Budismo. Livro O Evangelho de Buda. Vida e Doutrina de Sidarta Gautama. Por Yogi Kharishnanda. PREFÁCIO. Da Lua cheia de maio de 1954 à Lua cheia do mesmo mês de 1966, realizou-se na república da União de Burma - atual Myanmar - o Sexto Grande Congresso Budista, sendo o 60º dos congressos desde a fundação do Budismo. Tratou-se de um acontecimento histórico notável. A ele compareceram dois mil representantes de povos budistas, dos mais eruditos, com a finalidade principal de estudar, comparar, corrigir ou aprovar textos doutrinários. O primeiro congresso foi realizado pouco depois da morte de Buda, sob os auspícios do Rei Ajatasattu, do norte da Índia. O segundo Grande Congresso teve lugar no ano 443 a.C., apoiado pelo Rei Kalasoka. O terceiro, sob o patrocínio do Imperador Asoka, foi celebrado no ano 308 a.C. O quarto, em Ceilão - atual Sri Lanka, entre os anos 29 e 13 a.C., quando pela primeira vez foram escritos os textos que antes eram preparados de memória. O quinto Grande Concílio foi efetuado em Mandalay - Burma, no ano de 1871, sob o rei Mindon, quando os textos foram escritos em 729 lusas de mármore. Com a técnica moderna de impressão e vulgarização, e o substancial auxílio prestado pelo Palamento da República de Burma - atual Myanmar. O Sexto Grande Congresso foi de inigualável eficiência e sua difusão teve uma amplitude jamais alcançada no passado. Manifestando sua descrença nos processos simplesmente materiais adotados pelos povos e governos para solucionar os problemas que afligem a humanidade. Justificando sua assistência ao referido Congresso, o Parlamento Burmense proclamou sua firme crença de que esses processos proporcionaram aos povos uma solução meramente parcial de seus proclamas. Levando a cabo outras medidas, que visassem ao bem-estar moral e espiritual do homem e o ajudassem a vencer a avareza, o ódio e o engano. As inveteradas raízes de toda violência, destruição e conflagração que consomem o mundo. Essas raízes foram assinaladas por Buda em sua época. Outra não é ainda hoje a opinião de todos os que, como nós, sentem que a ausência de princípios espirituais sadios na conduta dos indivíduos tem sido a maior fonte proliferadora de seus desatinos e sofrimentos. Esse foi o sentimento que nos levou a promover a publicação deste pequeno Evangelho dos ensinos fundamentais de Gautama Buda. Figura ímpar entre os mais aureolados instrutores espirituais que a humanidade conheceu. Suma Majestade tem se agigantado e projetado ao compasso da marcha dos séculos tormentosos, qual rutilante Sol por sobre densas e encapeladas nuvens. Somente esse fato bastaria para comprovar a veracidade e segurança de sua doutrina. Pois só a verdade pode resistir ao embate destruidor do tempo. A essência dos ensinamentos de Buda se acha condensada em três livros ou coletâneas, chamados os cânones budistas - Tripitakas - cuja idade se pode fixar, de maneira geral, no século IV a.C., e possivelmente na época do grande Instrutor. O primeiro - Vinaya Pitaka - atribuído aos primeiros budistas. Tratando da disciplina ou Sangha. O segundo - Sutta Pitaka - se refere as Pregações Leigas, ou às regras pra os sacerdotes e ascetas. O terceiro - o Abidhama, condensa dissertações filosóficas e metafísicas, também instruções a respeito da meditação - Dhyana. Foi dessa fonte, sobre a qual têm se debruçado e abeberado tantos e tão notáveis sábios e Orientalistas. Que o autor dessa obra colheu os preciosos ensinamentos e informações que ele denominou "O Evangelho de Buda". Com feliz maestria procurou amoldar a mentalidade Ocidental num estilo simples e elegante. O fato de ter sido também um Oriental, e acima de tudo, de ter podido aprender, assimilar e viver a cultura Oriental em sua mais pura nascente. Foi capacitado, naturalmente, para penetrar até o âmago dos ensinamentos budistas. Sentindo assim todo o seu calor, luz e dinamismo, pra formar uma verdadeira antologia do que há de mais magnífico, essencial e inspirador na vida do venerando sábio que um terço da humanidade adora. Neste formoso livro existem, por certo, frases que pertencem totalmente ao seu autor, mas é inegável que elas exalam o mesmo perfume da fonte que as inspirou e visam acomodar alguns ensinos que demais metafísicos à inteligência Ocidental, não raro objetiva e prática em excesso. Mas o fundamental e o espírito das ideias expostas em toda a obra são nitidamente budistas. Ou seja, práticos, lógicos e enquadrados num impecável bom-senso, que é a sua característica dominante. Para muitos poderá ser um poderoso foco de inspiração em sua vida moralmente atribulada, e para outros constituirá um pequeno, mas bem-acabado vestíbulo que os conduzirá ao interior da nave de uma das mais esplêndidas e antigas filosofias do mundo. Esse livro foi escrito tendo em vista esse objetivo, e tem sido traduzido para várias línguas das mais cultas, tendo encaminhado muitas almas para o caminho da retidão, do dever e do amor a todas as criaturas viventes. Eis o motivo de sua publicação, agora, em nosso idioma. Abraço. Davi.
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