitores cristãos em todo o mundo que o irmão Watchman Nee foi especialmente encarregado pelo Senhor de ajudar os cristãos quanto à verdade da plena salvação de Deus. Na primavera de 1937, o irmão Nee deu uma série de vinte e seis mensagens sobre as verdades básicas do evangelho de Deus para a igreja em Xangai, China. Essas mensagens são o conteúdo dos volumes 28 e 29 de Obras Reunidas de Watchman Nee (The Collected Works of Watchman Nee). As questões abordadas são amplas, variando desde a condição pecaminosa do homem antes de ser salvo ao seu destino na era vindoura. No volume 28, o irmão Nee apresenta as particularidades da salvação de Deus, isto é, os pecados do homem; o amor, a graça e a misericórdia de Deus; a natureza da graça; a função da lei e a justiça de Deus; a obra de Cristo e do Espírito Santo na salvação de Deus; e a fé como o caminho da salvação. No volume 29, o irmão Nee trata detalhadamente das questões de segurança eterna da salvação e a maneira de Deus lidar com os pecados dos cristãos nesta era e na vindoura. Para ambas as questões, o irmão Nee apresenta respostas convincentes a partir da Bíblia e de como os cristãos atualmente entendem esses assuntos. As mensagens dessas séries foram proferidas pelo irmão Nee em chinês e manuscritas enquanto eram faladas. Essas notas foram traduzidas para o inglês e alteradas conforme necessário. Tanto quanto possível, o tom oral das mensagens foi preservado. Muitas ilustrações que o irmão Nee utilizou foram apreendidas de sua vida na China na época. Essas mensagens demonstram o comissionamento do Senhor para o nosso irmão e como o Senhor o equipou com a revelação de Sua Palavra. Que o Senhor abençoe ricamente todos os que lerem e virem essas verdades faladas pelo Senhor por meio de nosso irmão. Capítulo Um. O PECADO, OS PECADOS E O PECADOR. O Caráter desta Reunião — o Ensino do Evangelho. Hoje iniciamos uma série de reuniões de estudos bíblicos. Porém, antes de iniciarmos, gostaria primeiramente de dizer algumas palavras acerca da natureza destas reuniões. Não sei se há alguns aqui que estão conosco pela primeira vez. Alguns que vêm pela primeira vez acham muito difícil localizar nosso endereço. Muitos se queixam de que a rua onde nos encontramos é de difícil localização. Alguns até mesmo disseram que, apesar de estarem de fato sentados aqui, não sabiam como sair daqui após a reunião. Eles não sabiam que caminho tomar para chegar àquela loja de automóveis que viram enquanto vinham para cá, e não sabem como caminhar de lá para a parada de bonde ou para a parada de ônibus. Muito embora estivessem aqui, não estavam seguros e dificilmente poderiam lembrar-se do caminho pelo qual vieram. Esse é o caso de muitos cristãos em sua vida cristã. Se você lhes perguntar se creem no Senhor, eles dirão que sim. Porém, se lhes perguntar como foi que creram, eles dirão que não têm certeza. Eles não têm clareza alguma acerca da maneira pela qual foram salvos. As reuniões que teremos agora não são um reavivamento nem reuniões de evangelização. E, embora o assunto dessas reuniões seja o evangelho, elas não são reuniões de evangelização. Não estaremos pregando o evangelho desta vez; em vez disso, estaremos ensinando o evangelho. Por que precisamos ensinar o evangelho? Muitos foram salvos e se tornaram cristãos, mas ainda não sabem como se tornaram cristãos. O que vamos fazer hoje é dizer às pessoas como é que elas se tornaram cristãs. Em outras palavras, estamos dizendo-lhes que elas tomaram o sentido sul a partir da Rua Aiwenyi e caminharam diretamente para aquela loja de automóveis que viram, que dali viraram para Wende Lane onde estamos agora. Deram alguns passos em direção à janela do nosso salão de reuniões, viraram na entrada do nosso salão e caminharam até um cesto de lixo à porta do salão de reuniões e, em seguida, entraram no salão. Desta vez não estaremos persuadindo as pessoas a entrar; pelo contrário, estaremos dizendo-lhes como entraram. Se aqui houver alguns que não creram no Senhor, podem ficar desapontados. O que vamos fazer desta vez é mostrar aos que creram como é que creram. Alguns irmãos e irmãs podem ter muita clareza do evangelho; talvez até já saibam sobre o que estamos falando. Porém espero que o Senhor nos abençoe e nos conceda nova luz. Você precisa saber que estas reuniões são de estudo bíblico e