segunda-feira, 20 de outubro de 2025

O CAMINHO DA MEDITAÇÃO

Hinduísmo. Srmad Bhagavad Gita - O Canto do Senhor. O CAMINHO DA MEDITAÇÃO. Capítulo VI. 1– Disse o BENDITO SENHOR: Aquele que cumpre com seu dever e não deseja o fruto de suas ações é um monge e também um karmayogui e não aquele que não trabalha nem cuida do sagrado fogo (O símbolo da Divindade, com o qual antigamente todo indo-ariano fazia seu culto). 2– Sabe, ó Arjuna, o que é chamado renúncia é idêntico à yoga porque ninguém pode ser um yogui sem renunciar ao desejo pelo fruto da ação. 3– Para o sábio que quer ser um yogui, a ação é o meio e para aquele estabelecido no yoga, a inação é o meio (para permanecer absorto no Supremo). 4– Quando já não se tem apego aos objetos sensórios e nem às ações, se diz que se alcançou o yoga. 5– Uma pessoa deve erguer-se por si mesmo e nunca se rebaixar, porque é (pode ser) amigo de si mesmo e também inimigo de si mesmo. 6– Para aquele que conquistou a si mesmo, seu ser é seu amigo, em troca para aquele sem controle, seu próprio ser é seu inimigo. 7– O homem sereno e de autocontrole, sempre está absorto no Supremo e se mantém igual no calor e no frio, no prazer e na dor, na honra e na desgraça. 8– É um yogui bem estabelecido aquele que logrou a satisfação pelo conhecimento e pela realização, que é firme em sua convicção, que tem seus sentidos controlados e considera de igual valor a um torrão de terra, a uma pedra e a uma peça de ouro. 9– Sobressai aquele que tem igual consideração para o amigo, o benfeitor, o inimigo, o neutro, o árbitro, o odioso, o parente, o bom e o mau. 10– Com seu corpo e mente dominados, livre de desejos e de bens e vivendo sozinho, retirado de todos, o yogui deve praticar constantemente a concentração mental. 11-12– Em um lugar limpo deve preparar um assento firme, nem muito alto nem muito baixo e depois de cobri-lo com erva kusha, uma pele de cervo e um lenço, deve sentar-se sobre ele. Em seguida, controlando as atividades sensórias e mentais mediante a concentração, deve praticar o yoga para lograr a purificação mental. 13-14– Mantendo as costas, o pescoço e a cabeça bem firmes e endireitados, deve fixar o olhar na ponta do nariz sem olhar em outra direção; em seguida, bem sereno e sem medo, praticando continência e disciplina mental e pensando sempre em Mim como sua suprema meta, deve permanecer absorto em Mim. 15– Desta maneira, pela constante concentração, o yogui logra absoluto domínio sobre sua mente e sua paz culmina na beatitude final, na união comigo. 16– Ó Arjuna, aquele que come muito ou come muito pouco, aquele que dorme muito ou dorme muito pouco, não logra o yoga. 17– Aquele que é moderado na comida, na diversão, na ação, no sono e quando está desperto, alcança o yoga que destrói o sofrimento. 18– Quando a mente bem controlada descansa só no Atman e se está livre do desejo pelos prazeres, então se diz que logrou o yoga. 19– A chama fixa de uma vela em um lugar sem vento é o exemplo da mente controlada de um yogui que praticou a concentração no Atman. 20-23– O estado no qual a mente, controlada pela prática da concentração, permanece quieta, no qual se goza de seu próprio Ser vendo-o com a mente pura e no qual, mediante o intelecto, realiza a bem-aventurança infinita que está além de toda percepção sensória, se chama yoga. Estabelecendo-se Nele, não se afasta da Realidade; alcançando-o, todo o resto parece ínfimo. Quando se está firme neste estado, mesmo os maiores sofrimentos não podem comovê-lo. Este yoga, que não tem nenhum contacto com o pesar, deve ser praticada com ânimo e convicção. 