sábado, 10 de maio de 2025

O NASCIMENTO DO BUDA - SUA JUVENTUDE E SEU CASAMENTO

Budismo. Livro O Evangelho de Buda. Vida e Doutrina de Sidarta Gautama. Por Yogi Kharishnanda. O Príncipe Sidarta alcança o Budado. 1. O NASCIMENTO DO BUDA. Havia em Kapilavastu um rei sákia, firme em seus propósitos e reverenciado pelos homens, um dos descendentes de Ikchvaku, chamado Suddhodana. Sua esposa, Mayadevi, era maravilhosamente bela, como um lírio aquático e de coração tão puro quanto o lótus. Qual rainha do céu, vivia na Terra, imaculada e pura de desejos. Seu real marido a reverenciava pela sua santidade, e o espírito da Verdade desceu sobre ela. Quando compreendeu que a hora de ser mãe estava próxima, pediu ao rei que a levasse à casa de seu pai. Suddhodana, atencioso para com sua esposa e pelo filho que ia nascer, atendeu, feliz, a esse pedido. Quando Mayadevi atravessava o jardim de Lumbini, chegou a hora. Preparou-se então um leito sob uma alta árvore com um enorme tronco, e a criança nasce no alvorecer do dia, radiante e perfeita. A feliz notícia chegou ao palácio e o rei Suddhodana mandou que levassem ao jardim de Lumbini o palanquim de cores refulgente para transportar o recém-nascido. Então os anjos, os Lípicas que anotam as ações dos homens, ocultando o seu angélico esplendor sob humildes roupas de carregadores, desceram dos mundos superiores para segurar os varais do palanquim. O rei Suddhodana, porém, que ignorava a presença dos quatro anjos na Terra. Receou presságios funestos que só findaram no momento em que seus adivinhos previram que o menino seria um príncipe dominador do mundo e dotado dos sete dons celestiais. Naquele tempo, o rishi - literalmente revelador. Trata-se de um santo sábio ou iluminado, cantor ou poeta de divina inspiração. Rishi Asita levava no bosque uma vida de eremita. Era um brâmane de cabelos grisalhos, cujos ouvidos há muito tempo estavam cerrados às coisas da Terra e percebiam somente os sons celestiais. Estando ele em oração sob a árvore baniana, ouviu os cânticos entoados pelas devas - anjos, em louvor ao nascimento de Buda. Pela sua idade e pelos jejuns que fazia, Asita era afamado tanto pela sua sabedoria como pela sua habilidade de interpretar os desígnios humanos e fazer profecias. Por isso, o rei o convidou pra ver a régia criança recém-nascida. Quando o velho contemplou o príncipe, chorou e suspirou profundamente. O rei, ao ver as lágrimas de Asita, perguntou-lhe assustado: O que o Senhor viu em meu filho que lhe causou tanto sentimento e tanta mágoa? Mas o coração de Asita transbordava de felicidade, e reconhecendo que o rei estava preocupado, respondeu-lhe: Oh rei, qual a Lua em sua plenitude. Sua majestade deve sentir viva alegria, porque gerou um filho de maravilhosa nobreza. Não adoro o Brahma, porém adoro este menino, que os próprios deuses abandonaram seus templos para virem adorá-lo. Afaste todo temor e toda dúvida. Os presságios espirituais indicam que o recém-nascido libertará o mundo. Todavia, lembre-se de que sou velho e não pude reter as lágrimas, pois o meu filho se aproxima. O seu filho governará o mundo. Nasceu para o bem de toda criatura e de todo ser vivente. A pureza de sua doutrina se assemelhará à margem que recebe o náufrago. Seu poder de meditação será como o frescor de um lago, e toda criatura inflamada no ardor da luxúria se tranquilizará espontaneamente. Sobre o fogo da concupiscência se estenderá a nuvem da compaixão, apagando-a com a chuva da Lei. Ele abrirá as pesadas portas do desespero, e livrará todas as criaturas da trama das redes que elas mesmas teceram com sua loucura e ignorância. O rei da Lei apareceu para libertar da escravidão os pobres, os miseráveis e os desesperados. E prostrando-se diante do berço da criança, Asita exclamou: Oh criança! Eu adoro você. Você é Ele. Vejo a rosada luz impressa na planto dos pés, o suave desenho da suástica, os 32 sagrados signos capitais e os 80 secundários. Você será Buda. Pregará a Lei e salvará a todos os que a aprenderem. Não o ouvirei, porque estou próximo da morte. E dirigindo-se ao rei, Asita acrescentou: Sabe, oh rei, que este seu filho é a Flor da árvore humana, que só produz uma flor após miríades de anos. Contudo, quando aberta, enche o mundo com o aroma da Sabedoria e o mel do Amor. Depois, disse a rainha: E a senhora, doce rainha, amada dos deuses e dos homens. Devido a este magno acontecimento, já está sagrada demais para continuar sofrendo. Como a vida é sofrimento, daqui a sete dias chegará sem dor ao fim da dor. Quando o rei e a rainha ouviram essas palavras de Asita, ficaram felizes em seus corações e deram ao menino que acabara de nascer o nome de Savarthasiddh, que quer dizer: completa prosperidade ou êxito feliz. Num diminutivo carinhoso e familiar o chamaram Sidharta. Então, a rainha disse à sua irmã Pradjapati A mãe que deu a luz um futuro Buda não terá outro filho. Eu abandonarei logo este mundo, o rei meu esposo e meu filha Sidarta. Quando eu não mais existir, seja você a mãe dele. E Pradjapati, chorando, prometeu isso a ela. Na sétima noite, a rainha Mayadevi dormiu sorrindo e não despertou mais do seu sono. Passou feliz ao seu Trayastrinshas, onde inúmeráveis devas adoram e servem a radiante Mãe. Quando a rainha morreu, Pradjapati tomou o menino Sidarta e o educou. E assim como pouco a pouco brilha cada vez mais a luz da Lua, a régia criança cresceu dia a dia em corpo: a Verdade e o amor residiam em seu coração. 