destinam-se aos que creram, mas não sabem como creram. Dessa vez não estou tentando encorajá-lo ou reavivá-lo. Estou simplesmente lhe mostrando a direção. Em outras palavras, nessas reuniões nada mais sou do que um guia turístico. O Pecado, Os Pecados, O Pecador. Começarei com um princípio muito básico com respeito ao evangelho. Contudo, espero que a cada reunião avancemos um pouco. Nesta primeira reunião, nosso tema é um assunto que a maioria das pessoas não gosta de ouvir, mas é inevitável. Nosso assunto nesta reunião é o pecado, os pecados e os pecadores. A Bíblia dá muita atenção à questão do pecado. Somente quando tivermos clareza acerca do pecado é que poderemos compreender a salvação. Se quisermos conhecer sobre o evangelho de Deus e sobre a salvação de Deus, primeiro precisamos saber o que é o pecado. Devemos ver inicialmente como o pecado nos afetou e como nos tornamos pecadores. Só então teremos clareza da salvação de Deus. Vamos primeiro considerar o ABC. Precisamos ver o que é pecado, o que são pecados e quem é pecador. A Diferença entre Pecado e Pecados. Podemos facilmente dizer que a diferença entre pecado e pecados é que pecado é singular e pecados é plural. Entretanto, precisamos distinguir claramente entre pecado e pecados. Se você não consegue diferenciar os dois, será impossível ter clareza da sua salvação. Se uma pessoa não tem clareza da diferença entre pecado e pecados, mesmo que seja salva, sua salvação provavelmente é uma salvação obscura. Que é pecado de acordo com a Bíblia? E que são pecados? Permitam-me dar uma breve definição primeiro. Pecado refere-se àquele poder dentro de nós que nos motiva a cometer atos pecaminosos. Pecados, por outro lado, refere-se aos atos pecaminosos individuais, específicos, que cometemos exteriormente. Que é pecado? Não gosto de utilizar termos tais como “pecado original”, “a raiz do pecado”, “a fonte do pecado” ou similares. Estes termos são criados por teólogos e são desnecessários para nós agora. Seremos simples e consideraremos essa questão a partir da nossa experiência. Sabemos que há algo dentro de nós que nos motiva e nos obriga a ter certas inclinações espontâneas, que nos induz para o caminho da concupiscência e paixão. De acordo com a Bíblia esse algo é o pecado (Romanos 7:8, 16-17). Todavia, não há somente o pecado interior que nos obriga e induz, há também os atos pecaminosos individuais, os pecados, os quais são cometidos exteriormente. Na Bíblia, os pecados estão relacionados com a nossa conduta, enquanto o pecado está relacionado com a nossa vida natural. Pecados são os cometidos pelas mãos, pelos pés, pelo coração, e mesmo por todo o corpo. Paulo refere-se a isso ao falar dos feitos do corpo (Romanos 8:13). Então, que é o pecado? O pecado é uma lei que controla nossos membros (Romanos 7:23). Existe algo dentro de nós que nos leva a pecar, a cometer o mal e esse algo é o pecado. Se quisermos fazer uma distinção clara entre pecado e pecados, há uma parte nas Escrituras que precisamos considerar. São os primeiros oito capítulos do livro de Romanos. Esses oito capítulos mostram-nos o significado pleno do pecado. Nesses oito capítulos encontramos uma característica notável: do capítulo 1 ao 5:11, somente a palavra pecados, no plural, é mencionada; a palavra pecado, no singular, jamais é mencionada. Mas, de 5:12 até o final do capítulo oito, o que encontramos é pecado, não pecados. Do capítulo 1 até 5:11, Romanos mostra-nos que o homem tem cometido pecados diante de Deus. De 5:12 em diante, Romanos mostra-nos que tipo de pessoa o homem é diante de Deus: um pecador. Pecado refere-se à vida que possuímos. Antes de Romanos 5:12 nenhuma menção há de mortos sendo vivificados, pois o problema ali não é que alguém precise ser vivificado e, sim, que os pecados individuais que alguém cometeu precisam ser perdoados. De 5:12 em diante, temos a segunda seção. Aqui vemos algo forte e poderoso dentro de nós como uma lei em nossos membros, que é o pecado, que nos induz e obriga a cometer os pecados, os atos pecaminosos. Por isso há necessidade de sermos libertados. Os pecados têm a ver com a nossa conduta, e para isso a Bíblia mostra-nos que precisamos de perdão (Mateus 26:28; Atos 2:38; 10:43). Porém, o pecado é o que nos incita, induz-nos a cometer os atos pecaminosos. Por isso, a Bíblia mostra-nos que