24-25– Abandonando completamente todos os desejos nascidos da fantasia e impedindo, só com a mente, que os sentidos se dirijam aos objetos em todas as direções e com o intelecto regulado pela concentração, pouco a pouco, deve-se lograr a quietude e assim estabelecendo a mente no Atman, não se deve pensar em outra coisa (deve praticar a absorção total no Supremo). 26-27– Em qualquer parte que encontre vagando a esta intranquila e vacilante mente, freando seus movimentos, se deve trazê-la sob o domínio do Ser. A bem-aventurança suprema chega ao yogui identificado com Brahman, cuja atividade se aquietou, cuja mente está tranquilizada e cujas paixões estão sossegadas. 28– O yogui que é completamente livre das manchas do apego e que constantemente controla a mente dessa maneira, com facilidade alcança a bem-aventurança infinita do contacto com Brahman. 29– Aquele cuja mente está absorta pela prática do yoga e é equânime, vê ao Atman em todos os seres e a todos os seres em seu próprio Ser. 30– Aquele que Me vê em tudo e vê tudo em Mim, não me perde nunca e Eu não o abandono jamais. 31– Aquele que estando unido com todos adora a Mim que resido em todos os seres, qualquer que seja sua ocupação, este yogui vive em Mim. 32– Ó Arjuna, o melhor yogui é aquele que considera ao prazer e a dor de todos os seres como se fossem seus. 33– Disse Arjuna: Ó Madhusudana (Krishna), este yoga que tu descreves como equanimidade, eu não vejo como pode ser permanente, devido à intranquilidade da mente. 34– Pois a mente, Ó Krishna, é intranquila, turbulenta, poderosa e obstinada. Parece-me que é tão difícil de controlar como o vento. 35– Disse o BENDITO SENHOR: Sem dúvida, ó tu de braços poderosos, a mente é intranqüila e difícil de controlar, no entanto, ó Kounteya, pode ser controlada mediante a repetida prática e o desapego. 36– Minha opinião é de que a pessoa cuja mente não está controlada, dificilmente logra este yoga, em troca, o homem de autocontrole, que faz o esforço segundo os meios (aconselhados) pode lográ-lo. 37– Disse Arjuna: O que acontece a uma pessoa que tem shraddha (fé), mas carece de determinação e não consegue lograr a perfeição no yoga (antes de morrer), devido à que sua mente vaga por toda parte? 38– Ó Krishna, Tu de poderosos braços, (este homem) perdido no caminho de Brahman, caindo de ambos (conhecimento e karmayoga) e sem suporte, não perecerá como uma pequena nuvem desprendida (de uma grande massa de nuvens). 39– Ó Krishna, Tu deves tirar de mim está dúvida completamente, porque ninguém além de Ti pode fazê-lo. 40– Disse o BENDITO SENHOR: Realmente, ó Partha, não há destruição para este homem nem aqui e nem no além, porque, meu filho, o benfeitor jamais termina mal. 41-42– Aquele que caiu do yoga (que não alcançou a perfeição) vai à esfera dos justos; depois de viver ali durante longo tempo, renasce em uma família de pessoas puras e prósperas ou renasce em uma família de sábios karma yoguis. Na realidade um nascimento assim é muito difícil de conseguir. 43– Então entra em contacto com o conhecimento adquirido na vida passada e se esforça mais do que antes para lograr a perfeição, ó Kourava! 44– Este homem, ainda assim, é levado à sua meta só pela força de suas práticas anteriores. Mesmo um mero investigador sobre o yoga é superior aos que fazem cultos. 45– Certamente, o yogui que pratica assiduamente, se purifica de suas faltas e aperfeiçoando-se durante várias vidas, ao final logra a meta suprema. 46– O yogui (karmayogui) é considerado superior aos ascetas, aos homens de conhecimento e às pessoas de ação; por isso seja um yogui. 47– Segundo Minha opinião, de todos os yoguis, sobressai aquele que com fé Me adora com toda sua mente absorta em Mim. Abraço. Davi

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