2. SUA JUVENTUDE E CASAMENTO. Quando o príncipe Sidarta completou 18 anos, o rei mandou construir para ele três magníficos palácios. Um de madeira de cedro, quente, para o inverno. Outro de mármore betado, para o estio e o outro de ladrilhos cozidos para o outono. Ao redor desses palácios floresciam amenos jardins regados de alegres arroios e soalhados de formosos bosquezinhos com lindo caramanchões, onde Sidarta passava horas felizes. Sua vida era saudável e em suas veias corria sangue jovem. Logo, porém, as sombras do tédio obscureceram a alegria do príncipe, como se algo lhe faltasse para completar esse bem-estar. O rei consultou seus ministros e o mais ancião deles lhe respondeu: O amor curara esse leve descontentamento. Seu coração virgem deve ser entretido com o feitiço da graça feminina. Que sabe este jovem da formosura, o que sejam os encantadores lábios, ou os olhos que jogam o céu no esquecimento? Una o com uma esposa porque facilmente um cabelo de mulher ata melhor os pensamentos que nem cadeias de bronze poderiam sujeitar. E o rei replicou: Se lhe buscarmos esposas, o amor seguramente escolherá com outros olhos, e se lhe apresentarmos um jardim de belezas para que escolha a flor que mais o agrade, receberá com doce sorriso o gozo que ignora. O ministro retrucou: O rei deve ordenar um festival em que as donzelas do reino desfilem em graça e juventude nos famosos desportes dos sakias. Que o príncipe outorgue o prêmio à formosura, e quando as vencedoras passarem em frente do seu trono, notaremos se alguma consegue desvanecer a persistente tristeza de seu semblante juvenil. Desse modo poderemos escolher para o amor com os próprios olhos do amor. O rei aceitou esse conselho, e, consequentemente, a partir do dia seguinte os pregoeiros convidaram donzelas formosas para participarem do concurso de beleza que se celebraria no palácio. Onde o príncipe distribuiria prêmios, um objeto de arte para cada uma, e um de maior valor para a mais formosa. As donzelas de Kapilavastu diante do trono, com os olhos fixos no chão, sem se atreverem a erguê-lo. Chegou a última, a jovem Yasodhara. Os que estavam junto ao príncipe viram que ele pareceu ficar perturbado quando a radiante jovem, cujas formas pareciam esculpidas no céu, se aproximou. Seu ar era como o da deusa. Parpati, seus olhos como o de uma corça na estação do amor, e seu rosto de inefável encanto. Foi a única que ousou olhar o príncipe de frente, com as mãos cruzadas sobre o peito e erguido o gracioso colo. A donzela perguntou-lhe sorridente: Há prêmio para mim? O príncipe respondeu-lhe: Acabaram-se. Porém, toma este em compensação, querida irmã, porque de sua graça se orgulhará toda a nossa ditosa cidade. Dito isso, o príncipe tirou o seu colar de esmeraldas e colocou o fio de contas verdes no pescoço da jovem. Seus olhos se encontraram e desse olhar brotou o amor. Yasodhara era filha de Suprabuda, monarca do reino vizinho, e segundo a lei dos sákias, quando alguém pedia em casamento uma mulher de nobre estirpe, tinha que demonstrar sua destreza nas artes da guerra e em torneios contra os demais pretendentes. Sidarta venceu todos seus rivais nas provas de arco, espada e de corrida hípica. O rei Suprabuda disse então a Sidarta: Nosso coração desejava ver você alcançar o prêmio, porque você é o preferido. Todavia, como conseguiu aprender em meio a uma vida calma e sonhadora o que outros não conseguiram aprender na caça nem na guerra, nem nas porfias do mundo? Receba, oh príncipe, o tesouro a que fez jus. A essas palavras a amável jovem levantou-se de seu assento e, passando entre a multidão, pegou uma grinalda de jasmins. Cobriu sua fronte com o véu preto salpicado de ouro e aproximou-se de onde estava Sidarta. A jovem, cujo semblante irradiava a alegria celeste de um amor feliz, inclinou-se diante do príncipe e, apoiando a cabeça no peito de Sidarta, prostou-se aos seus pés, dizendo com os olhos radiantes de felicidade: Amado príncipe. Olhe-me. Sou sua. o rei Suddhodana deu a eles o belo palácio de Vishramavan. Abraço. Davi


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