precisamos de libertação (Romanos 6:18, 22). Certa vez encontrei um missionário que falava sobre “o perdão do pecado”. Imediatamente levantei-me, apertei sua mão e perguntei: “Onde na Bíblia se diz ‘perdão do pecado’?” Ele argumentou que existiam muitos casos. Quando lhe perguntei se podia encontrar um para mim, ele disse: “Que você quer dizer? Não é possível encontrar nem sequer um lugar que diga isso?” Eu disse-lhe que em toda a Bíblia, em nenhum lugar são mencionadas as palavras o perdão do pecado; em vez disso, a Bíblia sempre fala de “perdão de pecados”. Os pecados é que são perdoados, não o pecado. Ele não acreditou em minhas palavras, então foi procurar em sua Bíblia. Finalmente me disse: “Sr. Nee, é tão estranho. Toda vez que essa frase é usada, um pequeno s é adicionado a ela”. Creio que você pode ver que os pecados é que são perdoados, não o pecado. Os pecados são exteriores a nós. Eis por que precisam ser perdoados. Contudo, algo mais está dentro de nós, algo forte e poderoso que nos leva a cometer pecados. Para isso precisamos não de perdão, mas de libertação. Precisamos ser libertados. Tão logo não estejamos mais sob seu poder e nada tenhamos a ver com ele, estaremos em paz. A solução para os pecados vem do perdão. Entretanto, a solução para o pecado vem quando não estivermos mais debaixo do seu poder e não tivermos mais nada a ver com ele. Os pecados estão relacionados com as nossas ações e são cometidos um por um. Eis por que precisam ser perdoados. O pecado, porém, está dentro de nós e precisamos ser libertados dele. Portanto, a Bíblia nunca diz “perdão do pecado”, mas “perdão dos pecados”. Tampouco a Bíblia fala sobre ser “libertado dos pecados”. Posso assegurar-lhes que a Bíblia nunca diz isso. Pelo contrário, a Bíblia diz que somos “libertados do pecado”, em vez de libertados dos pecados. A única coisa da qual precisamos escapar e ser libertados é daquilo que nos incita e nos induz a cometer pecados. Essa distinção é feita de modo bastante claro na Bíblia. Posso comparar os dois desta forma: De acordo com a Bíblia, o pecado está na carne; enquanto os pecados estão na nossa conduta. O pecado é um princípio dentro de nós; é um princípio da vida que temos. Os pecados são atos cometidos por nós; são atos em nosso viver. O pecado é uma lei nos membros. Os pecados são transgressões que cometemos; são atividades e atos reais. O pecado está relacionado com o nosso ser; os pecados estão relacionados com o nosso agir. Pecado é o que somos; pecados é o que fazemos. O pecado está na esfera da nossa vida; os pecados estão na esfera da consciência. O pecado está relacionado com o poder da vida que possuímos; os pecados estão relacionados com o poder da consciência. Uma pessoa é governada pelo pecado em sua vida natural, mas ela é condenada em sua consciência pelos pecados cometidos exteriormente. Pecado é algo considerado como um todo; pecados são coisas consideradas caso a caso. O pecado está no interior do homem; os pecados estão diante de Deus. O pecado requer que sejamos libertados; os pecados requerem que sejamos perdoados. Pecado diz respeito à santificação; pecados se relacionam com a justificação. Pecado é uma questão de vencer; pecados é uma questão de ter paz no coração. O pecado está na natureza do homem; os pecados estão nos hábitos do homem. Figurativamente falando, o pecado é como uma árvore e os pecados são como o fruto da árvore. Podemos tornar essa questão clara com uma simples ilustração. Ao pregar o evangelho, frequentemente comparamos o pecador a um devedor. Todos sabemos que ser devedor não é algo agradável. Contudo devemos lembrar que uma coisa é alguém ter dívidas; e outra coisa é ter disposição para contrair dívidas. Uma pessoa que toma empréstimos seguidas vezes não se importa tanto com o fato de usar dinheiro alheio. A Bíblia diz que os cristãos não devem ser devedores (Romanos 13:8); eles não deveriam tomar emprestado dos outros. Uma pessoa com tendência a tomar emprestado pode pedir duzentos ou trezentos dólares de alguém hoje e, depois, dois ou três mil dólares de outro amanhã. E mesmo que seja incapaz de pagar suas dívidas e seus parentes ou amigos tenham de pagá-las por ele, após uns poucos dias ele começará a pensar em pedir emprestado novamente. Isso mostra que tomar emprestado é uma coisa, mas ter tendência para o empréstimo é outra. Os pecados descritos na Bíblia são como débitos exteriores, enquanto pecado é como o hábito e a disposição interiores, é como a mente que tem a inclinação de tomar emprestado facilmente. Uma pessoa com tal mente não irá parar de tomar emprestado simplesmente porque alguém pagou seus débitos. Pelo contrário, ela pode até mesmo tomar emprestado ainda mais, porque os outros agora estão pagando suas dívidas. Essa é a razão de Deus não tratar apenas com o registro dos pecados, mas também com a inclinação para o pecado. Podemos ver a importância de lidar com os pecados, mas é igualmente importante lidar com o pecado. Somente ao vermos ambos os aspectos é que o nosso entendimento sobre nossa salvação será completo. Quem é Pecador? Agora precisamos fazer a pergunta: Quem é pecador? Creio que alguns dos irmãos aqui são cristãos por mais de vinte anos. Alguns até mesmo têm trabalhado pelo Senhor por mais de quinze anos. Minha pergunta pode ser considerada como um dos ABC’s da Bíblia. Quem é pecador? Creio que muitos responderão que pecador é alguém que peca. Se verificar no dicionário, temo que seja esta a resposta que você obterá: pecador é o que peca. Porém, se ler a Bíblia, terá de rejeitar esta definição, porque não é que os que pecam sejam pecadores, mas pecadores são os que cometem pecados. Que significa isso? Muitos entre nós leram o livro de Romanos. Ouvi muitos dizerem que Paulo, para provar que no mundo todos são pecadores, mencionou no capítulo três que todos pecaram e carecem da glória de Deus (v. 23). Deus busca justos e não encontra nenhum; Ele procura os que O entendam e que O buscam, e não encontra nenhum; todos mentiram e se extraviaram (vs. 10-13). Portanto, parece que Paulo está dizendo que no mundo todos são pecadores. Mas seja cuidadoso. Não seja rápido demais para dizer isso. Será que Romanos 3 menciona de fato o pecador? Se alguém puder encontrar a palavra pecador em Romanos 3, eu irei agradecer-lhe por isso. Onde pecador é mencionado neste capítulo? Por favor, repare que pecador nunca é citado aqui. Alguns dizem que por Romanos 3 falar sobre o homem pecando, isso prova que o homem é um pecador. Contudo, Romanos 3 não menciona o pecador. É Romanos 5 que fala sobre o pecador. Portanto, precisamos fazer a distinção: Romanos 3 fala sobre o problema dos pecados e Romanos 5 fala sobre o problema do pecador. Tudo o que Romanos 3 nos diz é que todos pecaram. Somente em Romanos 5 é dito quem são os pecadores. Todos que nasceram em Adão são pecadores. Isso é o que Romanos 5:19 nos diz. Se ler a J. N. Darby’s New Translation (Nova Tradução da Bíblia de J. N. Darby), você verá que ele usou as palavras tendo sido constituídos pecadores. Todos somos pecadores por constituição. Ao escrever um currículo, há dois itens que você deve colocar. Um é o seu local de nascimento e outro é a sua profissão. De acordo com Deus, somos pecadores por nascimento, e por profissão somos os que pecam. Por sermos pecadores por nascimento, seremos sempre pecadores, quer pequemos ou não. Certa vez eu estava conduzindo um estudo bíblico com os irmãos em Cantão. Disse-lhes que existem dois tipos de pecadores no mundo — os pecadores que pecam e os pecadores morais. Entretanto, quer seja um ou outro, você ainda é um pecador. Deus diz que todos os que nasceram em Adão são pecadores. Não importa que tipo de pessoa você seja; uma vez que foi gerado em Adão, é um pecador. Se você peca, é um pecador que peca. E se você não pecou ou para ser mais preciso, se você pecou menos, é um pecador moral ou um pecador que peca pouco. Se é uma pessoa nobre, você é um pecador nobre. Se se considera santo, você é um pecador santo. Em qualquer caso, ainda é um pecador. Hoje, o maior engano entre os homens é considerar um homem como pecador somente porque ele pecou; se não pecou, ele não é considerado um pecador. Porém, não existe tal coisa. Pecando ou não, desde que seja homem, você é pecador. Desde que tenha nascido em Adão, você é pecador. Um homem não se torna pecador porque peca; pelo contrário, ele peca porque é pecador. Portanto, meus amigos, lembrem-se da Palavra de Deus. Somos pecadores; não nos tornamos pecadores. Não precisamos nos tornar pecadores. Certa vez eu falava com um irmão. Havia uma garrafa térmica em frente a ele, e ele disse: “Aqui está uma garrafa térmica. Se ela orar: ‘Eu quero ser uma garrafa térmica’, que acontecerá?” Eu disse: “Ela já é uma. Não precisa ser uma”. O mesmo ocorre conosco, uma vez que sejamos algo, não há necessidade de nos tornarmos este algo. Embora nossos pecados sejam perdoados, permanecemos pecadores. Podemos até chamar-nos de pecadores perdoados. Mas muitos acreditam que não mais são pecadores. Acham que se afirmarmos que somos pecadores, isso significa que não conhecemos o evangelho tão bem. Isso pode não ser toda a verdade. Paulo não disse que seus pecados não foram perdoados. Mas ele disse que era um pecador (1 Timóteo 1:15). Você viu a diferença aqui? Se perguntasse a Paulo se os pecados dele foram perdoados, ele não poderia ser tão humilde a ponto de dizer não. Mas Paulo poderia humildemente dizer que é um pecador. Ele não poderia negar a obra de Deus nele. Contudo, ele tampouco poderia negar sua posição em Adão. Embora tenhamos recebido a graça em Cristo, Deus não removeu completamente o problema do pecado; nós ainda somos pecadores. O problema do pecado não será plenamente solucionado até que o novo céu e a nova terra apareçam. Entretanto, isso não significa que não tenhamos recebido uma salvação completa. Não me entendam mal. Em poucos dias trataremos desse ponto. O que devemos ver clara e corretamente é que toda pessoa no mundo é um pecador. Quer tenha pecado ou não, uma vez que seja um ser humano, você é um pecador. Quando alguns ouvem o evangelho, gastam o tempo todo pensando em quantos ou quão poucos pecados têm cometido. Mas diante de Deus há somente uma questão: Você está em Cristo ou em Adão? Todos os que estão em Adão são pecadores, e desde que seja um pecador, nada mais precisa ser dito. Por que, então, Paulo teve de dizer-nos em Romanos 1, 2 e 3 sobre todos os pecados que o homem comete? Estes poucos capítulos mostram-nos que pecadores pecam. Os primeiros três capítulos de Romanos provam que um pecador é conhecido pelos pecados que comete. Romanos 5, porém, diz-nos que tipo de pessoa um pecador na verdade é. Uma vez fui a Jian, em Kiang si, e uma noite encontrei um irmão que é guarda de segurança. Ele não acreditou que eu fosse um pregador e um obreiro do Senhor. Ali estava um problema. Sou um obreiro do Senhor e um servo de Cristo, mas ele não acreditava. Portanto, eu tinha de provar a ele quem eu era. Dei-lhe muitas provas. Por fim ele acreditou. Da mesma maneira, nós já somos pecadores. Mas não nos foi provado. Os três primeiros capítulos de Romanos provam que somos pecadores. Eles nos dão as evidências. Mostrando-nos que pecamos de tais maneiras, esses capítulos provam-nos que somos pecadores. O capítulo cinco diz que somos pecadores, mas os três primeiros capítulos provam que somos pecadores. Deixe-me relatar outra história. Em Fukien, havia alguns ladrões e sequestradores que haviam sido cristãos, ainda que fosse somente de nome. Embora fossem ladrões e sequestradores, a consciência deles ainda estava de certa forma um tanto sensível; quando percebiam que haviam sequestrado um pastor ou um pregador eles o libertavam sem resgate. Pouco a pouco, quando alguém era sequestrado dizia que era pregador ou pastor desta ou daquela denominação. Que fizeram os ladrões? Após algum tempo, eles descobriram uma maneira. Toda vez que alguém se dizia ser um pastor, os ladrões pediam-lhe que recitasse os dez mandamentos, a oração do Senhor, e as bem-aventuranças. Os que conseguissem recitar deviam ser pastores e, assim, deixavam-nos ir. Ouvi essa história recentemente e achei-a muito interessante. Se você fosse um pastor, tinha de provar. Os ladrões exigiam que aquelas pessoas lhes provassem que eram pastores. Da mesma forma, Deus quer provar-nos que somos pecadores. Sem nos provar isso, podemos esquecer quem somos nós. Esse é o motivo de Romanos 1—3 enumerar todos aqueles pecados. É para nos mostrar que somos pecadores. Após tantos fatos apresentados ali, foi-nos provado que somos pecadores. Portanto, nunca se deve pensar que são os muitos pecados que nos fazem pecadores. Já faz muito tempo que somos pecadores. Não nos tornamos pecadores após estes pecados serem cometidos. Precisamos estabelecer este fundamento claramente. Hoje você pode sair à rua, encontrar qualquer um, tomá-lo pela mão e dizer-lhe que é pecador. Se ele disser que não pode ser um pecador porque não assassinou ninguém ou não ateou fogo na casa de ninguém, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca matou ninguém nem ateou fogo na casa de ninguém. Se alguém lhe diz que nunca roubou nem cometeu fornicação, você pode dizer-lhe que ele é um pecador que nunca roubou nem cometeu fornicação. Não importa quem encontre, você pode dizer que ele é um pecador. Em todo o Novo Testamento, somente Romanos 5:19 nos diz quem é pecador. Todos os outros lugares no Novo Testamento nos dizem o que o pecador faz. Somente este único lugar nos diz quem o pecador é. Um pecador pode fazer um milhão de coisas, mas não são essas coisas que o constituem pecador. Uma vez que seja nascido em Adão, ele é pecador. Próximo O Maior Pecado. Abraço. Davi
sexta-feira, 13 de junho de 2025
BHAGAVAD GITA - O CANTO DO SENHOR. PREFÁCIO i
Hinduísmo. Srimad Bhagavad Gita - Canto do Senhor. Por Swuami Vijoyananda. PREFÁCIO I. O Bhagavad-Gita, ou Canto do Senhor, pertence à grande epopéia Mahabharata dos hindus. Este texto sagrado tem dezoito capítulos (25 a 42) do Bhisma-Parva desta epopeia. Também o chamam Gita ou Canto porque é um diálogo em verso entre Sri Krishna, a Encarnação Divina e Arjuna. O Gita é um dos mais importantes textos espirituais do mundo. O hindu instruído, culto e de temperamento espiritual lê este texto com profunda reverência e encontra através de seus versos sua pergunta respondida, sua dúvida dissipada, recobrado o seu ânimo e claro e iluminado o seu caminho; e assim prossegue com passos seguros sua marcha ao seu Ideal de vida. Sri Krishna, o instrutor do Gita, é o amigo ideal, o sábio preceptor, o grande yogui, o guerreiro invencível, o conhecedor perfeito, o estadista consumado da época; em sua pessoa todas as belas qualidades humanas estão harmonizadas. O fato de que este texto muito sagrado tenha como marco o campo de batalha, chama a atenção de muitos leitores, especialmente ocidentais, que sincera, mas desfavoravelmente, criticam a personalidade de Sri Krishna como Encarnação Divina. Dizem: Como é possível que a Encarnação de Deus instigue a seu melhor amigo a levantar seu arco e matar as pessoas? Como Deus, o misericordioso, pode ser a causa direta ou instrumental da matança? Isto necessita certo esclarecimento. Antes de tudo compreendamos uma coisa com toda claridade: Sri Krishna jamais disse à Arjuna que matasse a todos inimigos por algum fim pessoal; Ele o fez recordar seu dever de kshatriya, o guerreiro que protege a causa da retidão e justiça. Os adversários de Arjuna eram adictos de seu primo, que havia usurpado o trono de seu irmão mais velho. Esse primo havia tentado matá-los e lhes havia dito que teriam que reconquistar o trono no campo de batalha. Assim que não era o momento de demonstrar sua compaixão a estes injustos e ser morto por eles, dando-lhes a oportunidade de propagar a injustiça e a irreligiosidade. Muito diferentemente do que professam os crentes ocidentais, especialmente os cristãos, o hindu acha muito razoável a idéia de que Deus se encarne no corpo humano tantas vezes como sinta ser necessário. No Gita lemos: “Toda vez que declina a religião e prevalece a irreligião, Me encarno de novo.” Sem nos perdermos nas infrutíferas discussões dogmáticas das diferentes escolas de teologia, nas quais a lógica e o bom senso estão subordinados às opiniões sectárias, vamos ouvir o que diz o hindu em apoio de seu conceito sobre a Encarnação. Diz: Deus impessoal e sem qualidades é um conceito tão sumamente elevado que a maioria dos 2seres humanos não podem nem compreender nem sentir. Só pouquíssimos seres, que se liberaram de todo tipo de desejos e necessidades, que superaram a vida objetiva, que pela absoluta pureza de coração e pela devoção, dedicando seu corpo, mente e alma a Deus, puderam apagar completamente a diferença entre eles e seu Bem-amado Deus e assim gozar da suprema bem-aventurança do estado da beatitude, só eles podem dizer, por sua realização, que Deus é Impessoal; porque neste estado já não existe o conceito de personalidade, nem subjetiva nem objetivamente. Mesmo estes bemaventurados seres, ao baixar de seu elevado estado de supra-consciência, aceitam que Deus Impessoal é também pessoal como Ser Universal. Ele é tudo, o que existe objetivamente é Sua manifestação; Ele está em todos os seres animados e inanimados. O resto da humanidade, os que vivem a vida de necessidades e sua satisfação, para quem a individualidade é a realidade, necessitam de um exemplo objetivo, um ser humano que com sua vida pura e absolutamente abnegada e por sua realização espiritual se uma definitivamente com o Princípio Divino e viva como a própria figura da misericórdia e declare, com sua autoridade, a existência de Deus. Essa personificação humana da divindade é a Encarnação, que vive de época em época “para proteger aos bons, destruir aos maus e restabelecer a Eterna Religião.” Ninguém sabe a data exata da criação deste mundo ou de sua aparição como um processo evolutivo da natureza, a qual nada faz mecanicamente. A natureza é inteligente e todas as suas modificações levam a marca desta inteligência. O hindu diz que a natureza, individual e coletiva, é deus em manifestação; a natureza é parte do Onipresente. Tampouco conhecemos exatamente quando apareceu pela primeira vez o homem sobre esta terra. Todas as datas que propõem os antropólogos e outros homens de ciência são aproximadas, são conjecturas. Hoje é muito arriscado opinar que nossos irmãos de sete ou oito mil anos atrás eram menos avançados que nós em conceitos morais e espirituais. Os Upanishads, os textos de yoga, o sistema do samkhya, demonstram que os seres humanos daquela época, ainda que vivessem com menos artigos de luxo, tinham conceitos espirituais muito elevados. Alguns deles já sabiam que Deus é Universal, que Deus é Existência-Conhecimento-Bem-aventuranças Absoluta, que Deus é Pessoal e Impessoal; sabiam que o homem, pelo caminho do controle interno e externo pode gozar da Bem-aventurança eterna pela misericórdia divina; sabiam que todo o sofrimento humano é devido a que o homem ignora sua própria natureza divina. De maneira que não podemos dizer que o homem, antes da era cristã, não necessitou nem teve a benção da presença das Encarnações. É ilógico, insensato e dogmático dizer que antes da aparição de Jesus Cristo a raça humana não recebia a graça divina e que com a Encarnação de Deus no corpo de Jesus se abriu, pela primeira vez, a porta da salvação. Salvação é ser consciente da eterna presença de Deus. Além disso, o hindu diz que, como todas as ideias e normas, as da Religião prosperam também, durante certo tempo e depois decaem, as pessoas afastadas de 3seu Ideal, se tornam egoístas e mesquinhas, se esquecem de amar à Deus e à seu próximo, vivem a vida puramente sensual, de luta e competição. Quando se generaliza este estado, certos amantes da Divindade rogam fervorosamente pela salvação de seus irmãos ignorantes e a misericórdia se condensa em uma forma humana. Este fato místico, esta manifestação de Puro Amor, ocorreu antes e ocorrerá no futuro. Em qualquer parte do mundo, para o homem comum, a religião consiste só em cumprir alguns deveres morais. O dever varia segundo o ambiente e posição social da pessoa. Aparentemente o dever do pai é bem diferente do dever do filho. O dever de um rei ou governante de um povo é velar com zelo pelo bem-estar físico, moral e espiritual de cada pessoa do povo. Esta magna tarefa se cumpre com êxito quando o governante leva uma vida abnegada e dedicada. Se seu povo é atacado por inimigos, ele tem que derrotá-los sem considerações e se for necessário, oferecer sua própria vida no campo de batalha. Este é seu dever primordial, esta é sua religião. Por esta ação abnegada, o rei ou governante se purifica de suas limitações e se aproxima de Deus. Através do cumprimento do dever o homem consciente, o homem que não vive uma vida egoísta e puramente sensual, descobre que a felicidade é mais apreciável que o momentâneo prazer, que se goza mais fazendo felizes aos demais, que jamais esteve separado do resto da humanidade, que a felicidade moral é muito mais duradoura que a alegria corpórea e que o homem como Ser é sempre universal. A individualidade é um conceito puramente objetivo. Mesmo o homem comum, de mentalidade limitada, quando pensa em si mesmo, o faz em relação com seus familiares ou parentes imediatos, o que demonstra que, subjetivamente, ele jamais pode limitar-se nesta forma que é vista pelos outros; o homem subjetivamente é sempre o reflexo do Universal, é um aspecto indivisível da Divindade. As pessoas comuns têm muitas idéias confusas sobre o conceito do dever; estas confusões não se aclaram enquanto o homem leva uma vida objetiva; enquanto a opinião alheia, o anelo de ganhar méritos, de receber o elogio das pessoas, a ostentação, o logro do prazer sensório e o medo, constituírem o motivo ou motivos de suas ações e pensamentos. Este medo, ainda que pareça um paradoxo para muitos, é o principal impulso na vida. Este medo nos persegue de diversas maneiras: medo da opinião pública, medo de perder os bens, a reputação, a posição social, os familiares e o medo da morte. Este medo fabricou a ilusória individualidade, nos tem amarrados a ela e nos obriga a crer que somos criaturas de nascimento, juventude, velhice e morte. Freqüentemente vemos que o homem, confundido e assustado, fala demasiado de valor, compaixão e desapego que ele realmente não sente nem demonstra nos fatos. Algo muito parecido aconteceu à Arjuna no campo de batalha e, justamente por isso, Sri Krishna lhe deu conselhos apropriados sobre o dever, o yoga, a renúncia, os diversos caminhos espirituais e a liberação. O Bhagavad-Gita não é um tratado de teologia, nem um livro de orações devocionais e nem um texto de um sistema filosófico. Este 4sagrado texto, de forma sintética, ilumina a consciência humana, aclara os complexos problemas sobre o dever, o propósito da vida, a diferença entre o amor e o apego, a ciência do yoga, a prática da devoção e do difícil caminho do discernimento pelo qual, o homem de renúncia, logra o conhecimento direto do UM sem segundo, a Existência-Conhecimento, Bem-aventurança Absoluta. Lendo este livro, aquele que realmente tenha inquietude espiritual, descobre com assombro e certa alegria que muitas, senão todas, as perguntas de Arjuna, são ou poderiam ser as suas e que certas respostas de Sri Krishna retiram todas suas dúvidas, lhe dão ânimo e convicção, lhe preparam para seguir firmemente o caminho espiritual e fazem eco ao dito final de Arjuna: “Me sinto firme, minhas dúvidas desapareceram. Cumprirei Tua ordem.” Temos que advertir ao nosso leitor, se é um aspirante espiritual, sobre algo muito importante. Será muito difícil compreender o verdadeiro significado deste texto se não possui de antemão os imprescindíveis requisitos da vida espiritual. Antes de tudo, deve ter a capacidade de discernir entre o Real e o irreal; depois deve ter a firme determinação de renunciar à irrealidade; deve possuir as seis virtudes seguintes: controle dos sentidos, controle da mente, fortaleza para suportar as aflições, saber retirar-se dos objetos e conceitos que o perturbam no caminho espiritual, fé inquebrantável na própria capacidade e na existência divina, concentração e por último, o anelo de liberar-se desta irreal existência objetiva, deste conjunto de ideais e formas transitórias. Sem tais requisitos, a leitura deste texto espiritual não servirá muito ao nosso leitor. Talvez lhe ajude algo em sua carreira de erudição, agregando outra flor em sua cesta de ecletismo. O leitor deve saber muito bem que a vida de “parecer” é absolutamente distinta e contrária à vida de “ser” e que unicamente pelo caminho de “ser”, da sinceridade e retidão, se compreende a grande importância da vida espiritual. A espiritualidade ou religião transforma totalmente a vida; a leitura dos tratados espirituais não é para satisfazer uma mera curiosidade intelectual, seu propósito é levantar ao homem de seu equivocado e pernicioso estado animal e fazêlo recordar constantemente sua natureza divina, prepará-lo para viver uma vida de plenitude e ao final conduzi-lo à união completa com Deus, seu verdadeiro Ser. Os caminhos a este magno e único ideal são vários. Os hindus os chamam de “yogas”. Os principais yogas são quatro: Karma yoga ou yoga da ação, Raja yoga ou yoga do controle interno e externo, Bhakti yoga, ou yoga da devoção e Jñana yoga ou yoga do conhecimento do Supremo. Yoga também significa “união”, o que nos une com Deus. De maneira que yoga é ao mesmo tempo a base e o grande Ideal de todas as religiões. Os grandes sábios, santos e profetas de todas as religiões foram, são e serão yoguis; em suas vidas notamos a maravilhosa fusão das belas qualidades humanas com a divindade universal. Um verdadeiro yogui transcendeu as limitações individuais, personifica ao Conhecimento e seus sentimentos são universais; através de sua personalidade transparente a Divindade chega a nós diretamente. Abraço. Davi